MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 30 de agosto de 2014

O que podemos esperar de Aécio agora?

Marina empatada com Dilma no primeiro turno. 10 pontos a frente no segundo.

vacabrejo
As vaquinhas do PT e do PSDB estão atoladas no brejo. É o que podemos notar a partir da divulgação da última pesquisa do Datafolha, indicando a seguinte contagem:
  • Marina Silva 34%
  • Dilma Rousseff 34%
  • Aécio Neves 15%
Em um segundo turno entre Marina e Dilma, a primeira ganharia por 50% a 40%. São 10 pontos de diferença. No caso de Aécio ir para um segundo turno com Dilma, a presidente venceria por 8 pontos. Não foi realizada simulação de um segundo turno entre Marina e Aécio.
Como eu já havia comentado por aqui, o PT definiu sua estratégia: bater em Aécio, esperando que ele batesse em Marina. A ideia era nutrir em Aecio a expectativa de roubar o segundo lugar de Marina. O problema é que agora Dilma e Marina estão empatadas em um segundo lugar.
Mas não é só isso. A pesquisa do CNT/MDA de três dias atrás mostra que em um segundo turno, Aécio perderia para Dilma por 10 pontos. E se ele fosse para um segundo turno contra Marina, perderia por 23 (!) pontos. Todas as pesquisas mostram uma rejeição notável contra a atual presidente.
Estes números estão gritando insistentemente para os marqueteiros de Aécio: por favor, ataquem a Dona Dilma. Se antes havia a desculpa de que era preciso priorizar o segundo lugar, agora essa desculpa não tem mais razão de existir.
É realmente uma pena que a campanha de Aécio seja atualmente anódina. E hoje temos a sensação de nem saber o que esse pessoal do PSDB quer com a vida. No início de agosto, quando Aécio ganhava de Eduardo Campos por 21 a 9, todos esperavam que o tucano fosse para cima de Dona Dilma. Com a entrada de Marina na disputa, Aécio hoje fica sempre no meio do caminho. Ataca um pouquinho a Dilma e o PT, e um outro pouquinho a Marina, mas não se decidiu até agora com quem quer polarizar. Sem contar que seus parcos ataques sempre são lançados em versão “light”. (Com exceção da atuação no debate da Band na terça-feira, 26/8, onde ele foi bem)
Na guerra política, ficar no meio do caminho é praticamente tomar decisão pela ladeira abaixo. Eu venho batendo nessa tecla há muito tempo. O resultado está aí: segundo o Datafolha, Aécio está 19 pontos atrás tanto de Marina como Dilma no primeiro turno.
Verdade seja dita: tanto Dilma quanto Marina são consistentes em suas campanhas. Elas parecem seguir a regra do clássico livro dos marqueteiros Positioning: The Battle for Your Mind, de Al Ries e Jack Trout. Lá se fala das marcas relacionadas aos frames cravados na cabeça das pessoas (o termo frame não é utilizado no livro, mas eu adapto para fins de maior didatismo). Existem posições (frames) praticamente “reservados” para algumas marcas. Isso ajuda na decisão de priorização das campanhas.
Basicamente, é o seguinte: o frame “acima da política tradicional” hoje pertence à Marina. Ninguém tira isso dela tão fácil. As tentativas recentes de constrangê-la nesse quesito não estão funcionando. O frame “boa administração” pertence ao PSDB, enquanto o frame “protetor dos desfavorecidos” está nas mãos do PT. Só que o PT e o PSB tocam a música que já sabem, enquanto o PSDB insiste em tocar um repertório mais variado. Não é desse jeito que as coisas funcionam. É preciso ter foco.
O que o PSDB poderia fazer? Atacar o principal frame do PT, que está fragilizado, e tentar fazer uma parte dos bi-conceituais bandearem para seu lado. Uma parte dos que veem na Dilma/PT um “protetor dos desfavorecidos” deve passar a vê-lo em Aécio/PSDB. Uns 20% desse pessoal já estaria bom demais. Nessa direção, uma boa arquitetura seria a seguinte: deixar o PT bater na Marina feito maluco, e, em contrapartida, bater no PT para fazê-lo cair o máximo quanto possível.
Com essa arquitetura de jogo, pode-se esperar que Marina perca uns 3 ou 4 pontos com todo esse fuzuê (ela cairia para uns 30%). Como Marina tem tirado mais pontos de Aécio do que de Dilma, imagine que se a primeira caísse 4 pontos, não seria um absurdo pensar em um cenário Marina 30% – Aécio 18%. Mas enquanto isso Aécio teria que bater forte em Dilma, de forma centralizada para que ela perdesse mais pontos, talvez caindo para os mesmos 30% para onde Marina poderia ir.  Se ele pegasse uns 75% desses eleitores, iria para uns 21%. Neste caso, os números poderiam chegar a esse patamar:
  • Marina: 31%
  • Dilma: 30%
  • Aécio: 21%
Poderia ser uma meta factível para os próximos 10 dias de campanha. Se Aécio conseguisse levar a coisa para este nível, colocaria o PT em desespero, e, mais ainda, fazendo-os aumentar a carga no serviço de atacar Marina por ele. Esse plano tem a vantagem de que Aécio ainda poderia ter em vista seu plano B com uma possível vitória de Marina, em uma aliança futura. Danificando as intenções de voto do PT, o PSDB deixaria de ser o “derrotado da vez”, dividindo o posto com o PT, que teria sido trazido abaixo pelos ataques tucanos. Claro que tudo depende de que o discurso de Marina seja desgastado pelo PT. E se o PT não for para cima dela, nada feito. Mas o PT continuará na jugular do PSDB apenas se já estiver metendo sorvete na testa.
Algumas pessoas propõem: “ah, se for assim por que Aécio não ataca tanto Marina quanto Dilma?”. Aí devemos retornar a Sun Tzu, que nos lembrava de escolher as batalhas que queremos vencer. Diante da retórica de Marina (que tem funcionado), Aécio não tem se dado muito bem. Mas ele parece mais apto para desconstruir o discurso do PT.
Só falta agora combinar com os russos, e por isso precisamos de novo fazer uma pergunta manjada: será que Aécio quer realmente ganhar essa eleição? Ou para ele é suficiente perder com uma boa contagem de votos e se aliar à Marina? A julgar pelos programas televisivos, parece que ele já entregou a rapadura.
Por exemplo, no dia 26/08, no programa eleitoral falou de “querer uma política com as melhores cabeças, independentes” de partido, tentando emular o discurso de Marina Lina. Não adianta, pois como já disse a imagem de “além da política” já é dela nessa eleição. Ele poderia focar em estabilidade econômica e boa administração, sempre com as âncoras centradas no coração do povo além de um ataque fulminante ao PT.
Recentemente, Armínio Fraga deu suas estocadas no PT. A equipe inteira de Aécio deveria ir por esse caminho, principalmente, é claro, o candidato. É agora ou nunca, sob o risco de se o PSDB continuar com esse ritmo Dorival Caimmy pode enterrar o partido de uma vez por todas. Melhor perder batendo, e pontuando muito melhor, pois assim o partido pode até conquistar um empate técnico com o PT, o que não é nada mal.
Em resumo, a mensagem é essa ao tucanos: partam para cima.

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