Reportagem de Leandro Prazeres, O Globo de hoje, domingo, revela que a Petrobrás e a Eletrobrás vêm destinando verbas de publicidade para sites que pregam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo, assim como uma intervenção militar no Brasil. Além disso, espalham torrentes de fake news. Leandro Prazeres obteve esses dados através da Lei de Acesso à Informação.
Nos últimos anos a irrigação financeira desses canais totalizou 28.845 anúncios que geraram 390.714 reproduções de matérias dessa procedência com a mesma origem financeira. O Globo publica a relação dos anúncios divididos pelos canais desse tipo de comunicação.
E OS ACIONISTAS? – Na minha opinião, tal atividade atinge o próprio governo Bolsonaro, pois, afinal de contas, os desembolsos influem negativamente, é claro, nos resultados obtidos pelas duas estatais. Como as duas empresas possuem ações na Bolsa de Valores, os débitos são lançados nas contas dos acionistas. Quem são os grandes acionistas?
Nas duas empresas a União controla mais de 51% das ações. Como se vê são injeções financeiras que não produzem retorno. Ao contrário: atingem, como se constata agora, a credibilidade da onda de comunicação que se espalha pelo universo das redes sociais.
Aliás, é quase incrível a atuação governamental na área publicitária de modo geral. São contratos que envolvem publicações nos jornais que seriam publicadas inteiramente sem pagamento desde que vão ao encontro do interesse público.
ANÚNCIOS REAIS – O caso dos anúncios caracterizados como tal, são outra história. Tratam de informações de sentido institucional e construtivo. Mas nas sombras dos setores de comunicação, que deveriam ser jornalísticos, atuam assessorias que nada entendem do assunto.
O repórter Renato Onofre, na Folha de São Paulo, também aborda o assunto e afirma que existem fake news que atacam negócios com a China, como se sabe. a maior fonte no comércio internacional brasileiro.
DEFESA DA DEMOCRACIA – Em matéria publicitária publicada hoje pela Folha de São Paulo, profissionais de direito, advogados e magistrados, pronunciam-se contra campanhas antidemocráticas que ameaçam o futuro próximo de nosso país, e ameaçam os poderes constitucionais, como é o caso do Congresso Nacional e do STF. O título (“Basta”) reproduz um artigo do Correio da Manhã de 30 de março de 1964 contra o governo João Goulart. Este artigo foi sucedido por três outros: “Fora”, “Basta e Fora”, e o quarto, “Basta: Fora a Ditadura”. O artigo foi confirmado pela realidade dos fatos.
MARCOS SÁ CORREA – Está no Google: o brilhante jornalista Marcos Sá Correa, filho de Villas Boas Correa, retornou às atividades que o consagraram como grande analista e repórter na política brasileira. O jornalismo portanto está de parabéns.
Marcos Sá Correa é o autor da reportagem que com base em pesquisa na Biblioteca Lindon Johnson revelou a interferência do governo americano num movimento político militar de 31 de março de 64. Não foi a causa principal da queda, mas vale o registro histórico. Devemos fixar na memória que Jango Goulart rompeu com as forças com as quais não podia ter rompido. Estatizou refinarias particulares, ameaçou a desapropriação de terras, lançou as bases de uma reforma urbana, além de ter se reunido com sargentos no fatídico encontro de 31 de março no Automóvel Clube do Brasil. O Automóvel Clube do Brasil desapareceu. Mas o local deve ficar na memória dos historiadores.
JK E DOM HELDER – Por falar em historiadores lembro um fato que marcou a favor da posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República.
Foi a carta aberta que D. Helder Câmara dirigiu a Carlos Lacerda, que pregava o golpe contra o resultado das urnas de 1955. Um dos trechos da carta deve ter realçada sua importância. Escreveu D. Helder Câmara:
” Carlos, você fala em tanques e canhões. Você os teme ou os deseja? Faz-me parecer que você os deseja se eles estiverem a seu lado”
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