Três tripulantes queimados e
vazamento em porta-aviões da Marinha - Militares admitem que navio
derramou óleo na Baía e marinheiros denunciam risco iminente.
Jornais cariocas publicaram hoje (31/01/2014): Marinheiros
a bordo, desde terça-feira, do porta-aviões São Paulo, em exercício em
plena Baía de Guanabara, denunciam uma situação de perigo. Os
tripulantes revelaram que o navio está despejando óleo no mar devido a
um vazamento. Além
disso, problemas na caldeira causaram queimaduras em três militares.
Eles também alertam que existe risco de explosão e incêndio. Cerca de
mil militares, entre soldados, cabos, sargentos e oficiais, estão
embarcados sob o comando do contra-almirante José Renato de Oliveira.
Segundo os marinheiros, o oficial se recusa a encerrar o exercício
apesar do perigo oferecido à tripulação. Após o contato da reportagem
com a Marinha ontem, o comando teria proibido o uso do celular pessoal,
segundo denúncias.
A previsão inicial era de que o exercício terminasse na sexta-feira, mas o comando teria avisado à tripulação
ontem de que não há mais previsão de término, o que preocupa os
parentes dos tripulantes.“Estamos muito apreensivos com toda essa
situação”, contou um familiar que não quis se identificar.
O porta-aviões é a única embarcação do seu tipo no Hemisfério Sul e
um dos 20 do seu modelo em atividade no mundo. A atividade desempenhada é
tão específica, que só nove países operam navios semelhantes. Mas o
equipamento no Brasil sofre com a infraestrutura. Foi comprado já usado
da França em 2000.
Procurada, a Marinha admitiu que ocorreu um “pequeno derramamento de
óleo a partir de uma tubulação” e que foram colocadas barreiras de
contenção, em torno do navio. O plano de emergência foi acionado para o
recolhimento do resíduo despejado. Sobre os militares feridos na
caldeira, eles já foram medicados e liberados, diz a Marinha.
Quatro mortes, incêndios e cinco anos parado.
Desde que foi comprado em 2000, o porta- aviões já teve quatro
marinheiros mortos e 13 feridos em, pelo menos, seis grandes incêndios.
Em 2005, o navio chegou a parar por cinco anos, mas voltou a operar. Em
2012, na tragédia mais recente, o marinheiro Carlos Alexandre dos Santos
Oliveira, de 19 anos, morreu durante um incêndio na antessala do
alojamento em que se encontravam os militares. Além dele, ficaram
gravemente feridos José de Oliveira Lima Neto e Jean Carlos Fujii de
Azevedo.
Naquela ocasião, tripulantes também denunciaram para a coluna ‘Força
Militar’ que os problemas iniciaram logo que a embarcação deixou o cais,
mas o comando decidiu seguir viagem. Há dois anos também ocorreram
focos de incêndio na caldeira, e também foram registrados problemas na
chaminé e nas máquinas.
A estimativa é de o navio tenha custado U$ 12 milhões, mas o problema é
que só para a modernização ainda foram gastos outros US$ 90 milhões,
nos últimos dez anos. Apesar dos evidentes problemas de manutenção,
militares avaliam que se o navio for aposentado, o Brasil não terá mais
uma esquadra — pois é necessário um porta-aviões para tal. Dessa forma,
vários almirantes de esquadra teriam que ir para a reserva.
Nota do site Sociedade Militar: Acabamos de passar por lá e vimos que o navio já está atracado no cais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
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