Boris Nemtsov, um notório político anti-Putin, foi assassinado no centro
de Moscou nesta sexta-feira. Ele foi atingido pelas costas por uma
pessoa que estava em um carro que fugiu do local, informou a agência
Interfax. O atirador disparou quatro vezes contra a vítima, que
caminhava perto do Kremlin, acompanhado por uma mulher. Recentemente,
ele havia revelado preocupação de que o presidente ordenasse sua morte
devido às críticas ao envolvimento no conflito na Ucrânia. Já nas
primeiras horas de sábado, pelo horário local, Putin condenou o
assassinato, segundo informação divulgada pela emissora estatal Russia
Today. O autocrata determinou que a investigação será comandada pelas
agências de segurança. Ele acrescentou que o assassinato teria sido
encomendado como uma "provocação" na véspera de um grande protesto
contra a crise na Ucrânia, onde separatistas apoiados por Moscou têm
dominado parte do território. O político de 55 anos foi
vice-primeiro-ministro na administração de Boris Ieltsin nos anos 1990.
Atualmente, ele era deputado pela região de Yaroslavl e copresidia o
partido liberal RPR. "Que um líder da oposição possa ser baleado sob os
muros do Kremlin é algo que está além da imaginação. Só pode haver uma
versão para isso: ele foi morto por dizer a verdade", disse a
jornalistas outro líder opositor, Mikhail Kasyanov, em declaração
reproduzida pela agência Reuters.
Em 2012, Nemtsov divulgou um relatório sobre a vida nababesca do
presidente russo. O documento listava os itens luxuosos à disposição de
Putin: vinte palácios e mansões, 58 aviões e helicópteros e quatro
barcos. À revista VEJA, o opositor disse ter começado a fazer o
levantamento ao perceber, em fotos de jornal, que Putin troca de relógio
de luxo como quem troca de meia. "Na Rússia, o relógio é um dos maiores
símbolos de status masculino. Trata-se de uma herança dos tempos
soviéticos, quando esse acessório era o único que a elite nacional podia
ostentar". O opositor foi detido várias vezes por se posicionar contra o
Kremlin. A prisão mais recente ocorreu em 2011, quando ele protestou
contra os resultados das eleições parlamentares, e em 2012, quando
dezenas de milhares de pessoas foram às ruas contra Putin. Em uma
entrevista concedida à rede americana CNN no ano passado, ele lamentou a
situação dos empresários no país. "Este é o país da corrupção. Se você
tem um negócio, está em uma situação muito insegura. Todos podem
pressionar você e destruir sua empresa". Ele também esboçou uma nota de
esperança sobre o futuro da Rússia. "Este é o meu país. O povo russo
está em dificuldade. A Justiça russa não funciona. A educação piora a
cada ano. Mas eu acredito que a Rússia tem uma chance de ser livre. É
difícil, mas devemos conseguir isso". (Veja)
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