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Lula sempre pescou no mercado dos gurus de esquerda as ideias mais convenientes à sua ambição de controlar (ou intimidar) instituições e demais meios de ação e influência, dissimuladamente, bem como de culpar os outros por eventuais crises. Felipe Moura Brasil para o Estadão:
Os
especialistas em dar legitimidade pretensamente técnica ou intelectual a
interesses políticos geralmente conquistam, pela adequação a eles, os
afagos, cargos e microfones que jamais conquistariam pela capacidade
técnica ou intelectual, cujo exercício requer não só compromisso com a
verdade, mas fibra moral para lidar com as reações hostis dos poderosos a
ela.
Mesmo
ideias oriundas de reflexões genuínas e debates autênticos podem ser
adaptadas ou desvirtuadas para atender a demandas de outra natureza,
escondidas sob o manto da teoria acadêmica.
O
“garantismo”, com frequência, atende e encobre o desejo de impunidade
de autores de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e peculato; o
“desenvolvimentismo” faz o mesmo com a avidez de governantes e
parlamentares por torrar dinheiro do povo sem cortar privilégios; o
“multilateralismo” e a “multipolaridade” servem de muleta à aliança com
potências autocráticas; e “a autodeterminação dos povos” virou desculpa para jamais criticar ditaduras amigas.
Assim
como o discurso de “criminalização da política” rende cargos de PGR e
PGJ, nos quais se agrada à classe com a extinção de força-tarefa ou
grupo anticorrupção, não falta agora, em meio aos ataques de Lula a Roberto Campos Neto,
quem acene ao PT com a defesa do “controle social do Banco Central” e
de uma política monetária que incorpore a “democracia”, sem ficar “refém
do mercado especulativo” com alta de juros.
É
a variação econômica da velha defesa petista de “controle social” e
“democratização” da mídia, usada para pressionar empresários da
comunicação por coberturas favoráveis e legitimar repasses de verbas
federais à “mídia independente” (dos fatos) e “alternativa” (à
realidade) – batizada por José Serra, em 2010, como rede de “blogs sujos” que faz “patrulhamentos e perseguições sistemáticas” a jornalistas.
Lula
sempre pescou no mercado dos gurus de esquerda as ideias mais
convenientes à sua ambição de controlar (ou intimidar) instituições e
demais meios de ação e influência, dissimuladamente, bem como de culpar
os outros por eventuais crises. É mais fácil, por exemplo, que segurar a
inflação com responsabilidade fiscal, ajuste e reformas.
Embora os salários ainda sejam menos atraentes que os R$ 290 mil que Dilma Rousseff poderá ganhar no banco dos BRICS ou o mínimo de R$ 80 mil que Aloizio Mercadante fatura
no BNDES, a disputa por diretorias do BC no governo Lula está tão
acirrada quanto por vagas no STF. Há sempre uma ideologia velha para um
populista cansado.
Postado há 3 days ago por Orlando Tambosi
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