Dia internacional da Mulher: Conheça as histórias de mulheres inspiradoras que atuam em cargos de liderança em grandes empresas
Executivas da MadeiraMadeira, Adyen, Sympla, Bio Ritmo, Fisher e outras oito empresas compartilham experiências e desafios de conduzir grandes empresas
No dia 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, que tem como objetivo enfatizar a luta histórica das mulheres - que ainda continua - em busca pela igualdade no mercado de trabalho e em cargos de liderança. Um estudo denominado “Mulheres em Ações”, feito pela B3, evidencia que, no mercado financeiro, há poucas mulheres na alta gestão - a cada 10 empresas da bolsa, 6 não possuem mulheres na alta liderança.
Outro estudo realizado em 2022 pela Grant Thornton mostra que as mulheres estão ocupando 38% dos cargos de liderança, ou seja, menos da metade conta com equidade de gêneros. Sendo assim, há um longo caminho ainda para se percorrer para mudar de fato o cenário e chegar neste equilíbrio dentro do ambiente corporativo. No entanto, evidencia-se que há muitas mulheres pelo Brasil que atuam como agentes da mudança, ficando à frente de grandes equipes, e mostrando como as mulheres são capazes de gerir organizações de forma eficiente e eficaz.
Nesse intuito, para celebrar a data e mostrar os avanços no meio corporativo, reunimos 15 mulheres em cargos de alta liderança para compartilhar um pouco do seu papel no mercado de trabalho, e dos desafios do cotidiano no ambiente organizacional.
Amanda Pinto - CEO da N.OVO
Amanda Pinto é a idealizadora e fundadora da N.OVO Plant Based, foodtech pioneira no Brasil ao produzir e oferecer um substituto para ovos 100% à base de vegetais. Graduada em Administração de Empresas pela PUC-RJ e Pós-graduada em Marketing pela Universidade de Berkeley, Amanda foi nomeada por importantes listas como: FORBES Under 30 e pelo MIT Technology Review como uma "INNOVATOR UNDER 35" e "A INVENTORA DO ANO”.
“A N.OVO é uma empresa que nasceu com o propósito de produzir proteínas alternativas às proteínas animais, contribuindo para o desenvolvimento de sistemas alimentares de mais baixo impacto ambiental”, explica Amanda.
Sua trajetória com a marca, começa em 2017, quando, consciente das causas em prol do meio ambiente e da saúde, Amanda percebeu que os alimentos plant based eram a solução que buscava para os grandes problemas globais que são gerados pela forma com que os alimentos são produzidos. “Na época, eu era head de marketing e inovação da Mantiqueira e sempre me perguntava qual era a melhor forma de produzir comida, considerando, além de nutrição e sabor, o uso de terras e bem estar animal. Passei a pesquisar sobre o assunto, e dediquei mais de 3 anos a viagens para fundamentar minhas pesquisas nos principais núcleos e simpósios mundiais de referência em inovação no Vale do Silício e visitei diversas startups para entender como trazer essa ideia para o Brasil”, comenta. Hoje, a N.OVO é uma empresa com 6 anos de história e já possui alternativas para ovos, maioneses, carne de frango, porco e irá lançar outras novidades em 2023.
Marcela Rezende - VP de Marketing da MadeiraMadeira
Marcela Rezende, VP de Marketing da MadeiraMadeira - maior plataforma de produtos para casa da América Latina - possui 20 anos de experiência no mercado de marketing e branding, e consolidou sua carreira em grandes marcas como L'Oréal, MAC Cosmetics, Bacardi, Grey Goose e Havaianas. Formada em Marketing pela ESPM (São Paulo), Marcela também é pós-graduada em Liderança, Administração e Gestão Empresarial na Universidade de Harvard. Além disso, também é investidora anjo e conselheira de algumas startups.
“Infelizmente, ainda é comum existir somente uma mulher dentro de salas de reuniões, eu mesma já vivi essa situação durante minha trajetória. As pessoas precisam trazer essa pauta para discussão efetivamente, colocando ações em prática para mudar o cenário atual. Sei do meu papel neste cenário e, aqui na MadeiraMadeira, tenho como missão realizar uma gestão que vise a equidade de gênero e diversidade”, diz Marcela.
Maria Mestriner Colli - CEO e fundadora da Pampili
Maria Mestriner Colli, é CEO e fundadora da Pampili, marca líder no segmento do lifestyle infantil feminino que completou 36 anos de história no último mês. Para a profissional, a primeira dificuldade enfrentada em sua trajetória foi a inexperiência em um segmento dominado pelo gênero masculino, já que atuava como farmacêutica e bioquímica. Além disso, Maria estava grávida de cinco meses e tinha 24 anos quando decidiu abrir a empresa. “Era uma jovem sonhadora, com desejo enorme de empreender. Eu engravidei no meio do processo de planejamento e não pensei em desistir em momento nenhum. O meu sócio, que é meu marido, trabalhava em outra empresa, então nesse primeiro momento eu administrei sozinha. Era um segmento novo e eu ainda não dominava, tinham muitas coisas para serem feitas: aprender novas competências, estruturar o time, conhecer o mercado e escolher um nicho relevante para a marca. Isso me colocou em uma posição desafiadora profissionalmente, como pessoa, como mãe, como esposa e como líder”, diz Maria.
Na Pampili, as mulheres ocupam 86% dos cargos e a missão da empresa é transformar o mundo em um lugar melhor para ser menina.
Petra Studholme - CMO do alt.bank (novücard)
Petra Studholme, CMO do alt.bank (novücard) com mais de 30 anos de experiência global no setor financeiro, comenta que quando há a vontade de constituir família e também quando há a necessidade de cuidar de parentes idosos ou frágeis a responsabilidade recai, principalmente, para a mulher que, muitas vezes, precisa fazer uma pausa na carreira - ou abdicar - para tomar conta da situação. Muitas vezes, é nesse período que os colegas do sexo masculino avançam, sendo promovidos a cargos mais altos e ganhando salários maiores, criando uma lacuna de gênero que será difícil de superar.
“As empresas também devem se atentar para o fato de que ter diversidade e inclusão em todos os níveis contribui e traz um importante aprimoramento em qualquer cultura empresarial”, diz Petra.
Amanda Graciano - sócia e líder de inovação corporativa da Fisher Venture Builder
Mesmo com o mercado de tecnologia dominado por homens brancos e Amanda Graciano (sócia e líder de inovação da Fisher Venture Builder), sendo uma mulher, negra e jovem, ela entendeu muito cedo que poderia ir além. Se ainda não havia outras mulheres no ramo, Amanda entendeu que ela poderia ajudar a abrir portas para outras. “Venho de uma realidade em que o dinheiro normalmente falta ou não sobra e você trabalha para pagar as contas no final do mês. Demorou muito para que eu conseguisse ter essa organização financeira que permitisse guardar dinheiro para um investimento”, afirma Amanda.
Graciano ingressou na faculdade de Economia aos 17 anos.“Como mulher negra de uma família simples, a decisão da carreira não é fácil. Eu decidi que não queria seguir as carreiras das pessoas da minha família embora admirasse muito o que eles tinham realizado. Quando eu contei que ia fazer Economia, eles ficaram espantados e perguntaram quem iria me ajudar na carreira, mas no final, eu gostei muito do curso e profissionalmente pude atuar em diversos setores”.
Tereza Santos - CEO da Sympla
Tereza Santos é graduada em Publicidade pela Universidade Anhembi Morumbi, com especialização em Gestão de Relacionamento com o Cliente e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Com experiência de mais de sete anos no mercado de eventos, ela começou na Sympla como diretora de operações, função focada tanto na liderança de operações internas, quanto na garantia de excelência em suporte e experiência do cliente. Desde setembro de 2020, Santos avançou para o C-Suite e atuou como Diretora de Serviços da Sympla, e desde maio de 2021 atua como CEO na companhia.
Foi nomeada pelo veículo Bloomberg Línea na lista das 500 pessoas mais influentes da América Latina em 2022.
À frente da cia, a Sympla ganhou o Jacaré de Ouro e Bronze na categoria Serviços de Solução na Web e Soluções Inovadoras e Novas Tecnologias, pelo Prêmio Caio em 2021. No ano passado, levou em nome da Sympla mais três prêmios Caio, dois de Responsabilidade Social para Fornecedores de Eventos e um de Soluções Inovadoras e Novas Tecnologias.
Paula Raimo - CMO do Casar.com
Paula Raimo é sócia e CMO do Casar.com, maior plataforma de casamentos do Brasil, há nove anos. Para ela, a jornada empreendedora foi um caminho natural, já que três mulheres em sua família possuíam suas carreiras executivas atuando à frente de negócios. Sobre essas referências, comenta: “Ao longo da construção de suas carreiras, elas transformaram preconceitos em competência, objeções em resultados, e obstáculos em potência”.
Para a executiva, as mudanças no mercado podem ser notadas quando o contexto acima pode ser incorporado nas culturas das empresas que têm mulheres na liderança. E, também, na opção de conduta, como no caso dela, com humor e leveza. Raimo enxerga um crescimento de representatividade ao redor, o que aumenta a vantagem competitiva, pois há um quadro de sócios mais diversificado. Além disso, ela afirma que há uma abertura para contratação de pessoas mais diversas, baseada em habilidades necessárias para determinada frente, principalmente em empresas com propósitos sólidos, cultura que aposta na diversidade e é focada em pessoas como seu bem maior.
Dagmar Rivieri - Fundadora da Casa do Zezinho
Nascida no bairro de Santo Amaro, na capital paulista, Dagmar Rivieri, conhecida carinhosamente como Tia Dag, é a fundadora da Casa do Zezinho, uma organização sem fins lucrativos que atende crianças, adolescentes e jovens, de ambos os sexos, com idade entre 6 e 21 anos. Possui formação em pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e também é escritora e educadora social. Em 2009, foi listada como uma das “100 pessoas mais influentes no Brasil”, pela Revista Época.
Tia Dag trabalha na área social há 40 anos e lidera a Casa do Zezinho há 29. Dos 80 funcionários que atuam na Casa do Zezinho, cerca de 80% são mulheres e a fundadora sempre busca identificar essas lideranças, oferecer oportunidades e criar um plano de carreira. A pedagoga explica que estar à frente de uma ONG é sempre precisar superar desafios. “Começamos na ONG com quatro mulheres e, hoje, temos mais de 80 funcionários. Durante esses anos, fomos crescendo, criando novos métodos, comitês, diretorias e principalmente capacitando e ensinando pessoas, pois um líder que não ensina, não delega e não escuta não é um líder”, declara.
Carolina Nucci - CCO da weme
Carolina Nucci é CCO e sócia da weme, consultoria de design e inovação, e co-fundadora da Libri, plataforma que ajuda talentos autônomos a encontrarem as melhores oportunidades de trabalho, lidarem com seus pagamentos, benefícios e cuidarem da sua carreira. Para Carol, a participação feminina nas lideranças é essencial para contribuir com a diminuição dos preconceitos relacionados aos gêneros. “Intencionalmente, nós mulheres em posições de liderança, temos o poder de influenciar o local de trabalho ao nosso redor para torná-lo um campo mais equilibrado não só em gênero, mas também para outros grupos sub-representados”, explica.
A executiva acredita que a igualdade de gênero nos cargos de liderança é um desafio atual das empresas, e que é necessário um esforço para mudar esse cenário. "Acredito que a forma como trabalhamos precisa mudar porque a composição da força de trabalho mudou e o tipo de trabalho que fazemos também. Mas a espontaneidade não é suficiente para mudar o ponteiro de forma consistente na direção de ambientes de trabalho mais diversos, inclusivos e equânimes. É preciso intenção. É preciso repensar o ambiente de trabalho para se conectar e alavancar os diferentes perfis de pessoas em suas diferentes jornadas, cabe a nós quebrar a inércia do “status-quo” todos os dias e liderar esse movimento”, finaliza.
Thaís Fischberg, presidente da Adyen para América Latina
Em janeiro deste ano, Thaís Fischberg assumiu a presidência da Adyen, plataforma de tecnologia financeira preferida de empresas líderes. A executiva, que já atuava na empresa como vice-presidente da área de produtos, agora se torna a primeira mulher a assumir a liderança da empresa para a América Latina. Formada em publicidade e propaganda pela ESPM e pós-graduada pelo Insper, a profissional tem longa experiência no setor de pagamentos, com passagens pela Mastercard, Worldline, Santander e Grupo Movile. Com filiais no Brasil e México, a região teve uma receita líquida de €97.8 milhões no ano de 2022, crescimento de 31% na comparação com 2021, superando os 25% registrados em EMEA (Europa, Oriente Médio e África). Em um cenário global, a empresa alcançou receita líquida de €1,3 bilhão, aumento de 33% na comparação com 2021.
Renata Coutinho, diretora de Previdência e Luciana Marcelino, gerente de sistemas Sr. da Sinqia
Formada em Ciências da Computação, Renata Coutinho entrou no mercado de Tecnologia - segmento que tem homens como maioria - muito cedo e ajudou a conceber inúmeros sistemas do mercado de Previdência. Por isso, a liderança acabou sendo algo natural, muito também pelo fato dele ter amplo conhecimento técnico. No decorrer da sua carreira, percebeu a importância das cotas para a inclusão de mais mulheres em cargos de liderança. “Então, para conseguir dar mais oportunidade para as mulheres de forma mais igualitária, é preciso, obrigatoriamente, inserir as mulheres. Caso contrário, nunca chegaremos lá. Para a gente é sempre muito mais difícil, porque temos que trabalhar muito mais para ter a mesma posição que um homem”, pontua.
Após de mais de 20 anos na área de Tecnologia, Luciana Marcelino comenta que Renata Coutinho foi sua primeira liderança do sexo feminino. A gerente de sistemas concorda que, para chegar a cargos de chefia, as mulheres precisam se preparar mais que os homens. “Para que o mercado seja mais inclusivo, Luciana corrobora o que foi dito por Renata sobre o incentivo a outras mulheres. “É fundamental ter uma liderança feminina para que outras mulheres busquem cargos mais elevados, assim como a criação de programas de incentivo para que cheguem à liderança”, aponta. Luciana dá como exemplo seu próprio dia a dia tendo Renata como sua líder. Segundo ela, a diretora de Previdência da Sinqia a tira de sua zona de conforto de forma positiva, já que se preocupa com seu crescimento. “A Renata sempre comenta que eu, quanto mulher, preciso me valorizar profissionalmente positivamente e promover meu marketing pessoal. Entendo que, desta forma, minha líder tem um cuidado especial com meu crescimento”, finaliza.
Michelle Wadhy e Márcia Queirós são co-fundadoras da Fast Escova
Fundada pelas empreendedoras Márcia e Michelle em 2018, a Fast Escova é a maior rede de escovarias da América Latina com 190 franquias no Brasil no segmento da beleza.
Michelle é formada em Administração de Empresas e MBA em gestão comercial, tem mais de 20 anos no mercado à frente de grandes empresas nacionais e multinacionais, dentre elas a mais relevante é a Avon Cosméticos, onde foi responsável pela gestão de mais de 30 mil pessoas. Márcia também é formada em Administração e empreendedora por paixão.
Para Michelle, o maior desafio no mundo dos negócios é saber administrar o tempo. “Tempo é nosso ativo mais precioso , pois ele não volta. Ser dona do seu tempo faz a diferença para que seu dia seja mais leve e suas escolhas mais assertivas ”, explica.
Julia Michelin, Diretora geral da Bio Ritmo
Pensando na importância, como um caminho para o empoderamento feminino, Julia Michelin, Diretora geral da Bio Ritmo, traz alguns destaques sobre o equilíbrio em cargos relacionados ao mundo fitness. “Na Bio Ritmo, trabalhamos ativamente para buscar cada vez mais um ambiente diverso e inclusivo, com uma maior participação de mulheres. Além de uma questão social, também é uma estratégia inteligente para o sucesso do negócio”, comenta Julia.
Ao longo dos anos, foi observado um aumento gradual em relação à representação feminina dentro da empresa, principalmente em cargos de liderança. Hoje, a Bio Ritmo tem uma média de 635 colaboradores, dos quais 48% são mulheres e 52% são homens. Há uma distribuição relativamente igualitária entre homens e mulheres na empresa em geral. “Um movimento que se deu devido alguns fatores, como mudança cultural em relação a igualdade de gênero, cada vez mais presentes, onde reconhecemos a importância da diversidade que a presença feminina traz como benefícios significativos para a organização”, explica a diretora.
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