J. K. Rowling não se dobrou à militância histérica e perturbada; não se acovardou diante dos engenheiros sociais. Pedro Henrique Alves para o Instituto Liberal:
Em notícia
veiculada pela Veja, com redação da Raquel Carneiro, tivemos mais uma
prova de que a grama é verde e a água é molhada. Segundo a matéria
intitulada: “J.K. Rowling lidera vendas na Inglaterra com livro acusado
de transfobia”, o novo livro da autora de Harry Potter estava em
processo de cancelamento pela turma “bolchevique tolerante”. A desculpa
da vez, o gatilho para a sandice das massas progressistas, foi a autora
ter criado um personagem na sua mais recente obra Troubled Blood que se
veste de mulher para cometer assassinatos. Sei que já entenderam o
ponto, mas deixem-me ser mais enfático: qual o erro transfóbico? Criou o
personagem sem consultar as massas despachadoras de tolerâncias, sem
saber se tudo que estava escrito na obra estava de acordo com as
ideologias sacrossantas do reino encantado dos trans. Desde então, a
galera da tolerância intolerante está rodopiando e espumando arco-íris
num frenesi raivoso contra a autora.
Assim
que a turba LGBTQI… ― Et Al ― ficaram sabendo que J.K. Rowling não
voltaria atrás com seu personagem, aliás, que ela sequer pagaria pedágio
se retratando, criaram então uma campanha de boicote mundial contra a
obra. Muitas livrarias aderiram ao movimento e disseram que não
revenderiam o livro. Ao mesmo tempo, e de maneira corajosa, a autora
J.K. Rowling aumentou a aposta contra os opositores ao publicar um
artigo às “pessoas que menstruam”, ironizando os transsexuais que
abraçam comodamente a luta feminista sem conhecer o que é ser mulher – e
pior, politizam e ideologizam o debate com o intuito de agradar castas
intelectuais e o mainstream.
Não
é preciso dizer que as hienas vomitaram outros mil ácidos contra a
escritora. Para piorar ainda mais, a corajosa autora reafirmou: “Se
gênero não for real, então não existe atração entre pessoas do mesmo
sexo. A realidade de mulheres no mundo é apagada. Eu amo pessoas trans,
mas apagar o conceito de gênero remove a possibilidade de discutir de
fato suas realidades”. Muitos adolescentes ― imaturos demais para
entenderem o que ela afirmou ― e demais progressistas ― tolos demais
para serem levados em conta ― postavam vídeos queimando boxes da saga de
Harry Potter, enquanto ameaçavam a autora. Houve até quem dissesse que
Harry Potter, protagonista das sensacionais obras homônimas de J.K.
Rowling, seria um símbolo pregresso da cultura hétero abarcado pela nova
machista mor da Inglaterra; após tal constatação trans-científica e
lgbtqi-sociológica, redenominei a saga de Rowling para: “Hetero Potter”.
Tudo
isso são fatos notórios e já há algumas semanas estão em debate nos
tabloides de todo o globo; pois bem, mas semana passada, enfim, tivemos o
lançamento da referida obra “transfóbica” no Reino Unido. Sabe o que
aconteceu? Sucesso de vendas como nunca antes havia acontecido no mundo
editorial por aquelas bandas monárquicas. Em 5 dias de venda efetiva,
mais de 65.000 cópias foram comercializadas com sucesso ― obrigado. O
homem comum britânico se lixou para os protestos e opiniões
progressistas pela enésima vez. Mais uma vez a realidade rompe a parede
da bolha progressista e mostra aos ideologicamente entorpecidos a sua
verdadeira face.
O
progressismo identitário, por sua via, não cansa de querer maquiar a
mentalidade popular com suas campanhas espalhafatosas e discursos
cansativos. O Brexit deveria ter dado a dica final para esses
engenheiros sociais da terra da Rainha: não é tão fácil assim contorcer a
realidade e dominar o imaginário popular dando em troca teorias de
mundinhos perfeitinhos de pessoas iguaizinhas sob as mesminhas
ideologiazinhas globalistinhas.
Quem
acorda cedo para trabalhar e arrasta uma vida comum de suor e
dificuldades, muito além das sociedade hipotéticas dos acadêmicos das
torres, não tem tempo para se preocupar se o Ronaldo se sente como
Romilda; se a Joana gosta de beijar homens, mulheres, mulheres que se
sentem homens, homens que se sentem mulheres, ou até mesmo se a Joana
pensa que essa divisão de gênero deveria simplesmente deixar de existir.
O homem comum está preocupado em pagar os boletos, alimentar e educar
as suas crias, ir à missa ou ao culto no final de semana e passar raiva
com seu time de futebol quarta e domingo. Quem se preocupa com as
entrelinhas dos atos e sensos comuns mais comuns de terceiros, os
rastreadores e faxineiros de patriarcalismos imaginários, geralmente são
os jovenzinhos burguesinhos que têm pais patriarcais o suficiente para
pagar suas enfadonhas existências e militâncias veganas e identitárias. O
homem comum está na praça buscando o espólio salarial do dia, o
lacrador está no AP problematizando pronomes e chamando seu pinscher
macho de “elu”.
Devemos
voltar a ter uma postura realista ante o mundo, sempre respeitosa e não
intransigente com o diverso pelo simples fato de ser diverso, mas
também sempre pautada na mais elementar realidade do óbvio. O real é o
único parâmetro para os seres racionais e, quando alienamos o fato
perante as ideologias, o próximo “fato” pode ser uma ilusão sangrenta e
tirânica. O que é a barbaridade social senão o estrabismo ético aliado à
ruptura total ou parcial da compreensão mínima da realidade? J.K.
Rowling não se dobrou à militância histérica e perturbada; não se
acovardou diante dos engenheiros sociais que tentam, a todo custo,
construir óculos opressivos a fim fincar entre a realidade e os nossos
olhos suas ideologias espúrias; fez bem, cara Rowling, em resistir
firmemente. A realidade e, ao que tudo indica, o povo britânico estão ao
seu lado.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário