Pescadores reclamam da proibição do uso de redes para proteger lagostas.
Segundo eles, são quase 1.200 famílias atingidas pela instrução normativa.
Pescadores
dizem que proibição do uso de tarrafas vai prejudicar 1.200 famílias de
Brasília Teimosa (Foto: Katherine Coutinho/G1)
A festa para São Pedro fecha o ciclo junino no Recife
neste sábado (29). Na comunidade de Brasília Teimosa, na Zona Sul da
capital, a tradicional 'Buscada de São Pedro' reúne pescadores, fiéis e
comunidade em uma procissão que segue da Vila dos Pescadores até o mar,
onde os barcos saem em procissão com a imagem do santo.O andor, enfeitado com rosas brancas e vermelhas, saiu pontualmente às 14h, seguindo pelas ruas da comunidade com orações e músicas religiosas até a Associação de Pescadores, onde o santo era aguardado pelos barcos para a parte marítima do trajeto.
Parte terrestre da buscada (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Neste ano, mais do que um ato de fé, a procissão teve tom de
protesto.Os pescadores reclamam da Instrução Normativa número 10,
expedida pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, que proíbe a pescaria
com tarrafa (rede) para proteger lagostas e o meio ambiente marinho.
Apesar da decisão ser de junho de 2011, os pescadores só começaram a ser
afetados agora, quando precisam renovar a licença para continuar o
ofício.Nos barcos que acompanham o santo, faixas deixam claro que a comunidade não pretende aceitar a decisão. "São quase 1.200 famílias atingidas por essa proibição, 60% de nós usam a rede. Vamos fazer como? Nossa rede não é para lagosta", reclama o presidente da Colônia dos Pescadores, Augusto de Lima.
A aposentada Amara Silva, de 85 anos, sabe bem como o ofício de pescador é importante. "Meu filho, Manuel, é pescador. Viveu a vida toda assim, agradeço a São Pedro que sempre o protegeu. Foi o meu santo que ajudou também a tirar a bebida do meu filho", diz a aposentada, devota desde criança do fundador da Igreja Católica.
A importância religiosa do santo que fecha o ciclo junino é o que motiva o estudante Carlos Felipe Oliveira, de 18 anos, a seguir todos os anos a procissão. "O pai da minha avó era pescador, mesmo a profissão não ficando na família, a devoção fica. São Pedro foi o primeiro papa, estar aqui é também prestar uma homenagem e mostrar que a gente se lembra", acredita o estudante.
Barcos fazem homenagem a São Pedro em Brasília Teimosa (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Para a professora Taciana Melo, o dia é também para pagar promessas. O
sobrinho Jorge, agora com dois anos, ficou muito doente aos dois meses
de idade. "Eu fiz uma promessa e estou aqui cumprindo. Venho todos os
anos", conta Taciana, que fez todo o percurso com o sobrinho no colo.Nascida e criada em Brasília Teimosa, a teleatendente Marizandra Brito se mudou da comunidade quando se casou, mas todos os anos retorna com toda a família acompanhar a procissão. "É um ato de fé cristã, é muito bonito ver como toda a comunidade se une nesse momento", explica.
E há também aqueles que, acreditando estar no fim da vida, assistem a procissão como quem espera encontrar em breve um velho amigo. "Sei que é apenas uma imagem, mas é São Pedro que vai abrir as portas do céu para mim quando me for", diz a aposentada Doralice de Paula, de 93 anos.
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