Mostra fica até o dia 7 de junho em Carambeí, no interior do Paraná.
Correspondências eram escritas em códigos e enviadas para esposa.
Uma das cartas escritas pelo diplomata holandês Hendrik Meijer nos anos 40 (Foto: Divulgação/Aphc)
As quase 50 cartas do diplomata holandês Hendrik Meijer que despistaram
a Gestapo, polícia alemã, durante a Segunda Guerra Mundial estão
expostas em Carambeí,
na região dos Campos Gerais do Paraná. As correspondências foram
escritas à mão nos anos 40 e endereçadas à esposa do prisioneiro, na
Holanda.Por meio de códigos e com a ajuda da mulher, Meijer conseguiu escapar das forças alemãs. De acordo com o historiador da Associação do Parque Histórico de Carambeí (APHC), Felipe Pedroso, quando Meijer escrevia frases negativas, na verdade, eram sentenças afirmativas. "Foi assim que ele conseguiu escapar", conta.
As cartas fazem parte da exposição “Memória comunicativa – as faces da tecnologia”, que fica na Casa da Memória do Parque Histórico de Carambeí. Além de correspondências de Meijer, o público também pode conferir telegramas, postais e selos, além de máquinas de escrever e outros objetos da época. A mostra, que é a primeira temporária de 2015, fica aberta até o dia 7 de junho. A entrada é gratuita.
Imigrantes holandeses eram obrigados a escrever
cartas em português no governo Getúlio Vargas
(Foto: Divulgação/Aphc)
Português de Holandacartas em português no governo Getúlio Vargas
(Foto: Divulgação/Aphc)
As cartas trocadas entre famílias de Irati, na região central do Paraná, e de Carambeí, a maioria de imigrantes holandeses, também têm destaque na exposição.
Em 1943, e durante praticamente todo o governo do presidente Getúlio Vargas, a restrição em torno da língua estrangeira era bastante severa.
Sendo assim, as correspondências da época tinham que ser, obrigatoriamente, escritas em português, mesmo que quem escrevesse não tivesse o domínio do idioma.
“Chega a ser engraçado o jeito que eles escreviam”, comenta.
Em uma das cartas expostas, por exemplo, o remetente escreve que "Domingo eu fui em casa de papai, e o Frans também. Mais ou menos 11 nos chegaram". Mais adiante, ele conta que "Primeiro o tempo não queria chover, e agora chove 'quasi' demais. Assim 'quasi' não da para trabalhar!".
Selos
Além das correspondências, também há selos especiais, os chamados Fist Day Cover (FDC), na exposição. Geralmente, são envelopes com etiqueta ou desenho; selo e carimbo de primeiro dia ou comemorativo e até mesmo de ambos, podendo estar circulado ou não. Um dos selos mais especiais da mostra, segundo Pedroso, é o do dia em que o homem pisou, pela primeira vez, na lua.
“Alguns selos são emitidos em datas comemorativas, com edição limitada. Cada país tem sua lógica de emissão e produção. Há selos que ficam pouco tempo em circulação e se tornam raros com o passar dos anos. Existem outros com caráter ideológicos, que retratam acontecimentos históricos”, explica o estagiário do Núcleo de História e Patrimônio APHC e organizador da exposição, Pablo Uliana.
Além das correspondências, a exposição traz selos antigos e históricos (Foto: Divulgação/Aphc)
Conectando épocasCom a mostra, conforme Pedroso, a APHC procura mergulhar no universo da comunicação e mostrar ao público as diferentes formas, tecnologias e estratégias comunicativas de um passado próximo e, assim, conectar épocas.
“Hoje, as pessoas mal sabem como são as letras umas das outras. A comunicação é feita, muitas vezes, apenas pela internet. Hábitos, como o de escrever uma carta à mão, ficaram esquecidos. É preciso lembrar a importância que eles tiveram e têm para a nossa sociedade”, afirma.
Serviço
O Parque Histórico de Carambeí fica localizado na Avenida dos Pioneiros, 4050. A exposição “Memória comunicativa – as faces da tecnologia”, na Casa da Memória, é aberta ao público da terça-feira a domingo, das 11h às 18h. Outras informações sobre a mostra podem ser obtidas pelo telefone (42) 3231-5063.
Exposição fica no Parque Histórico de Carambeí, na Casa da Memória (Foto: Divulgação/Aphc)
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