MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 30 de julho de 2017

Nos 107 anos, lembramos das marinetes

marinete
29.Julho.2017
JORNAL A REGIÃO
de Itabuna, como eram chamados os primeiros ônibus urbanos. Foi tema de uma coluna Conversa Sabática, do historiador Adelindo Kfoury. Ele começava contando que, entre os emails da semana, “encontro mensagem de uma neta de Dona Laurentina, pedindo escrever sobre as marinetes, das quais sua avó tanto falava”. E segue.
A primeira estrada de rodagem da região é a que liga Ilhéus a Itabuna, inaugurada em 1º de março de 1928, pelo Governador Góes Calmon, obra realizada pela S.A. Auto Viação Sul Bahiano, empresa que, embora constituída no Rio de Janeiro, era genuinamente grapiúna.
A ideia de sua construção decorreu do fato de que o tráfego entre as duas cidades era feito exclusivamente por uma trilha dentro da floresta, utilizada por tropas de animais de carga ou montarias de coronéis, jagunços, mascates e trabalhadores rurais, e andarilhos.
Normalmente durava de dois a três dias, inclusive correndo risco de contrair febres, sofrer ataques de cobras, animais e até salteadores, assim como de tocaieiros profissionais... Após a estrada ser entregue, por iniciativa de Dr. Inácio Tosta Filho foi criada a Companhia Viação Sul Bahiano.
Popularmente conhecida como SULBA, ela dedicava-se ao transporte de passageiros. A partir daí surgiram nossas primeiras “marinetes”. Veículos coletivos de pequeno tamanho, com 20 poltronas internas e cujo bagageiro ficava sobre o teto, cobrindo-se os volumes com uma lona.
Marinetes
Durante mais de 20 anos foram o meio de transporte mais utilizado. O ponto de chegada e partida em Itabuna era o Beco das Marinetes (atual Rua Oswaldo Cruz). As pessoas viajavam vestindo sobre a roupa um guarda-pó, pois a intensa poeira da estrada os cobria da cabeça aos pés.
O percurso, que hoje fazemos em 25 minutos, naquele tempo durava mais de duas horas. Nos dias de sol, nuvens de poeira; quando chovia, atoleiros e muita lama. Debaixo das poltronas e no corredor transportava-se tudo: animais vivos, mantimentos, sacos com frutas e verduras, etc.
Em Itabuna, grande animação e frenesi ocorriam no Beco das Marinetes a partir das 18 horas, quando retornavam os viajantes que pernoitavam nas pensões de Itabuna; chegavam os exemplares do “Diário da Tarde”, logo recolhidos pelo jornaleiro Ceguinho para entrega aos seus “assinantes”.
Em todos, uma pontinha de orgulho pela cidade possuir tão “moderno meio de transporte, igual ao de qualquer cidade grande”. O progresso levou nossas marinetes. Quando as veremos de novo? Certamente nunca mais.

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