MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Carta de FHC não tinha nada a ver e não propiciou resultado algum


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Ninguém entendeu bem o que FHC estava pedindo
Eduardo Oinegue
O Globo  

O PSDB disputou a presidência sete vezes e perdeu cinco. Quatro de seus generais foram derrotados. Mário Covas (1989), José Serra (2002 e 2010), Geraldo Alckmin (2006) e Aécio Neves (2014). Na semana passada, quando as pesquisas autorizavam especulações sobre uma possível sexta derrota, Fernando Henrique Cardoso fez uma carta aberta aos eleitores. Único tucano a chegar à presidência, propôs a união dos candidatos “que não se aliam a visões radicais” em torno de um nome em “melhores condições de êxito eleitoral”. Para FH, esse nome é Alckmin. “Ainda há tempo para deter a marcha da insensatez”, escreveu.
FHC forma entre os maiores intelectuais brasileiros e entre os grandes políticos da nossa história. É o único ex-presidente que, entrando num restaurante, colhe aplausos, não vaias.
DOIS EQUÍVOCOS – Seu chamamento, no entanto, tende a ser lembrado por um duplo equívoco. O primeiro é comparar uma campanha eleitoral à luta do bem contra o mal. O mal é Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, os líderes das pesquisas no momento. E o bem, todos os que se disponham a desistir em favor de Alckmin, ajudando a combater o mal. Fica no ar um viés religioso, que não combina com o ex-presidente.
Outro equívoco da carta é a visão quase imperial do processo eleitoral, como se ainda fosse possível manter ou conquistar um reino por arranjo matrimonial entre herdeiros da monarquia. Ainda que o casamento saísse, quem disse que os eleitores de Marina Silva, Álvaro Dias, João Amoedo e Henrique Meirelles migrariam para Alckmin? Muitos optaram por esses candidatos justamente porque não gostam do PSDB. Até agora, FH não atraiu adeptos à sua tese.
MESMAS REGRAS – Vale lembrar que as regras que dão a Bolsonaro e Haddad a liderança nas pesquisas são as mesmas que já beneficiaram o PSDB com quatro idas ao segundo turno e duas vitórias em primeiro turno. Convém ainda recordar que os políticos, entre eles os tucanos, tiveram várias legislaturas para aprovar uma reforma política que fortalecesse os partidos e reorganizasse o sistema eleitoral, mas não deram muita bola para isso.
As três grandes mudanças nesse campo, feitas nos últimos 50 anos, ocorreram todas de fora para dentro. As duas primeiras foram conduzidas pelo regime militar, que instituiu o bipartidarismo em 1965 e depois retomou o pluripartidarismo, em 1979.
E HAJA PARTIDOS – Em 1983, havia cinco partidos no Congresso Nacional. Na legislatura iniciada em 1987, 12. Após a redemocratização deu-se uma explosão: 19 partidos em 1991, 21 em 2007, 22 em 2011, e 28 em 2015. Hoje são 25 partidos ali — todos de olho nos 20 mil cargos no governo.
A distorção até foi enfrentada em 1995, quando o Congresso aprovou a cláusula de barreira, que sufocaria os partidos nanicos, como o PSOL, a Rede e o PSL de Bolsonaro. A lei entraria integralmente em vigor na eleição de 2006. E então veio a terceira alteração de fora para dentro, quando o Supremo Tribunal Federal considerou a lei inconstitucional. O que fizeram os políticos que hoje lamentam a opção dos eleitores de 2018, chamada por FH de “marcha da insensatez”? Nada.
(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)
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