Ginecologista referência no tratamento da endometriose, Alexandre Amaral, explica os caminhos para melhorar a saúde feminina e evitar o agravamento da doença
Foto: Freepik
Para
muitas mulheres, o período menstrual é sinônimo de dor, sofrimento e
privação de atividades cotidianas, como trabalhar, estudar ou malhar. Na
percepção de muitas delas, essa situação é normal, ou ao menos
temporária, e nem imaginam que por trás das cólicas pode existir um
problema muito sério: a endometriose. A doença afeta sete milhões de
brasileiras, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) – quase
10% da população feminina.
“É uma doença inflamatória complexa que
pode se manifestar de muitas formas diferentes em cada mulher, por isso,
o diagnóstico pode levar anos, principalmente quando o profissional da
saúde não está treinado para identificar a doença ou normaliza a dor da
paciente”, alerta o ginecologista e especialista em cirurgia minimamente
invasiva Alexandre Amaral, referência no tratamento da endometriose.
A endometriose ocorre quando o endométrio - tecido que reveste o útero e é eliminado durante a menstruação - migra no sentido oposto e começa a se desenvolver em outros lugares, causando inflamação em regiões como ovários, trompas, bexiga, intestino ou, em casos mais raros, em outros órgãos. “Essa inflamação crônica compromete profundamente a vida da mulher causando cólicas menstruais intensas, dores abdominais e durante as relações sexuais, alterações intestinais e urinárias e dificuldade para engravidar. Diante da dor incapacitante e dificuldade em seguir com atividades diárias, cerca de 60% das mulheres com endometriose tendem a desenvolver depressão e ansiedade”, explica o ginecologista.
Importância do diagnóstico precoce
Com a ideia de conscientizar sobre a endometriose, a campanha Março Amarelo chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce e da avaliação ginecológica periódica para evitar o agravamento da condição e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas pela doença.
Alexandre, que integra o projeto Endometriose Brasil, uma iniciativa do Ministério da Saúde, acredita que um dos caminhos para melhorar a saúde feminina é o avanço contínuo das pesquisas sobre a doença e, sobretudo, das técnicas de cirurgia minimamente invasiva, capaz de eliminar os focos da doença.
“A endometriose necessita de uma abordagem integrativa da paciente, com atendimento individualizado e multidisciplinar. O tratamento pode ser hormonal, suspendendo a menstruação através de contraceptivos como pílulas, implantes ou DIU, ou, quando a paciente não se beneficia do tratamento clínico, há a indicação cirúrgica, via cirurgia laparoscópica ou robótica, que são abordagens minimamente invasivas. A intenção é retirar ao máximo os focos de endometriose sem trazer prejuízos para retomar a qualidade de vida dessa paciente que vem sofrendo a muito tempo com dor”, explica.
Cuidado integrado
Apesar de não ter
cura, a endometriose pode ser controlada ao longo da vida com
acompanhamento ginecológico e modificação do estilo de vida, que são
fundamentais para reduzir a inflamação e regular a imunidade. Alexandre
explica que praticar atividade física pelo menos três vezes por semana,
se alimentar de forma equilibrada, controlar o peso, regular o estresse,
dormir bem e contar com uma rede de apoio são estratégias essenciais
para enfrentar a endometriose e melhorar os sintomas dolorosos.
“O cuidado com a alimentação é um fator muito importante no tratamento. Os alimentos industrializados e gordurosos, álcool, açúcar e processados, além de acentuarem os sintomas inflamatórios, contribuem para o aumento de tecido adiposo, associado a maior concentração do hormônio estrogênio, que agrava a doença”.
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