MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 4 de agosto de 2019

DESTRUIÇÃO POR FORÇA DA MARÉ SUL DA BAHIA: UM EFEITO DA LUA NOVA E INSTABILIDADES ATMOSFÉRICAS NO OCEANO ATLÂNTICO.

Por: Roberto José

Maré avança e causa destruição no litoral do Extremo Sul Baiano, notadamente em Belmonte, onde ocorreu invasão da área da praia denominada Mar do Moreno, onde ficam as barracas e cadeiras, chegando até a uma praça da cidade, onde há o Monumento do Caranguejo. Só este ano, foi a segunda vez que a maré invadiu áreas da referida cidade.
Praia do Mar Moreno – Belmonte – Extremo Sul da Bahia
Nesse contexto é importante trazer à tona o conceito de praia ou região costeira, o qual trata-se de um ecossistema frágil devido a sua localização na interface continente-oceano-atmosfera, onde os processos físicos, químicos, biológicos e geológicos característicos desta zona de interação atuam de forma dinâmica. A estabilidade sedimentar (da areia) e morfológica (da forma) de uma região costeira (praia) é controlada, na escala regional, pelo balanço entre os processos meteorológicos (chuva e vento), oceanográficos (correntes de deriva costeira) e as descargas fluvial e sedimentar (rios da região), configurando o impacto do homem, mais um fator determinante sobre o balanço sedimentar e a morfologia da linha de costa, segundo aponta a pesquisadora Ignácio (2007).
Assim, podemos de pronto, apontar que as construções na linha de costa no Brasil, mas especificamente no Sul Bahia, onde ocorrências nos últimos anos de erosão marítima e invasão de maré, com destruição de construções (residências, molhes ou esporões, estradas), a por exemplo as praias do Norte de Ilhéus, dentre os outros motivos por associação a construção do Porto do Malhado – que interferiu diretamente na corrente de distribuição de sedimentos (areia) ao longo da costa em direção norte. Uma vez que estas construções invadiram a linha direta de atuação de maré, algumas delas ilegais na construção no denominado “terreno de marinha”, que significa, área de influência e atuação das marés ou do mar e não da força armada Marinha do Brasil.
Direção, altura das ondas, chuvas e ventos.
Fonte: cptec.inpe.br
Nos últimos dias, do final do mês de julho e início de agosto deste ano, tivemos no extremo sul baiano a presença de uma área de instabilidade (massa de baixa pressão), gerando chuvas intensas e ondas, conforme figura acima, associado a esse fenômeno atmosférico, temos a incidência da maré de lua nova, o que explica de forma geral as ocorrências de invasão de maré na linha de costa de algumas áreas do Sul e Extremo Sul da Bahia.
Quando descrevemos as marés, é importante mencionar a força da Lua em fases cheia ou nova, cujo resultado será de maré está alta; quando as fases são crescente ou minguante, será de maré baixa. Mas não é a Lua em si, apenas, que determina o volume das águas no oceano, mas uma equação de forças gravitacionais que envolve o satélite terrestre, o Sol e a própria Terra, podemos ser potencializada pelo efeito de fenômenos atmosféricos locais e até do tipo de linhas de costa e tipo de praia.
Assim, observamos na figura acima, a ação das marés, na forma esquemática os seus feitos, para melhor entendimento. A situação da letra A: sem maré ou sem amplitude de maré; B: maré lunar ou Lua Nova, nela o Sol, Terra e Lua estão alinhados e somam, portanto, suas forças gravitacionais na linha equatorial. É a fase na qual a maré é alta com grande amplitude. Na letra C, temos a denominada maré lunissolar ou maré de Sizígia. Assim, na Lua cheia,  os três astros voltam a se alinhar, e o resultado são marés fortes e mais intensas, gerando a denominada maré de Sizígia, tendo o ponto onde se concentra a maior tensão gravitacional é bem na Linha do Equador.
Por fim, é importante enfatizar que a linha de costa ou as praias são afetadas por fatores alguns de origem natural e intrinsecamente relacionados à dinâmica costeira (balanço de sedimentos, variações do nível relativo do mar, dispersão de sedimentos, etc; outros relacionados a intervenções humanas na zona costeira (obras de engenharia, represamento de rios, dragagens etc.). Assim, em escala mundial, alguns autores estimam que cerca de 70% das linhas de costa do mundo estejam experimentando erosão, relacionado ao aquecimento global. O que tem despertado a atenção de cientistas e planejadores em todo o mundo para este fenômeno, a compreensão de suas causas e o que fazer para minimizar os prejuízos materiais decorrentes do mesmo. E nós, simples mortes do Sul da Bahia, o que tem feito? As gestões municipais costeiras estão preparadas? Em fim.
Roberto José é geógrafo, Especialista em Planejamento de Cidade, Especialista em Engenharia de Tráfego, Mestre em Geografia, graduando em Direito.

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