MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Toyota Corolla XRS banca o radical, mas só na aparência


Apetrechos visuais tentam impor uma esportividade que não é dele.
Desempenho é apenas modesto, mas interior teve boas mudanças.

Rodrigo Mora Do G1, em São Paulo

Spoilers dianteiros dão boa estampa, mas não combinam com desempenho do carro  (Foto: Rodrigo Mora / G1)Spoilers dianteiros dão boa estampa, mas não combinam com desempenho (Foto: Rodrigo Mora / G1)
“Esportivar” carros sem o menor cacoete para performance era uma prática mais cautelosa. Hoje qualquer 1.0 ou 1.4 tem o direito de ter saias laterais, spoilers traseiros e faróis com máscara negra. A receita é quase sempre a mesma, e quase sempre não se estende a assuntos técnicos, como aumento de potência, relação de marcha encurtada ou engates do câmbio mais justos e precisos – no máximo, uma suspensão 1 ou 2 cm mais baixa.
No entanto, há exemplos de razoável bom gosto, como Fiat Uno Sporting, Chevrolet Montana Sport (a antiga, obviamente) e Ford Ka Sport, entre outros. Por outro lado, a falta de limites leva a experiências de gosto discutível, como o Toyota Corolla XRS, que o G1 experimentou durante uma semana.
Penduricalhos
A versão XRS se baseia na XEi 2.0 (a terceira da hierarquia, à frente da básica XLi e da intermediária GLi, e abaixo da topo de linha Altis), o que significa que há entre os itens de série ar-condicionado digital, CD player com entradas USB e auxiliar, computador de bordo com seis funções, controle de velocidade de cruzeiro, volante multifuncional, airbags frontais e laterais, faróis de neblina, acendimento automático dos faróis, espelhos retrovisores externos eletrorretráteis e com indicador de direção, entre outros.
Para poder trocar o sobrenome, o Corolla “esportivo” ganha aerofólio traseiro, faróis escurecidos, saias laterais, frontais e traseiras; e rodas pintadas de cinza. A grade, originalmente atravessada por duas barras, passa a ter só um filete. Internamente, o cinza dá lugar ao preto no revestimento, o volante em couro tem base achatada e é costurado com linha vermelha – presente também nos bancos, em couro preto.
Os inúteis penduricalhos e as (bem-vindas, ainda que discretas) mudanças no interior fazem os R$ 71.630 da versão XEi saltarem para R$ 73.030 no XRS.
Esportividade zero
O Corolla XRS anda como qualquer outro Corolla: fácil de guiar, estável, flutuante sobre pisos irregulares e, no geral, um bom companheiro para todas as situações do dia a dia. O motor 2.0 tem respeitáveis 153 cavalos e garante desempenho decente ao sedã, mas seu potencial se esconde atrás da transmissão. Trata-se de um bom câmbio automático de quatro marchas, mas ainda assim um câmbio de quatro marchas, com todas suas limitações e indecisões.
E a única chance que o Corolla XRS tinha de se conectar, ainda que fragilmente, ao que se chama de esportividade ao volante foi tolhida: incrivelmente, ele não é oferecido – sequer opcionalmente, encomendando ou implorando à Toyota – com o câmbio manual de seis velocidades das versões XLi e GLi.
Saia lateral parece diminuir tamanho das rodas (Foto: Rodrigo Mora / G1)Saia lateral parece diminuir tamanho das rodas
(Foto: Rodrigo Mora / G1)
Aí a saída é forçar no visual. As rodas – que sequer têm desenho diferente ou diâmetro ampliado – são adequadas a qualquer outro Corolla, mas os apêndices nas extremidades do para-choque e as saias lateais impõem um abismo entre as rodas e a carroceria. O aro 16 parece que virou 14. E um discreto spoiler no lugar do aerofólio seria mais palatável.
Internamente, as escolhas foram mais sensatas. Elogios ao teto revestido em tecido preto e o volante de base achatada, de diâmetro exato e pegada agradável. As costuras vermelhas nos bancos novamente insinuam uma esportividade que o Corolla nunca pretendeu ter, mas são de bom gosto.
No final das contas, é bom deixar claro que esta configuração não tira dele as qualidades que o fazem líder do segmento desde 2009. Mas a versão XRS não faz jus ao “X”, ao “R” ou ao “S” do sobrenome. Tampouco às três letras juntas, que sugerem uma opção ainda mais nervosa de um carro já esportivo. E menos ainda ao “RS” em vermelho: de ardido, ele não tem nada.
Toyota Corolla XRS (Foto: Rodrigo Mora / G1)Toyota Corolla XRS (Foto: Rodrigo Mora / G1)

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