Cerimônia foi realizada em São Paulo nesta sexta-feira, 26, com a presença do ministro Márcio França e do secretário nacional Adalberto Maluf
Uma
solução pioneira para reduzir a poluição plástica no país e promover a
reciclagem e a circularidade. Nesta sexta-feira, 26, a Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Associação
Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) lançaram a Plataforma
Recircula Brasil. Com um sistema de rastreabilidade de resíduos
plásticos, a partir de notas fiscais eletrônicas, a ferramenta registra
desde a origem até a reinserção da matéria-prima na fabricação de novos
produtos.
“A
plataforma Recircula Brasil vai certificar e dar segurança para os dados
relativos a plásticos reciclados e utilizados em toda a cadeia
produtiva. Isso é muito importante, porque garante a circularidade da
nossa economia e o acesso de produtos brasileiros a mercados
internacionais que começam a subir barreiras sobre isso”, afirmou o
presidente Ricardo Cappelli, na cerimônia realizada na sede da
Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo
dados da Abiplast, a reciclagem mecânica de plástico pós-consumo
atingiu 25,6% em 2022. A pesquisa também destaca um crescimento
expressivo desde 2018, com um aumento de 46% no volume e de 42,6% no
faturamento por tonelada produzida, chegando a R$ 3,1 milhões. Além
disso, a produção pós-consumo alcançou um recorde de 1,1 milhão de
toneladas, um incremento de 9% em relação a 2021.
Primeira plataforma brasileira a certificar efetivamente a circularidade dos materiais, o Recircula Brasil surge com o objetivo de elevar esses índices.
“Hoje damos visibilidade para esse produto, para essa plataforma, de
forma que possamos mostrar para todas as outras cadeias, outros
serviços, um serviço que está disponível pelo governo brasileiro”,
reforça o presidente-executivo da Abiplast, Paulo Teixeira.
A
iniciativa responde a desafios propostos pela Nova Indústria Brasil
(NIB). A política, lançada pelo Governo Federal no início do ano, prevê
metas e ações prioritárias a serem implementadas nos próximos 10 anos
relacionadas a sustentabilidade, economia circular, inovação e
tecnologia.
Além
disso, a plataforma foi reconhecida como modelo de excelência no
combate à poluição plástica em documento do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (PNUMA/ONU). O
texto elogia a capacidade do sistema de rastrear plásticos reciclados e
monitorar todo o processo, desde o descarte até a reutilização.
“Hoje
é um marco para a gente. Além de ser uma iniciativa pioneira, ela vai
ao encontro de tudo que a indústria de plástico gostaria, que é se
tornar cada vez mais amigável e com mais benefícios para a sociedade”,
destacou o presidente dos Conselhos da Abiplast e do Sindiplast-SP, José
Ricardo Roriz Coelho.
A
Abiplast é membro integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Industrial (CNDI). “Temos um grande potencial na reciclagem, de você
usar cada vez menos matéria-prima, reutilizar, reciclar os produtos e
dar uma nova atividade nobre para ele. E o Recircula Brasil tem essa
grande função”, completou.
Participação empresarial
Ao
monitorar todo o percurso dos plásticos reciclados, a plataforma
Recircula Brasil atesta a origem dos materiais e confirma que o produto
contém plástico reciclado, garantindo transparência e confiabilidade.
Essa abordagem não só assegura o reaproveitamento dos materiais, mas
também promove confiança e segurança no processo de reciclagem,
beneficiando consumidores e empresas.
“O
Recircula vai permitir que as empresas saibam se o plástico que elas
estão usando é, de fato, reciclado. Isso vai ajudar os pequenos
empreendedores”, pontuou o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa
e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França. “A rastreabilidade vai
valorizar o trabalho dos recicladores”, defendeu.
Lastreada
de operações formais, com as notas fiscais eletrônicas, o Recircula
Brasil vai conferir maior segurança jurídica às empresas, permitindo a
recicladores, transformadores e usuários de embalagens e produtos
plásticos a comprovação de suas operações.
Além
disso, ao ajudar a identificar produtos efetivamente reciclados, pode
auxiliar no combate à bitributação. Isso porque ainda há um gargalo
apontado pela Receita Federal na diferenciação entre o que é composto
por material reciclado e o que é composto por material virgem, sendo um
obstáculo para a discussão sobre incentivos e benefícios tributários.
“É
necessária a isonomia tributária para a economia circular. A cada
ciclo, as matérias-primas são taxadas e tributadas com as mesmas
alíquotas de matérias-primas virgens”, comentou a analista de
Produtividade e Inovação da ABDI e responsável pelo projeto na Agência,
Talita Daher. “Existem poucos benefícios para a cadeia de reciclagem, e a
plataforma pode ajudar dando comprovação de conteúdo, segurança e
compliance para as empresas”, acrescentou.
Ampliação
Desde
o início da fase piloto, o Recircula Brasil já verificou mais de 14 mil
toneladas, a partir de 10.112 notas fiscais eletrônicas adicionadas. A
partir do lançamento oficial, a expectativa é atingir índices muito
maiores, já que, no país, o mercado de reciclagem é composto por 1,6 mil
empresas que se dedicam somente à reciclagem de materiais plásticos.
Por
ano, o mercado plástico brasileiro gera 7,05 milhões de toneladas.
Apenas as embalagens plásticas são responsáveis por 3,4 milhões de
toneladas desse total. Excluindo as embalagens plásticas para alimentos,
que ainda não podem utilizar produtos com conteúdo reciclado, é
possível certificar cerca de 2,3 milhões de toneladas de embalagens.
Um
decreto em edição pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima
vai tratar da circularidade do plástico e estabelecer que as empresas
comprovem cerca de 25% de conteúdo reciclado em seus produtos no
primeiro ano. A meta será ampliada e, com isso, há potencial para a
certificação de 558 a 736 mil toneladas de embalagens nos cinco
primeiros anos após a publicação do decreto, previsto para o próximo
mês.
“Garantir a
rastreabilidade dos produtos é essencial para que a gente possa
promover uma política de economia circular”, ressaltou o secretário
nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do
Meio Ambiente e Mudança do Clima, Adalberto Maluf. “A criação
dessa ferramenta é um marco para a política pública brasileira da
logística reversa, uma plataforma tão importante para garantir
essa rastreabilidade”, completou.
Outros
setores, além das embalagens, também podem exigir a comprovação de
conteúdo reciclado para demonstrar a sustentabilidade da produção. É o
caso, por exemplo, do setor do alumínio e do automotivo. O objetivo é
tornar o Recircula Brasil um instrumento de política pública,
assegurando transparência e rastreabilidade na cadeira produtiva.
“O
Brasil tem um sistema de rastreabilidade muito eficiente, que é a nota
fiscal eletrônica. Então tudo que é comercializado em nota fiscal
eletrônica é possível ser rastreado, e a plataforma Recircula Brasil
pode fazer esse trabalho”, explicou Fernando Bernardes, CEO e fundador
da Central de Custódia, verificador de resultados da plataforma.
“Fazemos análises de dados com isonomia e imparcialidade para garantir
que a cadeia do plástico tenha a rastreabilidade devida que o setor
merece”, apontou.
Para a diretora de Economia
Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, pequenas
soluções podem ajudar a construir um país melhor. “Aqui é um momento
histórico para o Brasil todo. A ABDI, na sua missão de promover o
desenvolvimento da indústria, está apresentando às indústrias
brasileiras uma solução para reduzir a poluição do planeta e deixar
essas empresas mais competitivas”, completou a diretora.
“A ABDI sai na frente, é vanguarda nos cuidados com o nosso planeta quando a gente bota na mão da indústria brasileira as condições necessárias para ela se ajustar com novas tecnologias, inclusive para competir nacional e internacionalmente com qualquer outra empresa. Recircula Brasil é menos lixo, menos plástico e menos emissões de gases”, definiu.
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