Ele chegou à Itália há um ano como fugitivo, usando documentos em nome
do irmão morto há mais de 30 anos. Hoje, é um homem livre, com
identificação legítima em seu próprio nome. Henrique Pizzolato,
ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e condenado a 12 anos e 7
meses de prisão no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal,
recomeçou nesta quinta-feira, 30, a reconstruir a vida longe do Brasil. A
Justiça do país europeu autorizou ontem a devolução dos documentos
italianos do brasileiro, que haviam sido apreendidos em fevereiro.
Pizzolato tem dupla cidadania. Na terça-feira, a Corte de Apelação de
Bolonha havia negado o pedido de extradição feito pelo Brasil. Com a
devolução dos papéis, poderá viajar, trabalhar, comprar imóveis e votar.
Em dezembro, segundo a Justiça italiana, o ex-diretor do BB deve ser
indiciado por falsidade ideológica e por mentir a funcionários públicos
sobre sua identidade, mas são crimes considerados de menor gravidade e,
por isso, o brasileiro não corre risco de passar uma nova temporada
preso ou sob vigilância. Pizzolato foi preso em fevereiro, na casa de um
sobrinho que trabalha para a Ferrari em Maranello, no norte da Itália, e
levado para a prisão de Módena. A detenção interrompeu o roteiro
traçado pelo ex-diretor para a vida de foragido: comprar uma casa em
Porto Venere, região à beira do Mar Mediterrâneo que foi o primeiro
refúgio do brasileiro, a menos de 200 km de Modena. Entre limoeiros,
pássaros e uma vista cinematográfica do mar e dos barcos ancorados, o
ex-diretor vivia uma vida discreta. A todos os vizinhos e amigos dessa
primeira estadia, Henrique se apresentava como Celso, nome do irmão
morto em 1978. Pizzolato frequentava a praça central da cidade,
caminhava entre os morros e passeava pela orla. Também recebia a visita
do sobrinho. O brasileiro vivia em uma casa alugada. Ele passou o
réveillon passado com o senhor Giovanni, dono do imóvel. Mas as
autoridades italianas apuraram que Pizzolato queria comprar uma casa.
Porto Venere é um dos locais mais sofisticados na costa da Ligúria, com
vista privilegiada para o Golfo dos Poetas. (Cláudio Humberto)
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