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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Tsunami no Brasil? É fake! Maré em Maceió não tem relação com fenômeno catastrófico

 

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Vídeo relacionando maré baixa de Maceió com a formação de tsunami se trata de desinformação

Veja a matéria completa

Reportagem: Agência Tatu

Edição: Nordeste Sem Fake

Circula nas redes sociais a ideia de que a paisagem vista em Maceió em todas as marés baixas, que ocorrem duas vezes ao dia, seria um sinal de que a capital alagoana poderia sofrer com um tsunami.

O Nordeste Sem Fake conversou com dois especialistas que explicam que as ideias que estão circulando não fazem sentido e que o conteúdo é sensacionalista.

O que estão dizendo?

Vários vídeos circulam no Youtube e Tiktok com a ideia de que um tsunami poderia atingir o Brasil em breve. Para tentar sustentar a informação falsa, a paisagem da orla de Maceió tem sido usada como exemplo dos supostos sinais de que o fenômeno catastrófico estaria prestes a acontecer no Brasil. 

Em um vídeo, um homem, que não se identifica, utiliza uma foto da Praia da Ponta Verde do momento em que a maré está baixa. “Estamos vendo coisas que nunca vimos antes no Brasil. As águas do mar estão desaparecendo, um fenômeno que muitos não sabem decifrar. Se o mar está desaparecendo, ele vai voltar. Os pesquisadores são avisados pela própria natureza e o sinal que mais prevalece é esse”, afirma. 

O homem iniciou o vídeo com a promessa de apresentar estudos científicos que comprovam a previsão de um tsunami, mas em nenhum momento isso se concretiza. Ele até cita que em um país, após a água do mar baixar, houve tsunami, no entanto não menciona o lugar. Apenas são repassadas ideias em um tom alarmista. 

Não faz sentido relacionar a maré baixa vista na Praia da Ponta Verde com o surgimento de um tsunami. O oceanógrafo Gabriel Le Campion explica que o recuo do mar em uma situação de tsunami seria muito maior do que o simples evento de maré baixa, devido ao perfil da costa litorânea do Nordeste.

“Estamos localizados em uma placa tectônica de margem passiva, ao contrário do Chile, Peru, Califórnia, México e Japão, por exemplo. Tsunamis são mais frequentes em regiões de limites de placas, margens ativas, onde uma placa se atrita com a outra ou em explosões de vulcões submarinos em ilhas oceânicas, que não é o nosso caso”, afirma Le Campion. 

Professor de Oceanografia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Gabriel explica que embora tsunamis também desloquem grandes massas de água, o avanço de um tsunami levaria apenas poucos minutos para ocorrer após um rápido recuo da água do mar, o que não é o caso . “A energia do tsunami não forma onda no oceano, mas propaga-se como uma vibração, que viaja entre 650 a 850 km/h, ou seja, em no máximo 4 minutos atingiria a costa”, pontua.

Confira o vídeo recomendado pelo professor Gabriel Le Campion e entenda o fenômeno das marés

Sobre o movimento de maré baixa em Maceió, o pesquisador Henrique Ravi, doutor em Geociência e líder do Grupo de Estudos Integrados ao Gerenciamento Costeiro (GEIGERCO), afirma que esse tipo recuo do mar não é novidade, mas que é um evento natural, previsto e comum.

“Esse movimento ocorre duas vezes por dia, com intervalos aproximados de 6 horas entre o nível alto denominado de preamar e o baixo baixa-mar, com diferença de no máximo dois metros. Essa maré é influenciada diretamente pelas forças de atração do sol e principalmente da lua sobre nosso planeta, sendo denominadas de marés astronômicas. As maiores preamares e baixa-mares ocorrem nos momentos de lua cheia e nova, sendo esse movimento natural denominado de maré de sizígia”, detalha Ravi.

Registro feito na Praia de Ponta Verde em janeiro de 2006 | Foto: Tissiana Sousa / Wikimedia Commons

Henrique Ravi, que também é professor da Ufal, reforça que não há estudos ou evidências científicas que indiquem a possível ocorrência de tsunamis na costa brasileira. “Não há porque se cogitar se poderá haver um tsunami ou não, visto que não é um fenômeno recorrente no oceano atlântico”, tranquiliza o pesquisador.

Henrique conferiu o post checado pelo Nordeste Sem Fake e definiu a ideia falsa como sensacionalista, o que pode gerar medo ou pânico na população. Ele citou ainda que o último relato do Brasil ter sofrido reflexo de um tsunami é do século XVIII, em 1755, quando houve o maior terremoto sentido na Europa que atingiu fortemente Lisboa, em Portugal. 

Nordeste Sem Fake

A editoria Nordeste Sem Fake, da Agência Tatu, monitora diariamente diversas redes sociais em busca de publicações com conteúdos potencialmente falsos. Mais checagens de fatos estão disponíveis no si

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