Com a maior queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para meses
de janeiro em quase duas décadas, desde 1995, os fundos de
investimentos em ações foram as piores aplicações financeiras deste
início de ano. Os fundos Ibovespa Ativo - que buscam superar o
comportamento do Ibovespa, índice de referência do mercado de ações
brasileiro - tiveram perdas de 6,44% em janeiro até o último dia 28,
segundo dados da Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de
Capitais (Anbima). Os fundos Ações Livre - categoria que não segue um
benchmark específico - tiveram perdas de 5,87% no mesmo período.
Segundo Fábio Gallo Garcia, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV)
de São Paulo, as perdas estão ligadas ao mau comportamento das
principais ações da Bolsa, como siderúrgicas, petroleiras, bancos. Ele
explica que indicadores ruins sobre o ritmo de crescimento da economia
da China e o corte de estímulos do Federal Reserve (Fed, banco central
americano) para US$ 65 bilhões mensais explicam uma parcelas dos
prejuízos.
- Foi um janeiro com cara de 2013. E o cenário externo negativo se
somou ao cenário macroeconômico brasileiro, que não tem sido bom:
crescimento baixo, inflação alta. Não há notícias boas para as ações
subirem. E, assim, estamos vendo o Ibovespa patinar nos 50 mil pontos
sem força para se recuperar - disse Garcia.
O Ibovespa fechou janeiro em queda de 7,51%, superado apenas por janeiro
de 1995 (-10,76%) no Plano Real. Foi um dos piores resultados entre os
94 principais índices de ações do mundo, superado apenas por
emergentes como Rússia (9,82%), Turquia (8,77%), Colômbia (8,57%), e
Chile (7,73%). A Bolsa de Tóquio também perdeu mais no mês, 8,75%, mas
subira 56,72% no ano passado.
- Outros emergentes também caíram bastante. Mas chama atenção que
janeiro é o mês que os grandes fundos de investimento refazem as
alocações de suas carteiras para o ano. Parece que não fomos
favorecidos desta vez, como alguns outros emergentes - explica José Costa Gonçalves, diretor da Máxima Corretora.
Os trabalhadores que destinaram recursos do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS) para ações da Petrobras e Vale não escaparam das
perdas. Esses fundos encolheram 12,36% e 11,17%, respectivamente,
segundo as estatísticas da Anbima. Os papéis da Petrobras estão nas
mínimas desde 2008, com preocupações sobre o impacto do aumento do
dólar na defasagem de preços da gasolina e diesel. Já a Vale sofre com
os dados negativos da China, seu maior cliente.
Os investidores de fundos cambiais - que aplicam em diferentes moedas,
principalmente o dólar americano - tiveram a melhor aplicação financeira
do mês. Esses fundos renderam 2,73% até o último dia 28, segundo dados
da Anbima. No mês, o dólar comercial subiu 2,30%, de volta ao patamar
de R$ 2,40. Mas especialistas em finanças não costumam recomendar
fundos cambiais aos clientes, por causa da instabilidade da moeda.
Já as aplicações de renda fixa tiveram resultado misto. Os fundos DI
(pós-fixados) deram um ganho de 0,74%, acompanhando o aumento da taxa
básica de juros, a Selic, que foi elevada para 10,50% neste mês pelo
Comitê de Política Monetária (Copom). Os fundos de renda fixa
(prefixado), no entanto, rendem menos ao longo do ciclo de alta dos
juros e neste mês não foi diferente: ganho de 0,59%, rendimento
inferior ao da caderneta de poupança (0,61%).
Os fundos de investimento renda fixa índices - que rendem juros
prefixados e mais um índice de inflação, geralmente o IPCA - voltaram a
repetir o mau desempenho do ano passado e fecharam janeiro em queda de
0,97%. ( O Globo)
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