sábado, 28 de fevereiro de 2015

Opositor de Putin é assassinado a tiros no centro de Moscou


Boris Nemtsov, um notório político anti-Putin, foi assassinado no centro de Moscou nesta sexta-feira. Ele foi atingido pelas costas por uma pessoa que estava em um carro que fugiu do local, informou a agência Interfax. O atirador disparou quatro vezes contra a vítima, que caminhava perto do Kremlin, acompanhado por uma mulher. Recentemente, ele havia revelado preocupação de que o presidente ordenasse sua morte devido às críticas ao envolvimento no conflito na Ucrânia. Já nas primeiras horas de sábado, pelo horário local, Putin condenou o assassinato, segundo informação divulgada pela emissora estatal Russia Today. O autocrata determinou que a investigação será comandada pelas agências de segurança. Ele acrescentou que o assassinato teria sido encomendado como uma "provocação" na véspera de um grande protesto contra a crise na Ucrânia, onde separatistas apoiados por Moscou têm dominado parte do território. O político de 55 anos foi vice-primeiro-ministro na administração de Boris Ieltsin nos anos 1990. Atualmente, ele era deputado pela região de Yaroslavl e copresidia o partido liberal RPR. "Que um líder da oposição possa ser baleado sob os muros do Kremlin é algo que está além da imaginação. Só pode haver uma versão para isso: ele foi morto por dizer a verdade", disse a jornalistas outro líder opositor, Mikhail Kasyanov, em declaração reproduzida pela agência Reuters. 
Em 2012, Nemtsov divulgou um relatório sobre a vida nababesca do presidente russo. O documento listava os itens luxuosos à disposição de Putin: vinte palácios e mansões, 58 aviões e helicópteros e quatro barcos. À revista VEJA, o opositor disse ter começado a fazer o levantamento ao perceber, em fotos de jornal, que Putin troca de relógio de luxo como quem troca de meia. "Na Rússia, o relógio é um dos maiores símbolos de status masculino. Trata-se de uma herança dos tempos soviéticos, quando esse acessório era o único que a elite nacional podia ostentar". O opositor foi detido várias vezes por se posicionar contra o Kremlin. A prisão mais recente ocorreu em 2011, quando ele protestou contra os resultados das eleições parlamentares, e em 2012, quando dezenas de milhares de pessoas foram às ruas contra Putin. Em uma entrevista concedida à rede americana CNN no ano passado, ele lamentou a situação dos empresários no país. "Este é o país da corrupção. Se você tem um negócio, está em uma situação muito insegura. Todos podem pressionar você e destruir sua empresa". Ele também esboçou uma nota de esperança sobre o futuro da Rússia. "Este é o meu país. O povo russo está em dificuldade. A Justiça russa não funciona. A educação piora a cada ano. Mas eu acredito que a Rússia tem uma chance de ser livre. É difícil, mas devemos conseguir isso". (Veja)

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