Esquema de propina que o doleiro montou para o PT com dinheiro da Petrobras desviou mais de R$ 200 milhões.

Contas correntes de três empresas de fachada usadas pelo doleiro
Alberto Youssef para receber propinas de fornecedores da Petrobras
registraram depósitos de R$ 206,3 milhões entre novembro de 2009 e
dezembro de 2013. Os valores mais altos foram creditados nas contas da
GDF Investimentos, que recebeu depósitos num total de R$ 96,3 milhões. A
MO Consultoria recebeu depósitos de R$ 70,4 milhões e a Empreiteira
Rigidez, de R$ 39,5 milhões.
Os valores constam em levantamento feito pelo Ministério Público
Federal com base na quebra de sigilo bancário das empresas ligadas ao
doleiro. Youssef era o operador do esquema de corrupção na estatal, que
envolvia políticos aliados do governo. Na outra ponta, apenas a Empreiteira Rigidez repassou R$ 21,5 milhões
para empresas do grupo Labogen, que Youssef usava para fazer remessas
ilegais de recursos para o exterior.
O executivo Julio Camargo, do grupo Toyo Setal, que assinou acordo de
delação premiada depois que Youssef citou seu nome como o principal
contato na empresa, depositou pelo menos R$ 16,6 milhões para as
empresas usadas pelo doleiro para distribuir propinas a envolvidos no
esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
Camargo fez os depósitos por meio de três empresas controladas por
ele: Auguri, Piemonte e Treviso. A Piemonte fez depósitos de R$ 8,5
milhões; a Treviso, de R$ 6,9 milhões e a Auguri, de R$ 1,15 milhão. As
empresas de Camargo doaram recursos para campanhas políticas. Em 2010,
foi doado R$ 1,1 milhão a sete políticos, cinco deles do PT. No total,
segundo reportagem da “Folha de S.Paulo", as empresas de Camargo fizeram
doações de R$ 5 milhões ao PT e ao PR entre 2006 e 2014.
Além
de Camargo, outro executivo ligado à Toyo Setal, Augusto Ribeiro de
Mendonça Neto, fez depósitos em contas de empresas ligadas ao doleiro.
No valor de R$ 7,3 milhões, os depósitos foram feitos pela empresa
Tipuana Participações. Mendonça era um dos sócios da Tipuana, que
pertencia à PEM Engenharia, que prestou serviços à Petrobras na
construção da plataforma P-51 e foi uma das empresas que deram origem ao
Grupo Toyo Setal.
Segundo depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal de Curitiba, a
Toyo Setal também fez depósitos no exterior a título de propina. O
doleiro trabalhou para internalizar os recursos e distribui-los no
Brasil, em reais. O GLOBO entrou em contato com a Toyo Setal e com
entidades que contam com a participação de seus executivos, mas não
obteve retorno deles.
Na campanha deste ano, a Toyo Setal doou R$ 2 milhões para o comitê
do PR e R$ 150 mil para três candidatos a deputado federal pelo PT:
Benedita da Silva (RJ), Henrique Fontana Júnior (RS) e Luiz Sérgio
Nóbrega de Oliveira (RJ).
Foram detectados depósitos de várias fornecedoras da Petrobras
citadas na investigação da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Na
conta da Empreiteira Rigidez, que Youssef admitiu servir apenas para
receber recursos de obras da estatal, foram registrados, entre maio de
2010 e dezembro de 2013, depósitos da Mendes Júnior Trading e Engenharia
(R$ 1,978 milhão); OAS (R$ 1,749 milhão), e MPE Montagem de Projetos
Especiais (R$ 3,129 milhões). (O Globo)
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