MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

FHC defende julgamento do mensalão do PSDB



ITALO NOGUEIRA
VENCESLAU BORLINA FILHO
DO RIO
FOLHA DE SÃO PAULO
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu nesta quarta-feira (19) o início julgamento do mensalão mineiro, que envolve político do PSDB. O tucano afirmou que a análise da Justiça de casos de corrupção envolvendo políticos "deve ser rotineiro".
FHC criticou o fato do julgamento do mensalão, concluído esta semana, ter "parado o país". Para ele, tal atenção mostra que são raros decisões judiciais que envolvam políticos.
"O que eu acho surpreendente é que nos Estados Unidos tem sempre dois, três governadores na cadeia. Não quero ver ninguém na cadeia, não é bom. Mas se fez algo errado e a lei manda ir para a cadeia, vai para a cadeia. No Brasil, se julga alguém importante, o país para olhar o julgamento. Não devia ser assim, devia ser rotineiro. É positivo que tenha acontecido, mas é preocupante que se transforme num fato único, insólito de um julgamento que deveria ser rotina", disse, na Associação Comercial do Rio, onde foi homenageado em almoço com empresários.
Questionado se o comentário incluía a análise do mensalão mineiro, FHC respondeu: "Claro, isso vale para todos. Não sou uma pessoa de ficar... Está ou não errado? Não sou juiz. Não sei. Tem que julgar e julgar rápido."
O mensalão tucano foi um suposto esquema de desvio de recursos públicos e financiamento irregular da campanha eleitoral do então governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que tentava a reeleição em 1998 e perdeu. A Procuradoria-Geral da República propôs denúncia sobre o caso em 2007, e foi aceita no STF (Supremo Tribunal Federal) em 2009.
Esta foi uma das três críticas indiretas ao PSDB durante coletiva de imprensa após o almoço com empresários.
FHC também criticou o governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), por ter integrado o grupo de oito governadores que foram ontem a São Paulo prestar "solidariedade" ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a divulgação de depoimento em que o empresário Marcos Valério, operador do mensalão, o acusou de ser beneficiário do esquema.
"Lamento. Nessa hora temos que separar as coisas. O presidente Lula fez por Alagoas, o governador deve ser grato. Mas a solidariedade não é pelo que ele fez por Alagoas. É, enfim, para evitar que se façam questões sobre o presidente Lula. O próprio presidente Lula deve ser o maior interessado em explicar. Tenho boas relações pessoais com o presidente Lula, mas prestar solidariedade eu lamento", disse o ex-presidente tucano.
O tucano criticou também a conclusão da CPI do Cachoeira sem nenhum indiciamento, fruto de acordo entre o PSDB e o PMDB. Um dos objetivos foi preservar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
"Não estou de acordo com o que foi feito com essa última CPI. Não tenho porque me solidarizar com o erro. Mesmo no meu partido", disse ele.
CRISE INSTITUCIONAL
FHC minimizou a crise institucional entre o Supremo e o Congresso pela determinação da Justiça para a cassação dos mandatos dos deputados condenados no julgamento do mensalão. Para ele, trata-se de uma "falsa crise".
"É uma questão de interpretação. Uma vez que o Supremo toma a decisão de suspender os direitos políticos, não como a pessoa exercê-los. O Supremo informa ao Congresso e ela toma a decisão formal de levar adiante a execução do caso. Fora disso é tempestade em copo d'água."
Ele criticou, porém, o Congresso por "abdicar de ser um poder para apoiar medidas [do governo]".
"Às vezes estão certas as medidas, às vezes não. Mas deixou um vazio. Não exerce o poder que tem, de fiscalização."

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