Infectologista consultor do Minuto Saudável comenta o aumento dos casos e fala sobre sintomas, tratamento e prevenção
São Paulo, 7 de julho de 2022
– Segundo o Ministério da Saúde, já estão confirmados mais de 100 casos
de varíola dos macacos no Brasil, distribuídos em diferentes estados
como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Paraná, Rio Grande
do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a doença, antes restrita a países do continente
africano, está surgindo em países que não tem histórico da doença, já
ultrapassando os 6 mil casos pelo mundo. O surto global foi declarado
por representantes da OMS como “incomum e preocupante” e levou o
Ministério da Saúde a instalar, em maio, uma Sala de Situação para
monitorar e investigar os casos, e o Instituto Butantan a recém-criar um
comitê para estudar a criação de uma vacina.
“Ao
mesmo tempo em que estão sendo medidos os riscos de uma pandemia de
varíola dos macacos, a comunidade médica está acompanhando a evolução
dos casos e trazendo a público as características de contágio, sintomas,
prevenção e possíveis tratamentos”, comenta Dr. Marcelo Mostardeiro,
infectologista e consultor do Minuto Saudável. “Trata-se de uma zoonose viral transmitida de animais para humanos, causada pelo vírus monkeypox”, explica.
O
vírus foi identificado pela primeira vez em 1958 em macacos importados
da África para a Dinamarca. Em humanos, os primeiros registros foram nos
anos 1970, na República Democrática do Congo. Desde então, a doença
passou a ser detectada em países nas regiões central e ocidental da
África, e mais recentemente teve o seu primeiro caso registrado na
Europa, continente que deu início ao novo surto.
“Uma
investigação epidemiológica está em andamento para tentar identificar o
motivo do surto atual, mas ainda não se sabe a causa do surgimento em
países que não têm o histórico da doença, uma vez que esses casos não
tiveram vínculo epidemiológico com alguém que tenha tido contato com
pessoa que veio de regiões endêmicas da África, ou que tenha ido para
algum desses países”, afirma Mostardeiro.
Quais os sintomas da doença?
Inicialmente,
explica o infectologista, os sintomas da doença são inespecíficos, como
dor no corpo, dor de cabeça, febre (38,5 graus C), gânglios
(linfonodos) inchados, mal-estar geral. Cerca de 2 a 3 dias após, há o
surgimento de manchas vermelhas e bolhas pelo corpo.
Com
taxa de mortalidade expressivamente menor em comparação à varíola
humana (erradicada nos anos 1980), a varíola dos macacos é uma doença
com letalidade de 3% a 10%, sinalizando
que casos mais graves podem ocorrer. Vale destacar que existem duas
variantes da doença, conhecidas como África Ocidental e África Central,
sendo a primeira mais branda, e a segunda mais virulenta e perigosa. O
atual surto tem sido associado à primeira variante.
Como acontece a transmissão?
“A
transmissão acontece pelo contato físico (principalmente as mãos),
fluidos corporais, contato sexual, através de secreções respiratórias e
compartilhamento de objetos como roupas, roupas de cama, ou qualquer
objeto de uso comum”, aponta o especialista.
Como é feito o diagnóstico?
“O
diagnóstico para confirmar a suspeita da doença é feito por exame de
biologia molecular ou sequenciamento genético da secreção das feridas”,
diz Mostardeiro. “No caso de contágio, o isolamento é necessário, até
que não haja mais lesões na pele. Além disso, a interrupção da
transmissão é feita com isolamento dos casos, monitoramento dos seus
contatantes, uso de máscara e lavagem frequente das mãos.
Existe vacina ou tratamento disponível?
Não
há vacina disponível no Brasil e os remédios receitados ajudam apenas a
controlar os sintomas da doença. A maioria dos pacientes se recupera
apenas com repouso relativo, hidratação oral (ingestão de líquidos),
medicações para controle dos sintomas, como febre ou dores, afirma.
Quais os métodos de prevenção?
“Assim
como na prevenção contra a Covid-19, a forma de se proteger contra a
varíola dos macacos passa pelo uso de máscara, lavagem frequente das
mãos e o distanciamento social”, ressalta Marcelo.
Em
caso de suspeita de varíola dos macacos, é preciso procurar rapidamente
o serviço de saúde para diagnóstico, tratamento e interrupção do
contágio.
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Sobre Dr. Marcelo Mostardeiro - Mestre
pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), especialista em
Infectologia pela Sociedade Brasileira de Infectologia, e especialista
em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Atua no
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo como médico
infectologista do Serviço de Moléstias Infecciosas e como preceptor da
residência médica em infectologia. Atuou como médico infectologista e do
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Transplantes
Euriclydes de Jesus Zerbini por 16 anos.
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