Maria Nogueira precisava entregar documento para atualizar auxílio-reclusão.
Servidores voltaram ao trabalho nesta quinta (1); médicos seguem parados.
Maria
Nogueira, de 37 anos, sentou no chão da agência e chorou após ser
informada que não seria atendida (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
"Não sei o que vou fazer", diz em lágrimas a trabalhadora rural Maria
Luzinete Nogueira, de 37 anos, após ser informada que ficaria sem
atendimento no INSS, em Rio Branco, nesta quinta-feira (1), primeiro dia
de trabalho após os mais de 70 dias de greve.
Moradora de um ramal no Km 105, da BR-364, ela conta que acordou às 4h
e, para chegar à agência, precisou pedir dinheiro emprestado."Estou doente, tenho problemas de coluna, já estive no hospital esses dias, estou com dor, falta de ar e tontura. Nem comer consegui, porque saí de casa muito cedo. Não querem me atender, disseram que eu faça pelo telefone, mas não sei mexer com isso, porque não tenho leitura. Não tenho como vir outro dia, porque hoje tive que pedir dinheiro emprestado. Moro muito longe. Não sei o que vou fazer. Se não entregar, eles cancelam o benefício. É a nossa renda", diz.
Servidores
do INSS voltaram a trabalhar nesta quinta-feira (1) e grandes filas se
formaram nas agências de Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
A acreana Elizângela Ramos, de 32 anos, veio de Manaus (AM), cidade
onde atualmente está morando, para tentar fazer a perícia e solicitar
que possa ter acesso a esse serviço na nova cidade. Ela está no Acre
desde o início de setembro para fazer exames médicos e a perícia no
órgão, marcada para o dia 15 do mesmo mês. Apesar do retorno dos
servidores do INSS, a greve dos peritos continua no estado - somente 30% do trabalho está sendo feito."Moro em um estado longe, estou em uma casa emprestada. Minha perícia estava marcada para o dia 15 de setembro e não foi possível porque estavam em greve. Estou esperando, só quero fazer a perícia e tentar transferir meu benefício para Manaus. Me disseram para voltar aqui no dia 19 de outubro e não sei o que vou fazer, porque não tenho como ficar indo e voltando para Manaus. Já estou sem dinheiro", fala.
Elizângela Ramos, de 38 anos, veio de Manaus só para ser atendida em Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
O trabalhador agrícola Antoniesio Monteiro, de 47 anos, veio da zona rural de Rio Branco
para tentar resolver o auxílio-doença, que parou de receber desde maio.
Sem poder trabalhar depois de duas cirurgias devido a um cisto na
cabeça, ele conta que acordou às 4h para tentar ser atendido cedo. Ele
não conseguiu, por causa da data do agendamento, inicialmente marcada
para a quarta-feira (30)."Vim para eles me darem meu auxílio. Desde maio não me pagam. O INSS entrou em greve e eu fiquei sem receber. Marcaram minha perícia para o dia 30 de setembro e não pude porque estava em greve. Uso esse dinheiro para comprar meus remédios. Gasto em torno de R$ 300 por mês só com isso", acrescenta.
Antoniesio Monteiro, de 47 anos, também não conseguiu fazer a perícia devido à greve (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
O gerente de uma das agências do órgão, Kennedy Afonso, explica que o
único serviço que ainda segue parado são as perícias médicas. Ele frisa
que apenas 30% da demanda está sendo realizada, pois os médicos ainda
permanecem em greve. Ele acrescenta que alguns serviços podem ser feitos
por telefone."Na agência do Centro estão sendo atendidos somente aquelas pessoas que têm agendamento marcado para hoje [quinta-feira 1]. Os demais atendimentos, estamos encaminhando para a agência do Bosque. Estamos trabalhando para poder atender à demanda", explica o gerente.
Pedindo organização no atendimento, segurados interrompem trânsito
Em frente à agência localizada na Avenida Getúlio Vargas, em Rio Branco, onde funciona a gerência Executiva do órgão, segurados pararam o trânsito pedindo mais organização no atendimento. O protesto causou um extenso congestionamento na via. A população alegou que, depois de mais de 70 dias com os serviços do órgão parados, precisa receber atendimento e as atividades têm que ser mais bem setorizadas para não causar tumulto.
Greve do INSS no Acre
Após mais de 70 dias em greve no Acre, os servidores do INSS decidiram durante assembleia, no dia 24, pela suspensão da paralisação no estado. Os atendimentos, segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Acre (Sindsep-AC), foram normalizados a partir desta quinta-feira (1).
O gerente Kennedy Afonso, que liderou o movimento grevista, afirma que a categoria se sente vitoriosa. No entanto, ele garante que a volta das atividades não significa o fim da greve, mas apenas uma suspensão. Dentre os avanços, ele aponta a permanência de 100% da gratificação para aposentados.
"Essa greve é vitoriosa porque desde fevereiro estávamos sem negociação, mas o governo só foi sentar para dialogar conosco depois que nós paramos o Brasil. Não conseguimos os 100% que quériamos, mas tivemos alguns avanços, principalmente com relação à questão da gratificação de desempenho que os colegas aposentados e os que vão se aposentar já têm pelo menos a perspectiva de que em 2019 vão estar com a gratificação 100% incorporada. Nós suspendemos a greve e estamos em estado de greve", fala.
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