Vislumbrando a possibilidade de assumir o Palácio do Planalto, o PMDB
sacramentou nesta terça-feira o fim da aliança com a presidente Dilma
Rousseff. O partido que estava há mais de uma década na órbita do
governo petista decidiu abandonar Dilma em seu mais crítico momento
político e agora tenta, nos bastidores, usar da crise como um trampolim
para chegar ao poder. A reunião do diretório nacional foi comandada pelo
senador Romero Jucá (RR) e se deu a toque de caixa: durou exatos quatro
minutos. Ao abrir a cerimônia, Jucá lembrou a convenção do último dia
12 de março, quando o PMDB definiu que iria discutir o desembarque em
até 30 dias, e colocou em votação moção apresentada pelo diretório da
Bahia, que pedia o rompimento com o governo. A proposta foi aprovada aos
gritos e aplausos: "O PMDB se retira da base do governo da presidente
Dilma Rousseff e ninguém está autorizado a exercer qualquer cargo
federal em nome do partido PMDB", anunciou o senador. Em seguida,
peemedebistas gritaram "Fora, PT" e cantaram o hino nacional. Entre os
caciques do PMDB, a avaliação é a de que, mesmo tendo se beneficiado no
passado em momentos menos tortuosos do governo Dilma Rousseff, "o
político não pode afundar junto com o governo". A debandada
peemedebista, gestada há meses por um insatisfeito Michel Temer,
escancara a estratégia de tentar se descolar do processo de impeachment,
que avança a passos largos na Câmara dos Deputados, e garantir
sobrevida, ainda que momentânea, ao partido que gravita na órbita do PT
desde a ascensão de Lula ao Palácio do Planalto. "Não podemos ser reféns
do governo", disse um cacique peemedebista.
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