Vaccari começou a vida junto com Lula e Berzoini na Bancoop, que ceifou o sonho da casa própria de milhares de trabalhadores.
A Polícia Federal abriu mais uma frente de investigação na Operação Lava
Jato para apurar se investimentos feitos por fundos de pensão de
estatais em empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef foram negociados
pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Dois fundos, o Petros, dos empregados da Petrobras, e o Postalis, dos
Correios, aplicaram R$ 73 milhões e perderam praticamente todo o
investimento. Vaccari nega ter participado desses negócios.Segundo a
polícia, parte do dinheiro foi para uma consultoria usada por
Youssef para repassar propina de empreiteiras e fornecedores da
Petrobras a políticos do PT e de outros partidos que apoiam o governo da
presidente Dilma Rousseff no Congresso.
E-mails encontrados pela PF em computadores de pessoas ligadas a Youssef
sugerem que Vaccari ajudou os operadores do doleiro a fazer contato com
o Petros em 2012, quando o grupo tentava captar recursos para o
Trendbank, empresa que administra fundos de investimento.Um desses fundos quebrou no fim do ano passado, deixando um rombo de
cerca de R$ 400 milhões e causando prejuízos aos fundos de pensão e a
outros investidores.
Segundo os e-mails, o elo entre Vaccari e Youssef era Enivaldo Quadrado,
um operador do mercado financeiro que foi condenado pelo Supremo
Tribunal Federal por ter distribuído dinheiro do mensalão no início do
governo Lula e que mais tarde passou a trabalhar para o doleiro.Em
fevereiro de 2012, um executivo do Trendbank, Pedro Torres, disse a
Quadrado que precisava falar sobre o Petros. Três dias depois, Quadrado
respondeu por e-mail: "Falei hoje com João Vaccari sobre Petros, vamos
ter reunião com os caras dia 28/02".
A PF interpretou a frase como uma conquista de Quadrado: "Vale ressaltar
que houve tentativas por parte de Quadrado de trazer [...] outros
fundos de previdência, entre eles [...] o Petros" para os investimentos
do doleiro, diz um relatório.
O Trendbank investiu boa parte do dinheiro que captou em papéis podres
de empresas fantasmas ligadas a Youssef, apontado pela PF como chefe de
um bilionário esquema de lavagem de dinheiro.Essas empresas ofereciam como garantia aos investidores contratos de
prestação de serviços com empreiteiras, mas a PF concluiu que tudo não
passou de uma fraude.
Duas dessas empresas, a Rock Star Marketing e a JSM Engenharia e
Terraplanagem, que receberam mais de R$ 100 milhões dos recursos
aplicados pelo Trendbank, repassaram ao menos RS$ 1,5 milhão em 2010 à
MO Consultoria, firma controlada por Youssef. Segundo o Ministério Público Federal, os recursos repassados à MO eram
propina, já que a empresa não prestava os serviços pelos quais recebia.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que foi preso em março
junto com Youssef e há um mês passou a colaborar com as autoridades,
apontou Vaccari como um dos recebedores de propina do esquema de
Youssef. Vaccari esteve na sede de uma empresa do doleiro, a GFD, um mês antes de
a PF deflagrar a Operação Lava Jato. A GFD era a empresa usada por
Quadrado para captar recursos dos fundos de pensão. O tesoureiro disse
em agosto que conhece Youssef e foi à GFD, mas não revelou o motivo da
visita.
BLOG DO CORONEL
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