Esaú da Silva Santos passou no vestibular da UPE aos 16 anos.
Novo 'doutor' é exemplo de que não é preciso dinheiro para realizar sonhos.
O produtor rural não Severino Carlos da Silva não fazia nenhum esforço para esconder o orgulho de formar um filho doutor. "Vai ser a transformação de um estudante batalhador em um médico eficiente. Para ajudar a quem precisa", disse, emocionado.
O agricultor criou os filhos com a enxada. Mas nenhum deles trabalhou na lavoura. A única obrigação das crianças era com o estudo. "Minha vida inteira foi dedicada aos filhos, para que eles chegassem ao topo da sabedoria, através da educação", conta.
O filho mais velho, Jacó, se formou em Serviço Social pela UFPE e é conselheiro do caçula. "Você vai lidar com pessoas que, além do problema físico, da saúde, ainda podem ter alguma fragilização, seja da família, da comunidade", orienta.
Jacó da Silva Santos não se importa que hoje a atenção de todos esteja voltada para o irmão. Esaú é motivo de alegria da casa. "Esaú, um grande estudante, uma grande pessoa, e por conta dele, está sendo observado todo um trabalho de estrutura familiar, todo um esforço, do meu pai, da minha mãe e meu. Eu fico lisonjeado", completa.
Aos 16 anos, Esaú passou no vestibular de Medicina da UPE, um dos cursos mais concorridos do País. Apesar da conquista, a vida era difícil. Para chegar à universidade, tinha que madrugar e andar 40 minutos a pé até pegar um ônibus. Morando em uma casa simples, na área rural de Jaboatão dos Guararapes, venceu as barreiras para se formar.
Aos 22 anos, chegou a hora de deixar a universidade e partir para o consultório. Mas chegar até aí não foi fácil, e as lembranças são muitas. "Tudo isso é a realização de um sonho que foi sonhado por muita gente e que foi realizado com ajuda de muita gente. Acima de tudo, a família, que é fundamental", agradece o novo médico.
Para conseguir o diploma de Esaú, a família recebeu ajuda de muita gente. A mãe não esquece dos momentos ruins e do apoio que a família recebeu. A dona de casa Quitéria Rejane dos Santos sempre acreditou que o filho conseguiria se formar. "Chegamos a passar fome, a pedir a um vizinho alimento. Foi muito difícil. Mas com a forma que Esaú passou, eu tinha certeza que ele ia conseguir ajuda. Porque ele passou em primeiro lugar, com 16 anos, no primeiro vestibular. Então seria impossível as pessoas verem aquele menino e, podendo ajudar, não ajudar. Tudo de bom para todos, são os meus votos".
Agora, como médico, Esaú sabe que a missão dele, além de salvar vidas, é atender bem e ajudar o paciente. E é exatamente desta forma que o mais recente doutor promete pagar tudo que recebeu. "Cada pessoa que se sentir satisfeita com meu atendimento, se sentir feliz, para mim vai trazer uma sensação de dever cumprido".
Esaú da Silva Santos é um exemplo de que não é preciso ter dinheiro para realizar sonhos. Depois de receber o diploma das mãos do reitor, ele deu o recado: "Acreditem, é possível".
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