| 24 Fevereiro 2015
Artigos - MÍDIA SEM MÁSCARA
Artigos - MÍDIA SEM MÁSCARA
Se a França não é segura para os judeus, então o futuro mesmo da Europa - e do mundo civilizado - está em perigo.
As vozes que proclamam que a França já não é um lugar seguro para os judeus e que, portanto, eles deveriam emigrar, cometem um perigoso erro: se a França não é segura para os judeus, então o futuro mesmo da Europa - e do mundo inteiro - está em perigo.
A
história demonstrou que os judeus são o proverbial “canário da mina de
carvão” do mundo: tal como os canários morrem nas minas de carvão antes
que os humanos percebam a existência de gases tóxicos indetectáveis -
como metano e monóxido de carbono -, e sua morte serve de advertência
sobre um iminente desastre, da mesma forma o estado em que se encontram
os judeus em suas respectivas sociedades serve de prova a respeito da
segurança que existe naquele lugar. Se os judeus de alguma sociedade
particular estão, do mesmo modo que os canários, cantando e prosperando,
então está tudo bem. Porém se não, então implica um alerta prematuro
sobre o perigo que se avizinha. Às vezes as ameaças não são notórias. Os
mineiros confiam em seus canários e o mundo deveria confiar na posição
dos judeus para avaliar o nível de ameaça que existe em qualquer
sociedade civilizada.
Em
1933 ainda não era claro o perigo que Adolf Hitler significava para a
humanidade, porém, quando os judeus começaram a se sentir inseguros na
Alemanha de Hitler, então isso representou um sinal sobre as toxinas de
ódio que estavam se filtrando no mundo, toxinas que lamentavelmente
passaram desapercebidas até que já era demasiado tarde, e que
eventualmente afundaram a humanidade em uma guerra que acabou com a vida
de 60 milhões de pessoas.
A aflição na qual os judeus se encontram na França, indica ao mundo a existência do mal.
As
toxinas do islam radical não eram evidentes lá no início. Porém, depois
os canários deixaram de cantar e começaram a morrer. Há poucos anos
perpetrou-se o assassinato de Rav Sandler e dos pequenos no colégio de
Toulouse, o qual veio seguido de outros muitos ataques contra os judeus
franceses, todos os quais eram sinais prematuros da ameaça letal do
islam radical. Uma sociedade na qual os judeus não estão seguros
tampouco será segura para os jornalistas, nem para a liberdade, nem para
qualquer valor da decência humana. Portanto, as duas atrocidades
acontecidas recentemente - o selvagem assassinato dos jornalistas do Charlie Hebdo e dos judeus no supermercado kosher - estão profundamente conectadas.
O
assombroso e irônico símbolo de conexão é a Grande Sinagoga de Paris.
No Shabat posterior aos ataques, a sinagoga esteve fechada e não
ofereceu serviços pela primeira vez desde a ocupação nazista na França.
Uma sociedade na qual as sinagogas não podem abrir livremente e na qual
os judeus não estão a salvo, é uma sociedade que em si mesma está em
perigo. Se a Europa se tornar judenrein novamente, então o mundo civilizado terá sucumbido ante as piores forças da barbárie e selvageria.
A
comunidade judaica mundial deve emparelhar-se ombro a ombro com a
comunidade judaica da França, mas também deveria fazê-lo toda nação
civilizada da Terra, pois o futuro do mundo inteiro depende disso.
A
verdadeira mensagem é que a França deve tornar-se um lugar seguro para
seus judeus se é que o mundo pretende derrotar as forças radicais do
islam que procuram sua destruição.
Qualquer
país no qual um judeu não pode viver seguro e em paz é um sinal
premonitório de que as forças da liberdade, tolerância, dignidade humana
e santidade da vida se encontram sob ameaça, e de que existem forças
tóxicas, que minam a sobrevivência mesma da sociedade.
Os
sinais globais não são bons. O fato de que praticamente toda
instituição judaica - sinagogas, escolas, centros comunitários - ao
longo do orbe tenha que contar com elevadas medidas de segurança contra o
terrorismo islâmico, é um sinal dos perigos que o mundo civilizado
enfrenta por parte destas ominosas forças. O fato de que não possa haver
judeus em lugares como Paquistão, Arábia Saudita e outros tantos países
muçulmanos, é uma desgraça moral que pressagia um perigo para o futuro
mesmo da humanidade.
Os
sinais de alerta foram evidentes por muitos anos. E a mesma relação que
os judeus guardam com as sociedades nas quais vivem, é paralela à
relação entre o Estado de Israel e a comunidade de nações. Israel é “o
canário da mina de carvão” da comunidade internacional. Os terroristas
suicidas atacaram primeiro os cidadãos israelenses e o Estado de Israel,
e depois vieram os ataques do 11/9 em Nova York, do 7/7 em Londres, de
Bali e em outros muitos lugares. O violento extremismo do Hamas e do
Hezbollah foi dirigido originalmente contra o Estado judeu, porém agora
há forças similares ameaçando e pondo em perigo a existência mesma do
Iraque, Síria, Nigéria e outros.
E
enquanto os grandes poderes do mundo negociam com a República Islâmica
do Irã, deveriam se dar conta de que, apesar de que atualmente suas
ambições nucleares se encontram dirigidas contra Tel Aviv e Jerusalém, a
história ensinou que amanhã seus objetivos serão Paris, Londres, Nova
York e Cairo.
Os
gases venenosos abundam no mundo. Na semana que antecedeu os ataques de
Paris, aproximadamente 2 mil pessoas foram assassinadas pelo Boko
Haram. E depois, na semana dos ataques, houve meninas de 10 anos que
foram enviadas aos mercados de Potiskum, Nigéria, como atacantes
suicidas. E isto ocorreu umas poucas semanas depois que uns bárbaros
assassinassem mais de 200 meninos em Peshawar, Paquistão. Estes ataques
mostram o sério perigo de um brutal e selvagem movimento que ameaça
todos os habitantes do mundo civilizado.
O momento de agir é agora.
O
futuro do mundo civilizado está em jogo. Uma aliança global de países e
pessoas de todas as crenças - judeus, muçulmanos e cristãos, todos
juntos - deve se formar em conjunto para defender a civilização humana
da barbárie jihadista. A prova da vitória será a situação na qual vivem os judeus. Quando as pessoas ao redor do mundo declararem “Je suis Juiff”
(Eu sou judeu), estarão relacionando-se com uma profunda verdade da
qual depende a sobrevivência da humanidade. Quando os judeus - do mesmo
modo que os canários das minas de carvão - cantarem e progredirem, e
puderem caminhar novamente com tranqüilidade pelas ruas de Paris e de
toda a Europa, aberta e orgulhosamente, quando as sinagogas e as escolas
judaicas não necessitarem de guardas armados para estar seguras, quando
o Estado de Israel não se vir enfrentado constantemente a inimigos
mortais que procuram sua destruição, então saberemos que o mundo
civilizado é um lugar seguro.
Warren Goldstein, PhD em Leis de Direitos Humanos, é o Grande Rabino da África do Sul.
Tradução: Graça Salgueiro
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