MEDIÇÃO DE TERRA

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quarta-feira, 17 de julho de 2024

A integração tecnológica e a gestão eficiente na Segurança Pública no Brasil

 


Por Raquel Gallinati*

A segurança pública no Brasil enfrenta desafios complexos que exigem soluções integradas e inovadoras. Um dos maiores desafios é a necessidade de uma intervenção eficiente do Estado para garantir a ordem e a segurança em um cenário marcado pela desigualdade social e conflitos. Nesse contexto, a gestão administrativa, tanto no setor público quanto no privado, emerge como uma ferramenta essencial para aprimorar as atividades policiais e, consequentemente, melhorar a segurança pública. A transparência das ações estatais e a aplicação de modelos de gestão por resultados são fundamentais para alcançar uma atuação policial mais eficaz. Além disso, as inovações tecnológicas nas Smart Cities oferecem novas oportunidades para enfrentar esses desafios de maneira integrada e eficiente.

A desigualdade social é um fator determinante na geração de conflitos e criminalidade no Brasil. A distribuição desigual de renda, educação e oportunidades cria um ambiente propício para o aumento dos índices de criminalidade. Portanto, essa realidade exige do Estado uma intervenção que vá além da simples repressão ao crime, buscando soluções estruturais que promovam a equidade e a justiça social.

Para tanto, a transparência nas ações policiais e a gestão por resultados tornam-se princípios essenciais para uma administração pública eficiente. A divulgação de dados detalhados e a análise contínua das atividades policiais permitem uma avaliação precisa da atuação das forças de segurança. No entanto, essa transparência deve ser acompanhada de uma gestão que utilize indicadores de desempenho para monitorar e aprimorar os processos internos, garantindo uma resposta mais eficaz às demandas da população.

Adicionalmente, a inteligência policial desempenha um papel crucial na identificação de padrões criminais e na alocação eficiente dos recursos. A coleta e análise de dados sobre os tipos de crimes, suas localizações e frequência são fundamentais para a implementação de estratégias preventivas e repressivas mais eficazes. Dessa forma, a integração dessas informações permite uma atuação mais precisa e proativa das forças de segurança.

As Smart Cities representam um avanço significativo na gestão urbana, utilizando tecnologias da informação e comunicação para otimizar a infraestrutura e os serviços públicos. Essas cidades inteligentes visam melhorar a qualidade de vida dos cidadãos por meio de soluções integradas que abrangem desde a mobilidade urbana até a segurança pública. Ao adotar essas inovações, é possível enfrentar os desafios da segurança pública de maneira mais eficiente e coordenada.

Há exemplos de sucesso em Smart Cities e segurança pública aplicados ao redor do mundo como Singapura, e Barcelona.

Singapura é um exemplo de Smart City que utiliza tecnologias avançadas para garantir a segurança pública. O governo implementou um sistema de vigilância abrangente, com câmeras inteligentes espalhadas pela cidade, integradas a uma central de monitoramento que utiliza inteligência artificial para identificar atividades suspeitas. A cidade também utiliza drones para patrulhamento e resposta rápida a incidentes.

Barcelona adotou uma abordagem integrada de segurança pública, utilizando sensores e câmeras para monitorar a cidade em tempo real. A implementação de plataformas de dados abertos permite que a população participe ativamente na segurança da cidade, reportando incidentes e colaborando com as autoridades. Essa estratégia resultou em uma redução significativa nos índices de criminalidade.

No Brasil, Santos vem implementando diversas iniciativas voltadas para a segurança pública em uma abordagem de Smart City. Desde setembro de 2020, Santos dispõe de um moderno Centro de Controle Operacional (CCO), localizado em uma área de 1 mil m² no subsolo do paço municipal (Praça Mauá s/n°, Centro). Esta central de inteligência monitora a cidade 24 horas por dia, utilizando câmeras instaladas em pontos estratégicos, o que permite uma resposta mais rápida a diversos tipos de ocorrências (crimes, acidentes de trânsito, alagamentos, entre outros). O CCO integra os trabalhos da Guarda Municipal, Defesa Civil, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Ouvidoria, Transparência e Controle, e Polícia Militar, contando com a supervisão e apoio da Secretaria de Governo.

Casos de sucesso em cidades como Singapura, Barcelona e Santos mostram que é possível alcançar resultados positivos por meio da integração tecnológica e da participação ativa da população. Replicar essas experiências no Brasil requer investimentos, parcerias estratégicas e uma gestão orientada por resultados, sempre com o objetivo de garantir a segurança e o bem-estar da sociedade.

*Raquel Gallinati é secretária de Segurança Pública de Santos, delegada de polícia e diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil

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Delegada e secretária de segurança pública de Santos (SP), Raquel Gallinati
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