MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 3 de junho de 2012

Agricultor analfabeto mantém fábrica de farinha de tapioca em Porto Velho


Fécula de mandioca é importada do Paraná.
O produto também é distribuído para o Amazonas.

Marcela Ximenes Do G1 RO

Fabricação manual da farinha de tapioca (Foto: Marcela Ximenes/G1)Fabricação manual da farinha de tapioca (Foto: Marcela Ximenes/G1)

Não sabendo que era impossível, foi lá e fez. Essa máxima se encaixa perfeitamente na vida do agricultor Natan de Oliveira, de 75 anos. Analfabeto, ele precisou aprender sozinho como transformar fécula em farinha de tapioca. Não teve ninguém para dar apoio. Hoje, ele é o maior produtor de farinha de tapioca da região, atende aos municípios de Porto Velho, Ariquemes, Guajará-Mirim, em Rondônia, além de Manicoré e Humaitá, no Amazonas.
A cada dois meses, cerca de 37 toneladas de fécula de mandioca, matéria prima da tapioca, são importadas de Nova Londrina, no Paraná. Em Rondônia não há produção.
Nascido em Porto Velho, no tradicional bairro Triângulo, à beira do Rio Madeira, Natan viveu por décadas na margem direita do rio, onde tinha uma roça de mandioca. Com os filhos crescendo, são 13, o agricultor se viu obrigado a deixar o local para dar às crianças o que ele não teve acesso, escola. “Não podia deixar os meninos sem escola, lá só tinha até o 4º ano. É muita maldade”, comenta Natan.
Por esse motivo, há 10 anos, após muito “bater cabeça”, Natan montou a casa de farinha de tapioca, próxima à enferrujada linha da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, às margens do Madeira. Nos primeiros anos a casa era rústica, a base das máquinas em madeira. Com o tempo, modernizou, apesar de tudo continuar simples.
Na pequena fábrica, seu Natan mantém seis funcionários “dependendo da época”. Eles não são empregados, são diaristas.
Além de produzir a farinha de tapioca, que em Porto Velho é utilizada para fazer bolos, tortas e como complemento no açaí, seu Natan vende farinha da mandioca do tipo “d’água” produzida por agricultores do assentamento São Domingos, do outro lado do Madeira. E não é só. De quinta a domingo ele mesmo vende os produtos nas feiras da cidade.
Mas como um homem com mais de 70 anos, analfabeto, consegue administrar uma fábrica? “Ah, eu sou organizado. Tenho tudo anotado, nada é feito sem antes eu pensar e planejar direitinho”, fácil. Esta é a dica de quem soube investir.

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