por
Lilian Machado
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
A chapa da
oposição baiana, liderada pelo candidato ao governo Paulo Souto (DEM), o
vice Joaci Góes (PSDB) e o postulante ao Senado, Geddel Vieira Lima
(PMDB), deve voltar a explorar a denúncia de caixa dois de campanha pelo
PT, feita pela dirigente do Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, no
programa do horário eleitoral gratuito.
Essa perspectiva surgiu ontem após a decisão favorável
do juiz eleitoral Wanderley Gomes, numa contraposição à determinação do
magistrado anterior, Claudio Cesare, que proibiu a coligação Unidos pela
Bahia de usar qualquer aspecto do caso nas inserções eleitorais da TV.
A novidade veio logo depois da entrevista coletiva,
realizada pelos candidatos oposicionistas e pelo prefeito ACM (DEM), com
o objetivo de questionar o posicionamento judicial anterior. Eles
acusaram Césare de emitir censura prévia, ferindo o artigo 42, da lei
eleitoral 9.504.
O DEM havia usado o escândalo, mas na última
quinta-feira o magistrado, que segundo revelou a oposição, é genro de
Jorge Hage, ministro-chefe da Controladoria Geral da União, indicado
pela presidente Dilma Rousseff (PT), havia vetado a peça publicitária e
outras relacionadas ao tema.
Na interpretação de Wanderley Gomes, o colega teria se
excedido ao coibir “todas as propagandas” que associassem o nome do
candidato da coligação Pra Bahia Mudar Mais, Rui Costa (PT), às
denúncias de Dalva. “Sugere, a princípio, que tenham sido ultrapassados
os limites do pedido formulado do Mandado de Segurança” feito pelo PT.
Dessa forma, não será usada a mesma peça, mas há chance de outras em torno do assunto serem veiculadas.
Ontem, o jurídico da chapa da oposição ingressou no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com uma reclamação constitucional,
alegando que a decisão de Cesare descumpria o que determina a lei
eleitoral.
O democrata disse que a proibição impacta também a
opinião pública, que não pode ser ter cerceada a sua liberdade. “Não
podemos veicular em nossa propaganda uma notícia feita por uma revista
nacional, numa postura de censura, com inegáveis prejuízos para a
opinião pública”.
Souto também falou da inviabilidade da denúncia do porte
ser investigada pela Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a
Administração Pública (Dececap). Segundo ele, isso abre suspeição sobre o
uso do caso pelo governo.
“Ninguém mais do que nós tem interesse que esses fatos
sejam esclarecidos, mas é muito suspeito que algo dessa magnitude, que
deveria está sendo investigado pela Polícia Federal, seja objeto da
abertura de dois inquéritos pela Dececap: um referente à corrupção do
Instituto Brasil, coisa que já era conhecido pelo governo há dois anos e
só agora é feito, e outro contra a Dalva Sele por calúnia, que também
não deveria ser objeto de uma delegacia com essa especialização.
Infelizmente, a nossa suspeita é de que a abertura desses inquéritos
seja motivo para utilizar a máquina pública com propósitos que
dificilmente serão os mais saudáveis. Quem deveria investigar é a
Polícia Federal e não o Estado”, frisou.
Paulo Souto também cobrou o acompanhamento da Justiça. “Tem que ver
isso com lupa, ver a que se destinam esses inquéritos, ver o que querem
obter. Se quisessem (governo) ter esclarecimentos sobre os desvios,
deveriam ter feito há muito tempo, desde quando o Ministério Público
constatou as irregularidades”, mandou recado.Ao ser questionado sobre a insinuação do governador Jaques Wagner (PT) e pelos adversários de que essa seria uma “armação política” da coligação liderada pelos democratas, Souto disparou: “Não temos nenhum tipo de participação nisso. Não se tenta iludir dessa forma a opinião pública”. Segundo ele, Dalva é que tinha ligação bastante próxima com os petistas.
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