MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 28 de março de 2014

Com estoque retido em BR, franquias têm prejuízos no AC


Bob´s em Rio Branco não recebe produtos há quase 60 dias.
Problema é causado por cheia do Rio Madeira que interditou a BR-364.

Caio Fulgêncio Do G1 AC

Bobs Rio Branco  (Foto: Viviane Bertagna/ Arquivo pessoal )Parte dos lanches oferecidos em cardápio estão esgotados no Bob´s  (Foto: Viviane Bertagna/ Arquivo pessoal)
Com a cheia do Rio Madeira e a interrupção do tráfego pela BR-364, única via de acesso terrestre entre o Acre e o resto do país, o setor de franquias também está enfrentando dificuldades para manter os serviços em Rio Branco. Segundo a gerente local da franquia de fast food Bob´s, Viviane Bertagna, as duas lanchonetes da capital já estão há aproximadamente 60 dias sem reposição de estoque.
A gerente conta que quando as águas do Madeira começaram a invadir a estrada, a transportadora responsável pelo carregamento se recusou a fazer a travessia. “Meu pedido é feito a cada 14 dias. Depois que começou a piorar a situação, o motorista se recusou a passar, porque é também uma questão de vida. E eu entendo”, diz.
Diante do cenário, grande parte dos lanches servidos começou a ficar esgotada. Viviane conta que para tentar manter as vendas, a empresa precisou recorrer a produtos vendidos nos mercados da capital, como pão, carne e batata. E, no momento da venda, o problema é explicado ao cliente.
“Estou com 95% do meu menu esgotado. Não vendo mais picanha, aqui não vende material. Estamos usando produtos locais e fazendo de todas as formas para abastecer. Somente queijo e molho ainda são da franquia”, explica.
Viviane diz ainda que um caminhão com produtos se encontra em Porto Velho (RO) desde o dia 19 deste mês, tentando fazer a travessia por balsa. “O pedido que está lá, são dois seguidos. O caminhão está lotado. Vai dar para eu aguentar umas três semanas”, fala.
Para a gerente, são notórios os prejuízos causados pela cheia do rio. Ela calcula que o rendimento de um dia de trabalho caiu para menos da metade. “Digamos que, um dia normal, como segunda-feira, eu poderia estar vendendo quase R$ 4 mil, e estou vendendo R$ 1.700. Em dia de quarta-feira, que eu poderia vender, por causa do cinema, R$ 5 mil, estou vendendo quase R$ 2 mil”, calcula.
Sobre a possibilidade de fazer o transporte das mercadorias por via aérea, Viviane diz que não é viável devido ao valor do frete. “Só o orçamento que eu fiz do meu frete dá mais de R$ 50 mil. Não tem possibilidade, porque o frete, além de ser muito caro, eu ia vender só para pagar. A gente ia se atolar em dívidas”, explica.
Trazer os produtos de avião foi a solução encontrada por outra franquia, Vivenda do Camarão, também do ramo alimentício, especializado em frutos do mar e instalada no shopping de Rio Branco. De acordo com a proprietária, Euri Figueiredo, um caminhão com carregamento permaneceu em Rondônia durante uma semana e os produtos não podiam ficar em temperatura ambiente. Com isso, a empresa está abastecida por mais 15 dias.
“Foi um custo muito alto, porque nós tivemos que comprar isopor para poder manter a qualidade do produto para o nosso consumidor. Para transportar, gastamos em torno de 50% a mais do que nós pagamos pela mercadoria, só com frete. Não podemos trabalhar com nenhum produto local”, afirma Euri.
Loja presentes em Rio Branco  (Foto: Tácita Muniz/G1)Loja de presentes está com 40 caixas retidas
em Rondônia (Foto: Tácita Muniz/G1)
Outros segmentos
Na loja Imaginarium, franqueada do ramo de artigos e presentes, a proprietária Cleia Santos, diz que também precisou recorrer pela via aérea para repor o estoque da loja e um carregamento chegou na quinta-feira (27). O local estava sem receber mercadorias há mais de 30 dias.
Porém, a empresa enfrenta outra dificuldade que é trazer aproximadamente 40 caixas que estão em Rondônia e que a transportadora alega que só pode abrir ao chegar no destino. Este carregamento representa, segundo Cleia, cerca de 50% do estoque da loja.“Mesmo sendo mais caro, vamos continuar recebendo as mercadorias por via aérea. Vindo de avião, o custo fica mais que o dobro, mas vamos ficar fazendo isso até que o problema seja resolvido”, garante.
Já no ramo de livraria e papelaria, a Nobel só começou a sentir os efeitos da cheia do Rio Madeira há pouco tempo, devido aos grandes pedidos feitos durante as festas de final de ano. A empresária Raquel Yury, afirma que, mesmo assim, mercadorias continuam a chegar. A dificuldade maior tem sido as encomendas e os lançamentos.
Livraria no shopping (Foto: Tácita Muniz/G1)Livraria consegue manter o abastecimento (Foto: Tácita Muniz/G1)
“Na quarta-feira [26] e na quinta-feira [27] eu recebi mercadoria. O que nós recebemos veio tudo de caminhão. Está chegando de ‘pouquinho’. No caso do frete dos livros é por peso, então não compensa via aérea. Estamos estudando a possibilidade das mercadorias chegarem via terrestre até Porto Velho e de lá, viriam por via aérea”, finaliza.
Cheia histórica
Com mais de 1,60m de lâmina d'água cobrindo a BR-364, a rodovia federal foi totalmente interditada na quarta-feira (26), por causa da cheia histórica do Rio Madeira, em Rondônia. O Acre sofre com o isolamento via terrestre há pouco mais de um mês. Ao menos 500 caminhões estão parados em Porto Velho, sem poder seguir viagem. As consequências disso são sentidas no comércio local.
A força Aérea Brasileira realizou o transporte de 410 toneladas de alimentos em 60 voos.  Balsas com combustíveis e gás de cozinha têm garantido parte do abastecimento.

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