ITUPEVA (SP) – Fabricantes chinesas estão no Brasil desde 2007, quando a Effa lançou o lastimável M100. Desde então, muitas marcas têm sofrido resistência do consumidor e da própria indústria brasileira, que fez lobby para estrangular a entrada dos chineses logo depois que a JAC entrou no mercado com Fausto Silva como garoto propaganda.
A Chery é uma das que penam por aqui, assim como JAC e Lifan. No entanto, foi a única que conseguiu construir uma fábrica por aqui (a Lifan tem uma linha CKD no Uruguai), de onde saem modelos como Celer e QQ. Agora a marca quer dar a volta por cima. Se uniu à Caoa, grupo que fez com que a Hyundai se posicionasse como marca de luxo no país, ao contrário do restante do planeta. O primeiro fruto dessa união é o Tiggo 2.
Trata-se de hatch aventureiro, que herdou a carroceria do Celer. Com 4,20 metros e pouco mais de 2,5 metros de distancia entre-eixos, chega para flanquear no degrau “morfológico” entre hatches e utilitários-esportivos (SUV), como o JAC T40. É oferecido em duas versões: Look e Act, com preços de R$ 59.990 e R$ 66.490, na ordem.
Como é de praxe nos modelos chineses, o pacote de equipamentos é farto, o que contrapõe com o preço final. Mas segundo o presidente da Caoa Chery, Márcio Afonso, os valores agressivos são possíveis devido à economia de escala da matriz. “Tudo na China é multiplicado por 10 em volume. Isso nos dá uma competitividade muito alta”, explica.
Montado em Jacareí (SP), o Tiggo 2 revela evolução na qualidade de acabamento e montagem. Mesmo que seja decorado com plásticos duros, o que não difere de modelos como Renault Duster ou Ford EcoSport.
Rapidinha
Testamos rapidamente a versão topo de linha Act, com mimos como câmera de ré, multimídia de 8 polegadas com conexão Android Auto e Apple CarPlay, revestimento parcial em couro, teto solar, direção elétrica, ESP e assistente de partida em rampa (Hill Holder).
O motor 1.5 de 115 cv e a caixa manual de cinco marchas não fazem dele um campeão de vigor. Pelo contrário, é um dos mais anêmicos do mercado, mas cumpre bem a função de um aventureiro urbano. Outro senão é o para-brisas, tão inclinado que o torna baixo para motorista e carona. O motorista até consegue ajustar a altura do assento, mas o banco do passageiro é fixo, o que faz com que ocupantes com mais de 1,70 metro viajem com a cabeça raspando no teto.
Automático
Por hora o aventureiro só será oferecido com transmissão manual, mas uma caixa automática será incluída no portfólio até o fim do semestre. Assim, convém a quem se animar a investir no jipinho aguardar mais um pouco e optar pelo automático.
(*) Viajou a convite da montadora