Por Ana Senko e Mariana Xavier
Ser mulher não é fácil. Em uma carreira tipicamente masculina, fica ainda mais difícil. Os desafios começam cedo, ainda durante o período de formação acadêmica. Ser a única mulher em uma turma de mais de 80 pessoas, infelizmente, é algo comum.
Superada essa fase, vem os desafios no processo seletivo, visto que muitas vagas buscam prioritariamente por perfis masculinos. Para as que conseguem o tão sonhado emprego, começa uma nova etapa de obstáculos.
Ter atenção especial à vestimenta é apenas um deles. O que incomoda mesmo é ter de provar a sua competência o tempo todo. A questão é tão relevante que motivou a realização da pesquisa “Os principais desafios de mulheres em tech”, conduzida pela Yoctoo, consultoria de recrutamento e seleção especializada nesse segmento.
De acordo com esse estudo, mais de 78% delas já sofreram preconceito. E é nas empresas onde mais acontece, sendo em 61% dos casos, seguido por 36% no ambiente escolar e 32% em processos seletivos.
Entre as situações que mais incomodam estão o manterruping, que são interrupções feitas por homens, apontadas por 46% delas; o mansplaining, que são explicações óbvias de um homem para uma mulher, com 35%; e bropriating, que é quando um homem leva créditos por uma ideia de uma mulher, com 33%.
O assédio moral é sentido por 21% das mulheres que trabalham em tecnologia. Mais 19% se queixam de gaslighting, que é o abuso psicológico que faz a mulher duvidar do seu próprio senso de percepção e sanidade, chegando a questionar sua própria capacidade. Na prática, a sensação é a de que nunca seremos melhores que eles.
Os desafios são enormes, em especial quando chegamos aos cargos de liderança e precisamos gerenciar homens – principalmente os mais velhos. E esse tipo de situação não se limita apenas aos colaboradores, mas se estende também aos clientes, que são resistentes em serem atendidos por nós.
Mas, nada pode parar uma mulher determinada. Todas essas questões significam apenas que nós precisamos ter uma dedicação três vezes maior – e deixar isso muito claro! É preciso registrar seus feitos e evidenciar suas conquistas para ser reconhecida por seus méritos. Precisamos provar o tempo todo que merecemos estar ali. Não somos a favor de uma política de cotas. As mulheres têm que chegar aos cargos de liderança por competência e não por metas de diversidade.
As empresas precisam desenvolver uma cultura baseada em entregas. Os objetivos, regras e estratégias precisam estar claros para todos a fim de que as promoções sejam justas, permitindo que os melhores cheguem ao topo, independentemente do gênero. Se isso não acontecer, é melhor mudar de emprego.
Ao enxergar claramente o seu potencial, fica muito mais fácil se impor e ser respeitada dentro da área de tecnologia. E, talento não nos falta. Comumente, as mulheres são mais organizadas e se comunicam de forma mais assertiva. Esses recursos precisam ser usados a nosso favor. Não se pode abaixar a cabeça e muito menos ter medo de se colocar.
Oportunidades não faltam. Há um déficit enorme no segmento. Milhares de vagas que simplesmente não são preenchidas por falta de profissionais qualificados. As mulheres são a verdadeira chave para mudar essa realidade e criarmos um mundo verdadeiramente digitalizado.
Para isso, precisamos fazer um esforço extra, estudar e enfrentar os desafios que vierem. Não se deixar abater é o primeiro passo para criar uma carreira de sucesso. As mulheres precisam acreditar que esse mercado também é delas. Nós somos capazes não apenas de atuar como também de empreender em tecnologia. Essa área é de todos e para todos!
Ana Senko é sócia na K33P, Tangotech e Sales Journey.
Mariana Xavier é coordenadora de service desk na K33P, consultoria especializada em SAP Business One.
Sobre a K33P:https://www.k33p.com.br/ A K33P é uma consultoria homologada SAP e especialista na implantação da solução SAP Business One, oferecendo ao mercado a parceria real capaz de proporcionar mais controle, integração e maior rentabilidade para pequenas e médias empresas.
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