A
empresa Morgado Brooker, do Rio de Janeiro, chamou atenção ao anunciar
na rede social Facebook seis vagas para recepcionista em Salvador onde
as mulheres só podem ter “pele branca”, idade entre 18 e 28 anos e
altura acima de 1,70 m. Na capital onde a maioria das pessoas é negra,
parece ter faltado bom senso? A resposta é sim.
Segundo
a advogada da área trabalhista, Karine Goes, em alguns casos as
empresas que trabalham com modelos podem discriminar os candidatos de
acordo com o produto. Se a ação for para uma academia, não faz sentido
os modelos serem gordos. O que não pode é discriminar sem razão. “Se for
para recepção, não tem porque ser loiro, moreno... Tem que ver o
produto que eles estão vendendo”, afirma.
Na
rede social da empresa consta que as vagas são para recepcionista que
atuarão em eventos no Hotel Pestana, Aeroporto Internacional Luiz
Eduardo Magalhães e na Feira Enagás. Em contato com a Morgado Brooker,
um produtor que se identificou apenas como “Ricardo” afirma que a “pele
branca” foi uma exigência do cliente, o qual ele não revela o nome.
“Sugerimos
a eles que podiam ser meninas negras. Todos os nossos contratados são
pessoas dedicadas, eu particularmente gosto muito de black power. Nós
não temos esse problema, não é culpa da agência, prestamos serviço”,
defende. No fim da conversa, Ricardo decidiu que apagaria o post do
Facebook, para não ter mais “dor de cabeça”.
A reportagem do Bocão News encaminhou o caso para a Secretaria de Trabalho Emprego e Renda, que prometeu dar retorno sobre a denúncia.
“É um flagrante”, diz Sílvio Humberto
O
vereador Sílvio Humberto (PSB), que defende a bandeira do movimento
negro, não se mostrou surpreso quando soube da exigência da Morgado
Brooker. Para ele, este é um “flagrante” do que acontece às escondidas.
“Isso é um absurdo e esse daí foi de forma explícita, porque antes as
pessoas escondiam isso. Isso é um racismo claro e a gente tem que
combater, acionar o Ministério Público e ir pra cima do contratante.
Quando você chega nesses lugares e não vê as pessoas negras e se
pergunta por que elas não se candidatam é porque na seleção acontece
isso aí. Uma prática criminosa”, desabafa. Ainda em contato com o Bocão News, Sílvio disse que denunciaria formalmente a empresa.
Um novo contato
Em
novo contato com o site, através de email, a empresa pede desculpas aos
baianos pela exigência e acredita que tenha sido vítima de uma "má
interpretação". Eles dizem também que mulheres negras serão enviadas ao
cliente, mesmo que ele exija o contrário. Ao fim da matéria, a Morgado
Brooker retirou a exigência para apenas mulheres brancas na vaga
publicada no Facebook.
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