MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 28 de setembro de 2014

Sessão para deficientes visuais deixa céu 'ao alcance das mãos' em Vitória


Planetário de Vitória adaptou projeto para atender público especial.
Novidade foi inaugurada nesta segunda-feira (22).

Naiara Arpini Do G1 ES
Leandro se surpreendeu com a 'lua' (Foto: Naiara Arpini/ G1 ES)Leandro se surpreendeu com a 'lua' (Foto: Naiara Arpini/ G1 ES)
Ter o céu ao alcance das mãos, poder conhecer o terreno irregular da lua, ou o caminho traçado pelo sol não é mais tarefa de um astronauta sonhador qualquer. Com um pouco de imaginação e criatividade, a viagem pelo espaço pode acontecer em um lugar mas acessível e sem nem precisar sair do chão: no Planetário de Vitória. Com o intuito de atender deficientes visuais e pessoas com baixa visão, uma sessão do Planetário foi adaptada e agora dá aos que não podem enxergar o céu, a oportunidade de senti-lo. A novidade foi inaugurada nesta segunda-feira (22).
Para atender deficientes visuais, foram desenvolvidos vários materiais didáticos exclusivos. Na sessão “Universo ao alcance das mãos”, os visitantes assistem a um teatro de sombras baseado no livro "As Estrelas e o Telescópio", do escritor Monteiro Lobato. As cenas são acompanhadas de uma espécie de áudio descrição, que situa os visitantes na história.
Depois do teatro, os participantes podem aprofundar o entendimento com  um livro tátil para pessoas com deficiência visual; um livro adaptado para pessoas com baixa visão (ambos inspirados no teatro das sombras); dois painéis táteis em alto-relevo e em alto-contraste visual, explicando as fases da lua; cinco placas em alto-relevo representando a evolução tectônica do planeta Terra; dois globos táteis, um com os continentes da Terra em alto-relevo e outro com o interior do planeta e uma caixa simulando o nascer e o pôr do Sol (dia e noite).
A professora especializada Rosane Tristão, responsável por desenvolver o projeto, destacou a importância da iniciativa. “Não adianta nós termos um espaço acessível, com rampa, por exemplo, se o conhecimento não é acessível a todos”, disse. Ela contou que tudo foi muito bem pensado para que os visitantes pudessem compreender a sessão em sua totalidade.  "Esses conteúdos precisaram ser adaptados para que cegos e deficientes visuais pudessem acompanhar a sessão junto de quem é vidente. O maior desafio foi adaptar as informações sobre astronomia que são projetadas no teto da cúpula e no teatro de sombras em objetos táteis", contou.
Maquetes e objetos com texturas ajudam na compreensão (Foto: Naiara Arpini/ G1 ES)Maquetes e objetos com texturas ajudam na
compreensão (Foto: Naiara Arpini/ G1 ES)
Inquieto, o simpático Leandro Alves, de 16 anos, nem parece ser deficiente visual. Enquanto brincava e implicava com os demais colegas, ele contou que pertence ao grupo que ajudou a adaptar a sessão para os deficientes visuais. “Primeiro a gente participou da sessão não adaptada e aí fomos ajeitando, falando o que dava pra entender ou não. Agora, depois de adaptado, tá cheio de coisa que antes a gente não tinha como entender”, disse.
Para ele, a principal surpresa foi descobrir que da Terra só podemos ver uma “parte” da lua. “Peguei a lua (objeto pertencente à sessão que reproduz a forma e a textura do satélite) e vi que de um lado ela era toda irregular, cheia de buracos. De outro, estava lisa. Perguntei e aí me explicaram que é porque só dá para ver um lado da lua”, explicou.
Para Pedro Henrique, de 14 anos, a experiência ajudou a entender melhor o que ele já aprende em sala de aula. “Antes não tinha como saber direito como é. Na sessão adaptada dá pra entender, então vou chegar na escola e ter um entendimento melhor”, contou.  Rafaela da Silva, de 14 anos, tem baixa visão, pois enxerga apenas com um dos olhos, e contou com as maquetes para ativar a memória. “Não lembrava que a lua tinha quatro fases”, disse, referindo-se às diferentes formas da lua, que foram exemplificadas em uma espécie de painel em alto relevo.

A pedagoga Bernardete Sessa, que é voluntária no Instituto Braile, ressaltou a função do projeto. “Tem uma importância fundamental na inclusão. Em muitos casos, a inclusão total ainda está muito longe de existir”, disse.
Funcionários do Planetário e participantes da sessão aprovaram a ideia (Foto: Naiara Arpini/ G1 ES)Funcionários do Planetário e participantes da sessão aprovaram a ideia (Foto: Naiara Arpini/ G1 ES)

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