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Não faz sentido relacionar a maré baixa vista na Praia da Ponta Verde com o surgimento de um tsunami. O oceanógrafo Gabriel Le Campion explica que o recuo do mar em uma situação de tsunami seria muito maior do que o simples evento de maré baixa, devido ao perfil da costa litorânea do Nordeste. “Estamos localizados em uma placa tectônica de margem passiva, ao contrário do Chile, Peru, Califórnia, México e Japão, por exemplo. Tsunamis são mais frequentes em regiões de limites de placas, margens ativas, onde uma placa se atrita com a outra ou em explosões de vulcões submarinos em ilhas oceânicas, que não é o nosso caso”, afirma Le Campion. Professor de Oceanografia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Gabriel explica que embora tsunamis também desloquem grandes massas de água, o avanço de um tsunami levaria apenas poucos minutos para ocorrer após um rápido recuo da água do mar, o que não é o caso . “A energia do tsunami não forma onda no oceano, mas propaga-se como uma vibração, que viaja entre 650 a 850 km/h, ou seja, em no máximo 4 minutos atingiria a costa”, pontua. Confira o vídeo recomendado pelo professor Gabriel Le Campion e entenda o fenômeno das marés | |
Sobre o movimento de maré baixa em Maceió, o pesquisador Henrique Ravi, doutor em Geociência e líder do Grupo de Estudos Integrados ao Gerenciamento Costeiro (GEIGERCO), afirma que esse tipo recuo do mar não é novidade, mas que é um evento natural, previsto e comum. “Esse movimento ocorre duas vezes por dia, com intervalos aproximados de 6 horas entre o nível alto denominado de preamar e o baixo baixa-mar, com diferença de no máximo dois metros. Essa maré é influenciada diretamente pelas forças de atração do sol e principalmente da lua sobre nosso planeta, sendo denominadas de marés astronômicas. As maiores preamares e baixa-mares ocorrem nos momentos de lua cheia e nova, sendo esse movimento natural denominado de maré de sizígia”, detalha Ravi. | |
Registro feito na Praia de Ponta Verde em janeiro de 2006 | Foto: Tissiana Sousa / Wikimedia Commons | |
Henrique Ravi, que também é professor da Ufal, reforça que não há estudos ou evidências científicas que indiquem a possível ocorrência de tsunamis na costa brasileira. “Não há porque se cogitar se poderá haver um tsunami ou não, visto que não é um fenômeno recorrente no oceano atlântico”, tranquiliza o pesquisador. Henrique conferiu o post checado pelo Nordeste Sem Fake e definiu a ideia falsa como sensacionalista, o que pode gerar medo ou pânico na população. Ele citou ainda que o último relato do Brasil ter sofrido reflexo de um tsunami é do século XVIII, em 1755, quando houve o maior terremoto sentido na Europa que atingiu fortemente Lisboa, em Portugal. Nordeste Sem FakeA editoria Nordeste Sem Fake, da Agência Tatu, monitora diariamente diversas redes sociais em busca de publicações com conteúdos potencialmente falsos. Mais checagens de fatos estão disponíveis no si |
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