Por: Roberto José
Maré avança e causa destruição
no litoral do Extremo Sul Baiano, notadamente em Belmonte, onde ocorreu
invasão da área da praia denominada Mar do Moreno, onde ficam as
barracas e cadeiras, chegando até a uma praça da cidade, onde há o
Monumento do Caranguejo. Só este ano, foi a segunda vez que a maré
invadiu áreas da referida cidade.
Nesse contexto é importante trazer à
tona o conceito de praia ou região costeira, o qual trata-se de um
ecossistema frágil devido a sua localização na interface
continente-oceano-atmosfera, onde os processos físicos, químicos,
biológicos e geológicos característicos desta zona de interação atuam de
forma dinâmica. A estabilidade sedimentar (da areia) e morfológica (da
forma) de uma região costeira (praia) é controlada, na escala regional,
pelo balanço entre os processos meteorológicos (chuva e vento),
oceanográficos (correntes de deriva costeira) e as descargas fluvial e
sedimentar (rios da região), configurando o impacto do homem, mais um
fator determinante sobre o balanço sedimentar e a morfologia da linha de
costa, segundo aponta a pesquisadora Ignácio (2007).
Assim, podemos de pronto, apontar que as
construções na linha de costa no Brasil, mas especificamente no Sul
Bahia, onde ocorrências nos últimos anos de erosão marítima e invasão de
maré, com destruição de construções (residências, molhes ou esporões,
estradas), a por exemplo as praias do Norte de Ilhéus, dentre os outros
motivos por associação a construção do Porto do Malhado – que interferiu
diretamente na corrente de distribuição de sedimentos (areia) ao longo
da costa em direção norte. Uma vez que estas construções invadiram a
linha direta de atuação de maré, algumas delas ilegais na construção no
denominado “terreno de marinha”, que significa, área de influência e
atuação das marés ou do mar e não da força armada Marinha do Brasil.
Nos últimos dias, do final do mês de
julho e início de agosto deste ano, tivemos no extremo sul baiano a
presença de uma área de instabilidade (massa de baixa pressão), gerando
chuvas intensas e ondas, conforme figura acima, associado a esse
fenômeno atmosférico, temos a incidência da maré de lua nova, o que
explica de forma geral as ocorrências de invasão de maré na linha de
costa de algumas áreas do Sul e Extremo Sul da Bahia.
Quando descrevemos as marés, é
importante mencionar a força da Lua em fases cheia ou nova, cujo
resultado será de maré está alta; quando as fases são crescente ou
minguante, será de maré baixa. Mas não é a Lua em si, apenas, que
determina o volume das águas no oceano, mas uma equação de forças
gravitacionais que envolve o satélite terrestre, o Sol e a própria
Terra, podemos ser potencializada pelo efeito de fenômenos atmosféricos
locais e até do tipo de linhas de costa e tipo de praia.
Assim, observamos na figura acima, a
ação das marés, na forma esquemática os seus feitos, para melhor
entendimento. A situação da letra A: sem maré ou sem amplitude de maré;
B: maré lunar ou Lua Nova, nela o Sol, Terra e Lua estão alinhados e
somam, portanto, suas forças gravitacionais na linha equatorial. É a
fase na qual a maré é alta com grande amplitude. Na letra C, temos a
denominada maré lunissolar ou maré de Sizígia. Assim, na Lua cheia, os
três astros voltam a se alinhar, e o resultado são marés fortes e mais
intensas, gerando a denominada maré de Sizígia, tendo o ponto onde se
concentra a maior tensão gravitacional é bem na Linha do Equador.
Por fim, é importante enfatizar que a
linha de costa ou as praias são afetadas por fatores alguns de origem
natural e intrinsecamente relacionados à dinâmica costeira (balanço de
sedimentos, variações do nível relativo do mar, dispersão de sedimentos,
etc; outros relacionados a intervenções humanas na zona costeira (obras
de engenharia, represamento de rios, dragagens etc.). Assim, em escala
mundial, alguns autores estimam que cerca de 70% das linhas de costa do
mundo estejam experimentando erosão, relacionado ao aquecimento global. O
que tem despertado a atenção de cientistas e planejadores em todo o
mundo para este fenômeno, a compreensão de suas causas e o que fazer
para minimizar os prejuízos materiais decorrentes do mesmo. E nós,
simples mortes do Sul da Bahia, o que tem feito? As gestões municipais
costeiras estão preparadas? Em fim.
Roberto José é
geógrafo, Especialista em Planejamento de Cidade, Especialista em
Engenharia de Tráfego, Mestre em Geografia, graduando em Direito.
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