A pandemia trouxe muitas novidades para o mundo. As lives e os podcasts explodiram enquanto bilhões de pessoas eram obrigadas a ficar em casa. Contudo, a tecnologia trouxe algo para a educação que será aproveitado até as próximas décadas, o ensino híbrido.
Enquanto muitos cursos ficaram o ano de 2020 e 2021 de forma online e sem previsão de retorno, outros conseguiram adotar o sistema híbrido onde durante alguns dias na semana as aulas eram realizadas de forma à distância e apenas 1 ou 2 dias da semana presencialmente.
Muitas empresas passaram a enxergar nesse sistema uma forma interessante de vender conteúdos preparatórios e de capacitação profissional. Sem a necessidade de ter os alunos 100% do tempo, a estrutura poderia ser adaptada somente para aulas presenciais.
Além disso, a agenda ganharia horários bem estruturados para receber as poucas aulas e os professores não teriam mais tanta necessidade de ir até a unidade e permanecer até os horários estipulados.
Diferentemente de uma empresa de bico para lavador de gases, pois por se tratar de um serviço que demanda que os funcionários estejam presencialmente, é exigido o cumprimento pleno da carga horária.
Muitos alunos conseguiram adentrar no ensino por conta dos valores mais acessíveis, afinal, é bem mais barato para a faculdade manter servidores online do que simplesmente ter uma unidade amplamente ativa e funcionando.
Somente o Brasil é composto por mais de 200 milhões de pessoas e em São Paulo uma única Universidade pode abrigar mais de 150 mil alunos. Imagine a estrutura necessária para comportar todos eles, além de ter de fiscalizar e preparar todo o material.
Esses são alguns dos pontos positivos que as aulas híbridas geraram durante a pandemia. Além disso, se uma pessoa trabalha, por exemplo, com serviço de retifica de motores e recebe uma demanda urgente, ela pode deixar de ir à aula e ativamente fazer o trabalho.
Ao chegar em casa ou se preferir no final de semana, esse indivíduo pode assistir à aula que perdeu, afinal, na maioria dos casos ela foi gravada e consequentemente não perderá o conteúdo. Até mesmo as atividades podem ser repassadas por outros colegas.
A verdade é que chegamos na época onde o ensino superior ou uma capacitação profissional técnica não necessariamente é sinônimo de saber, mas garante apenas o certificado para realizar a função pela qual o indivíduo que atuar.
Não é mais como há 30 anos quando a universidade era uma exclusividade de pessoas de classe alta. Hoje é vista como uma obrigação ou até mesmo um pontapé inicial de muitos jovens que sequer vão trabalhar naquilo que estão formados.
Por conta da democratização da educação, jovens formados nas mais diversas áreas vão para empregos que não são necessariamente formados para aquilo, como após uma graduação em direito um jovem pode acabar trabalhando em uma fundição de peças em aço.
Portanto, investir milhares de reais em uma universidade de alto custo nem sempre pode ser a solução para conseguir uma boa vaga no mercado de trabalho. Em diversos casos um bom estágio atrelado a formação acadêmica de nível “ok” já garante uma boa experiência.
Falamos isso, pois há muita discussão no sentido de que o sistema de aula híbrida jamais se igualará a qualidade do sistema 100% presencial que é verdade é alguns casos como a medicina ou a gestão de profissionais mais técnicas como de um torneiro mecânico.
Existem áreas que diferem entre si
Imagine um cenário onde distribuidores de correias transportadoras precisam de uma peça para uma máquina específica que só é desenvolvida em um lugar e se a empresa não tiver o acesso à máquina presencialmente não será capaz de produzir a peça.
Em alguns casos o contato quanto mais próximo e mais vezes, maiores a chances de realizar um trabalho cada vez melhor. É como dirigir um carro manual, onde no início todos têm dificuldades, mas com o passar do tempo o carro vira uma extensão do corpo.
Podemos imaginar também uma pessoa que precisa fazer a impressão em chapa de acrílico de uma empresa. Esse tipo de serviço exige um contato presencial, mas a pessoa que faz o projeto e mexe apenas com o software não necessariamente.
Podemos pensar em diversas profissões onde essa ideia não necessariamente é uma verdade absoluta, mas é inegável que está presente em alguns casos.
Designer gráfico, por exemplo, onde a maioria dos estudantes utilizam programas de edição que podem ser instalados em seu computador. Não havendo a necessidade de sair de casa para ter uma aula onde será utilizado o mesmo programa do computador de casa.
Muitos alunos antes da pandemia até preferiam utilizar seus próprios programas unicamente para evitar o uso dos da universidade pelos mais diferentes motivos. É claro que não generalizamos, afinal o Brasil é composto por diferentes classes sociais.
A condição de cada um é particular, mas ao existir a possibilidade de um sistema de ensino nesse estilo é extremamente interessante, pois facilita muito quando utilizado de forma correta.
É algo totalmente diferente do serviço de conserto de resfriadores de ar industrial, pois é preciso de um técnico que tenha acesso físico com o produto para então fazer o trabalho de forma correta e plena.
Desenvolvimento individual
Acreditamos em diversos pontos positivos que conseguimos obter ao estudar no sistema híbrido. Ele pode não ser tão atrativo para o jovem de 17 anos que deseja curtir as festas com as atléticas da faculdade, por exemplo
Mas aos olhos de uma mãe solteira pode ser a oportunidade de finalizar seus estudos sem ter de deixar os filhos com alguém. Diversos educadores como o professor Pierluigi Piazzi entendem que professor é um canal da informação, por isso, ele precisa conhecer o aluno.
Não se conhece uma pessoa simplesmente pela voz e uma foto ou um webcam que raramente pode ser aberta. Os maiores mestres identificam a situação dos alunos de imediato. Pela fala, resposta ou expressão corporal.
É inegável que todos esses sentimentos e troca de informação entre o docente e o aluno só pode ocorrer com um contato físico, ou seja, presencial. Nem sempre o indivíduo tem a disciplina para estudar sozinho e desenvolver tudo o que a profissão pede.
Parte da função do professor e da universidade é convencer o aluno que o caminho do conhecimento é árduo e seu desenvolvimento individual passa pela progressão da disciplina e do contato com o público externo.
Já imaginou uma empresa de manutenção preventiva de disjuntores, prestar o serviço sem nunca ter feito antes? Ou um advogado que nunca frequentou um júri durante a sua formação? Quem sabe um professor de letras que nunca leu um livro?
Essa talvez seja a principal questão que envolve outra discussão acalorada no Brasil que é o homeschooling tirar do Estado o dever de educar as pessoas e deixar essa responsabilidade aos pais.
Muitos são aqueles que concordam e discordam, assim como o caso do ensino híbrido, mas a verdade é que cada pessoa de certo modo sabe suas condições. É claro que nossas mentes mudam com o tempo, o jovem de 17 anos é diferente do homem ou mulher de 30.
Já estão sendo produzidos diversos artigos e existem outras dezenas de reportagens que mostram que afastar uma pessoa da sala de aula pode ser prejudicial, contudo, existem diversos relatos de jovens que aproveitaram e muito esse estilo de aulas e se deram bem.
Portanto, sobre o desenvolvimento individual que o ensino híbrido pode trazer, a verdade é que ainda se trata de uma incógnita. A ideia de ter espaço para realizar tal ato deve ser difundida de modo responsável pelas empresas.
Afinal, o ensino híbrido exige das pessoas uma certa disciplina que durante o período da escola são poucos os jovens que a tem. Um pensamento individualista diria que cada pessoa faz o que quiser com sua vida, mas sociologicamente falando pode ser um problema.
Considerações finais
Longas foram as argumentações que trouxemos até aqui e de fato muitas são as opiniões sobre o ensino à distância ou o ensino híbrido. De destaque positivo podemos dar:
Acesso fácil ao estudo democrático;
Valores mais acessíveis;
Horários flexíveis;
Possibilidade de acesso a estágios antes do prazo;
Disciplina e organização pessoal.
Esses pontos são relevantes de serem levados em conta devido à necessidade do brasileiro de se capacitar para o mundo atual e do péssimo ensino público que infelizmente presenciamos diariamente. Em casos extremos, sequer lápis são oferecidos na escola.
Dos pontos negativos dessa inovação pandêmica temos:
Aumento de fraudes e charlatões metidos a professores;
Baixo desenvolvimento individual e profissional;
Falsa sensação de estar competindo com o mundo real;
Elitizar a educação somente para convidados de grife.
Nesse caso, a educação híbrida também pode segmentar aquilo que seria algo para unir e transformar os indivíduos em serem pensantes capazes de aprimorar a sociedade como um todo.
A verdade é que mesmo com prós e contras a educação híbrida veio para ficar e esperamos que todos possamos aprender a usufruir dela da melhor forma possível.
Lembre-se, da mesma forma que ao fechar um serviço de montagem de painel elétrico industrial, você precisa pesquisar muito bem antes de adquirir o serviço, com a educação não pode ser diferente, pesquise muito bem e saiba se você tem perfil para esse método.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.
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