Ativistas protestam contra falta de avanços no texto da Rio+20

Secretário geral da Organização das Nações Unidas também reclamou.
Ban Ki Moon disse que esperava um documento mais ousado.

Do Globo Rural

O primeiro dia da reunião de cúpula da Rio+20 foi muito movimentado. Ativistas de várias organizações protestaram contra a falta de avanços no documento que está sendo debatido pelos chefes de estado. O secretário geral da Organização das Nações Unidas também reclamou.
Durante toda a quarta-feira (20) as manifestações tomaram conta da cidade. Houve muitos pedidos e protestos. A caminhada de milhares de pessoas pelas ruas do centro teve música e performance. Foi um modo irreverente e criativo para expressar o sonho de todos.
A conferência foi aberta pelo secretario geral da ONU Ban Ki Moon, que não escondeu a decepção com o texto que será analisado pelas lideranças políticas até a sexta-feira (22). Ele disse que também esperava um documento mais ousado e apelou para que os lideres fossem rápidos. Ele disse que a natureza não espera e não negocia com seres humanos.
A presidente Dilma Rousseff cobrou mais responsabilidade dos países desenvolvidos e foi enfática com a erradicação da pobreza. O texto fechado pelos negociadores antes da chegada dos líderes foi criticado por todas as organizações não governamentais que participaram da abertura do evento.
“Tem muita coisa que precisa ser feita. Agora, houve dificuldade para que países desenvolvidos alocassem recursos cumprindo aquilo que deveria ter sido feito desde 1992”, diz Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente.
“Não se pode exigir ambição de ação se não existe ambição de financiamento. Então, quem exige ambição de ação e não põe dinheiro sobre a mesa, está sendo pelo menos incoerente”, diz Luiz Alberto Figueiredo, secretário executivo do Brasil na Rio+20.
No Espaço Humanidade, ministros da área agrícola aproveitam a oportunidade de desenvolver ações conjuntas. O ministro húngaro disse que está interessado em fazer uma parceria com o governo brasileiro na pesquisa com variedades de uva e na produção de alimentos orgânicos. Já o Brasil está interessado principalmente no sistema de irrigação desenvolvido pela Hungria. O acordo de cooperação deve ser assinado depois da conferência.
Vinte e dois ministros de Agricultura estão na Rio+20 com o objetivo de trocar experiências em agricultura sustentável. “Todos têm de aprender com todos. Nós temos alguns países europeus que têm experiências bastante evoluídas na área de agricultura sustentável. Interessa para nós aprender com eles. Tem caso de países em desenvolvimento que ainda não atingiram o nível do Brasil, que tem interesse em adaptar as experiências bem-sucedidas no Brasil para seus países”, diz Célio Porto, secretário de Relações internacionais do Ministério da Agricultura.
A discussão na Cúpula dos Povos mostrou as principais preocupações das mulheres que querem fazer parte do desafio para alcançar a sustentabilidade. Mas reclamam que ainda enfrentam muitas dificuldades. A agricultura Eloice Mendes, de Porteirinha, Minas Gerais, disse que falta informação para a mulher que trabalha no campo e vê a Rio+20 com esperança.
Nesta quinta-feira (20), os participantes da Cúpula dos Povos farão uma assembleia para concluir o texto com as propostas que pretendem entregar aos chefes de estado reunidos no Riocentro.