Promoções derrubaram os preços da passagem entre janeiro e março; site de viagens chegou a oferecer bilhete de ida e volta aos EUA por R$ 700
Daniela Amorim, Antonio Pita, RIO - O Estado de S.Paulo
Depois de alguns meses de recomposição de preços, as
passagens aéreas voltam a registrar queda expressiva. As promoções
fizeram a redução nas tarifas chegar a 20,88% de janeiro a março, dentro
do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) -, a
prévia da inflação oficial, medida pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, o querosene de aviação
ficou 4,46% mais caro, segundo a Associação Brasileira das Empresas
Aéreas (Abear).A consultoria Tendências prevê redução de 0,24% nos gastos das famílias com Transportes no IPCA fechado de março, puxada pela queda mais expressiva nos preços das passagens aéreas, que não deve mais ser compensada pelo reajuste da gasolina.
No IPCA de fevereiro, as tarifas aéreas ficaram 9,98% mais baratas, o segundo maior impacto para baixo na inflação do mês, o equivalente a -0,07 ponto porcentual, atrás apenas da contribuição do corte nas tarifas de energia elétrica.
Segundo o IBGE, os preços caíram depois do carnaval que, no calendário deste ano, teve data bastante coincidente com o fim das férias escolares. Após o retorno do período letivo, as companhias iniciaram as promoções.
"O que vale é a famosa lei da oferta e da procura. Quando não tem feriado, as empresas fazem promoção ou mantêm em venda as tarifas mais baixas", afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Promoções. O mês de março manteve o ritmo de liquidação entre as companhias aéreas. O site Submarino Viagens anunciou passagens para diversos destinos nos Estados Unidos, a partir do Rio e de São Paulo, por apenas R$ 700,00, trajeto de ida e volta. Voos com o mesmo destino partindo de Porto Alegre chegaram a custar cerca de R$ 400,00. A promoção incluía diversas companhias americanas.
Gol e TAM também baixaram os preços, embora com descontos em menor magnitude. Na TAM, era possível encontrar passagem saindo de São Paulo ao Rio de Janeiro por R$ 84,00 o trecho. A Gol divulgou oferta de passagens para o feriado de Páscoa a partir de R$ 100,00 o trecho, que incluía destinos como Florianópolis, Porto Alegre, Brasília, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro. Já a Azul oferecia voos de Belo Horizonte a Ribeirão Preto a R$ 59,90 o trecho.
Na avaliação do presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, porém, a guerra tarifária ficou para trás, e o que ocorre hoje é um cenário de concorrência mais saudável. "É um setor hipercompetitivo, até porque você hoje tem quatro empresas disputando. Não há mais um cenário de duas companhias com quase 90% de mercado. As duas menores (Azul e Avianca) já estão transportando quase um terço dos passageiros", observou.
Segundo ele, o setor reduziu expressivamente os preços nos últimos anos - cerca de 46% em seis anos -, incorporando consumidores. No entanto, agora precisa reduzir custos para manter os novos clientes.
"Se a gente subir 10% o preço da passagem, cai 14% a demanda, porque entre os passageiros que incorporamos estão os que usavam o ônibus. Esse passageiro está pagando R$ 210,00 em dez vezes", explicou Sanovicz. "Se precisar pagar R$ 250,00, esse novo cliente volta para o ônibus. Nossa saída é diminuir alguns custos, que julgamos fora de qualquer parâmetro internacional", completou.
Combustível em alta. A Abear chama a atenção para aumentos de dois dígitos no querosene de aviação nos últimos anos: a alta foi de 13,55% em 2010, de 33,55% em 2011; e de 12,63% em 2012.
Como resultado, o combustível, que anteriormente respondia por cerca de 30% do custo do setor aéreo há dois anos, atualmente corresponde a 43% do valor da tarifa.
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