MEDIÇÃO DE TERRA

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segunda-feira, 27 de março de 2023

Convocação para protesto contra possível prisão mostra a extensão do poder de Trump

 

BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

Uma postagem mobilizou as autoridades republicanas: muitos correram para apoiar o ex-presidente, denunciando um promotor democrata que o investigava. Maggie Haberman, do NYT, para o Estadão:


Desde que anunciou suas intenções de voltar ao poder, o ex-presidente dos EUA Donald Trump mostrou que não precisa estar na presidência para influenciar a política americana. O episódio mais recente envolve a investigação federal sobre um possível suborno da ex-atriz pornô Stormy Daniels para ocultar um caso entre os dois em 2016, quando ele disputou a presidência. No fim de semana, Trump foi a público dizer que seria preso nesta terça-feira, 21. Ele ainda conclamou seus partidários a protestar e tomar a nação de volta.

Embora um indiciamento seja mais provável que uma prisão, a declaração do ex-presidente fez com que líderes republicanos corressem para defendê-lo e atacar o promotor Alvin L. Bragg, o democrata responsável pela investigação (nos Estados Unidos líderes do Ministério Público a nível distrital são eleitos por voto popular).

O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, terceira maior autoridade do país, escreveu no Twitter que a investigação de Bragg era um “abuso de poder” e que ele orientaria os comitês do Congresso a investigar se algum dinheiro federal estava envolvido - uma ameaça velada em um momento importante antes de Bragg deixar seus planos claros.

Outros republicanos também criticaram as acusações, entre eles possíveis rivais de Trump nas primárias, como Vivek Ramaswamy e o ex-vice-presidente Mike Pence.

O senador JD Vance, de Ohio, que apoiou Trump na campanha de 2024, disse que uma acusação politicamente motivada torna o argumento a favor de Trump mais forte. E tanto ele quanto a deputada Elise Stefanik, uma firme apoiadora de Trump em Nova York, acusaram Bragg e seus colegas democratas de tentar transformar os Estados Unidos em um “país do terceiro mundo”.

A manifestação em torno de Trump evocou os dias após a eleição de 3 de novembro de 2020, quando seus dois filhos mais velhos pressionaram muitos republicanos importantes - que esperavam que o presidente admitisse a derrota - a lutar em seu nome.

As autoridades da cidade de Nova York se preparam para uma possível agitação em resposta a uma acusação antes do apelo à ação de Trump na manhã de sábado. E enquanto alguns republicanos não ecoaram seu pedido de protestos ao defendê-lo, relativamente poucos se opuseram publicamente a eles.

O domínio de Trump sobre o partido já ultrapassou em muito seu tempo no cargo. Embora as eleições de meio de mandato de 2022 tenham revelado suas fraquezas na escolha de candidatos, ele continuou a submeter o Partido Republicano à sua vontade.

Na ocasião, abraçar a mentira de Trump de que a eleição de 2020 teria sido roubada tornou-se um teste decisivo para os candidatos que buscam seu apoio. Muitos deles ecoaram e ampliaram suas falsas afirmações, corroendo a confiança dos eleitores no processo eleitoral. Trump também exerceu grande influência em várias questões importantes nas primárias republicanas.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022, Trump inicialmente descreveu isso como uma tentativa “inteligente” de obter controle sobre as terras de outro país. Ele não repetiu esse elogio, mas se manifestou contra o tratamento da Ucrânia como uma prioridade nacional.

Sua posição ressoa com grande parte da base de votação republicana. Mas Trump, como ex-presidente e líder nas pesquisas primárias republicanas, ajudou a definir o tom do partido. E isso preocupou autoridades internacionais, que previram que a vitória de Trump na indicação presidencial de 2024 poderia fraturar a coalizão bipartidária em Washington por trás da ajuda à Ucrânia.

Ainda é impossível avaliar o impacto de um indiciamento sobre as pretensões de Trump voltar à Casa Branca. Não ser candidato significa que Trump não terá o mesmo protagonismo nem o poder de quando foi presidente. Mas a força do republicano nunca derivou inteiramente do cargo em si. Ele passou décadas construindo uma base de fãs em todo o país e se retratando como sinônimo de sucesso nos negócios, embora essa imagem nem sempre fosse verdadeira.
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