MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 24 de julho de 2022

Não emprego entre os jovens atinge 22,8%, sem que haja uma política direcionada a ele

 


Bolsonaro diz que jovens têm que correr atrás: “Não crio emprego”

Pedro do Coutto

Enquanto o desemprego no país eleva-se em cerca de 11%, o não emprego entre os jovens vai a 22,8% no primeiro trimestre de 2022, mais que o dobro no período, de acordo com os dados da mais recente pesquisa por amostragem de domicílios do IBGE. A reportagem sobre o tema é de Carolina Nalin, edição deste sábado de O Globo.

Separo sempre o desemprego do não emprego, pois os índices do desemprego baseiam-se nos que perderam seus postos de trabalho. Mas o não emprego é tão negativo quanto, com a diferença de que os jovens não compõem o levantamento que aponta o desemprego pela simples razão deles não terem perdido o que não tinham: o emprego, no caso.

CRÍTICA – O presidente Jair Bolsonaro, destaca a matéria, no final da tarde de quinta-feira criticou os jovens que o culpam pela falta de emprego no país. O presidente da República disse que o governo não cria empregos e pode apenas não “atrapalhar” a contratação pelas empresas. Por isso, os jovens deveriam “correr atrás”. Um absurdo, penso. Bolsonaro não levou em conta a política econômica do ministro Paulo Guedes e aceita por ele próprio.

Trata-se de uma política que congela os salários que perdem valor de compra e, com isso, retrai a oferta de mão-de-obra no país. Por outro lado, os preços seguem velozes e livres, ladeiras acima, enquanto o poder aquisitivo dos salários despenca. A gravidade do problema é que a população brasileira cresce na velocidade de 1% ao ano.

AUMENTO – O crescimento da população, de acordo com o IBGE, está assinalado na reportagem de Leonardo Vieceli, Folha de S. Paulo de ontem, quando compara a população existente em 2012 e a existente em 2021, registrando um aumento de cerca de 10%. Portanto a população aumenta a cada ano em cerca de dois milhões de pessoas. Como a força de trabalho é a metade da população, temos que ver que corresponde a um milhão de vagas no mercado de trabalho a serem preenchidas.

Não sendo preenchidas, o déficit aumenta, prejudicando as receitas do FGTS, do INSS e do próprio Imposto de Renda, cujas arrecadações dependem das folhas de salário como se verifica.  Por isso, é que, na minha opinião, o problema do desemprego tem que incluir também o não emprego que abrange os jovens que buscam “um lugar ao sol”.

CANDIDATURA – Na tarde de hoje, domingo,o PL lança oficialmente a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Ele deverá ler um discurso que deve ter como temas centrais o Auxílio-Brasil, o preço da gasolina, a posição da mulher na sociedade e o Nordeste, pontos que incluem faixas do eleitorado nas quais Bolsonaro não se encontra bem situado, como revelou o Datafolha.

Mas a preocupação da assessoria pairava sobre a dúvida se ele seguiria o roteiro e o projeto de pronunciamento ou  se afastaria do planejamento de campanha, seguindo os seus impulsos ideológicos naturais. No caso do discurso aos embaixadores, por exemplo, conforme comentou Gerson Camarotti, na GloboNews, ele foi aconselhado a não fazê-lo. Mas foi em frente.

Agora mesmo, como observei, ele criticou jovens por reclamarem da retração do mercado de trabalho. Evidentemente, tal crítica generalizada só pode acarretar perdas de votos. Mas essa é outra questão. O caso fundamental no momento é qual será o seu discurso de hoje e qual será o reflexo na opinião pública.

FILAS – O presidente Bolsonaro traçou um projeto que vai entrar em execução, aumentando o Auxílio-Brasil, criando o vale para os caminhoneiros que transportam diesel, o vale-taxista, determinando também a Petrobras a reduzir o preço da gasolina. O conjunto de medidas visa as urnas de 2 de outubro, sobretudo porque a sua vigência vai até 31 de dezembro.

Já surgiram pressões do próprio partido do governo e até dos partidos da oposição para que os benefícios tenham curso em 2023, portanto após o resultado das eleições. Entretanto, há problemas especialmente no Auxílio-Brasil, elevado de R$ 400 para R$ 600 por mês, por família.

É que a reportagem de Fernanda Trisotto, João Sorima Neto e Martha Imenes, O Globo, também deste sábado, revela que a fila para novas inscrições está dobrando a cada dois meses e no país 1,5 milhão famílias aguardam a sua inclusão no Cadastro Único que permite  receber o benefício. Este caso é um problema para o governo porque se as famílias que estão buscando atendimento não forem atendidas, a reação não será favorável ao Planalto na votação de 2 de outubro.

ESTRATÉGIA –  Diante do avanço inflacionário e da estagnação e redução do poder de compra dos rendimentos do trabalho, os supermercados do Rio e de São Paulo estão adotando o método de exibir mais amplamente os produtos de menores preços, evitando assim assustar os clientes com aumentos violentos.

A excelente reportagem sobre o assunto é de Leonardo Vieceli, edição de quarta-feira, dia 20, da Folha de S. Paulo. Essa estratégia de venda foi percebida e reconhecida pela pesquisa da Neogrid, empresa especializada em cadeias de suprimentos. É o resultado da perda do poder aquisitivo identificada na queda de consumo (nos supermercados) de 11,5%.  A queda das vendas partiu de um confronto de preços numa lista de cem produtos.

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