MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Cidade da paquera: 79% dos turistas no Carnaval eram solteiros, aponta pesquisa


“Carnaval de Salvador só presta para quem está solteiro. É época para namorar, pra sair", diz estudante
Clarissa Pacheco (clarissa.pacheco@redebahia.com.br)
Oito dias de Carnaval em Salvador significam uma coisa: milhares de pessoas na rua, curtindo a festa atrás do trio elétrico, nos blocos, na pipoca ou nos camarotes. Não é difícil, no meio da multidão, ver centenas de casais aos beijos. Mas não duvide se muitos deles tiverem sido formados ali mesmo, no calor da folia. De acordo com pesquisa Dataqualy, encomendada pela Prefeitura de Salvador, 79% dos turistas que vieram à capital para o Carnaval de 2015 são solteiros.
Cidade da paquera: 79% dos turistas no Carnaval eram solteiros, aponta pesquisa(Foto: Arquivo Correio)
A pesquisa ouviu 949 turistas estrangeiros, do interior da Bahia e de outros estados brasileiros entre os dias 19 e 22 de fevereiro. A consulta foi feita na rodoviária e no aeroporto da capital e também fez perguntas sobre idade e sexo dos turistas, grau de instrução, local de origem, além de avaliações sobre a festa, como o nível de participação popular e se eles pensam em voltar nos próximos anos.
“Carnaval de Salvador só presta para quem está solteiro. É época para namorar, pra sair. Eu mesmo só fui solteiro e nem sei como iria me comportar se eu estivesse casado, ia ser mais complicado”, diz o estudante Victor Araújo, de 21 anos, que este ano veio pela terceira vez de Aracaju.
Não é que a festa seja proibida para os comprometidos. Victor, inclusive, até acha que este ano havia mais casais que em anos anteriores. “Foi mais fraco, não foi como no ano passado, o povo estava mais de casal, mas deu para curtir. Ano que vem estarei aí de novo”, garantiu o estudante.

Sergipe, onde Victor mora, foi o segundo entre os estados brasileiros que mais enviaram turistas a Salvador para a festa: 13,4% dos entrevistados pela pesquisa. Para o vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Salvador e Litoral Norte, Silvio Pessoa, a pesquisa acerta na amostragem.
“Eu nunca fiz esse levantamento, mas, pela minha convivência diária, é bem provável que a pesquisa seja correta. Eles não vêm sozinhos, mas vêm solteiros, vêm com amigos. São grupos de amigos solteiros, porque é difícil você sair sozinho no Carnaval”, aponta Silvio.
Perfil
Além de solteiros, os foliões da festa de Salvador são, em sua maioria, homens (53%), com idade entre 25 e 34 anos (40%). Entre os visitantes, 91% têm nível superior completo ou estão cursando faculdade. É o caso de Jonas Diego, 31, formado em Administração e solteiro, que saiu de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, para conhecer a festa pela primeira vez.
Carnaval de Salvador só presta para quem está solteiro. É época para namorar, para sair
Victor Araújo, estudante de Sergipe
Minas ficou em quarto lugar no número de turistas: 11,2%. “O objetivo de ir pra festa de Salvador é voltar casado de lá. Comigo não aconteceu, mas eu vou voltar no ano que vem pra casar. O pessoal de Salvador é muito bacana. Amei as pessoas daí, da própria cidade, elas interagem com as outras pessoas”, afirma Jonas. Ele também faz parte dos 29,8% de visitantes que nunca tinha vindo ao Carnaval de Salvador.
O chefe de gabinete da Prefeitura de Salvador, João Roma, afirma que as inovações do Carnaval têm agradado ao público local e também aos turistas. “Acho que, em alguns pontos, a festa evoluiu. O Carnaval tem suas tradições seculares, mas existem avanços culturais, aprimoramentos, como o advento de música eletrônica, que não havia”, afirma Roma.
De Feira a Israel
Entre os turistas estrangeiros, os visitantes da Argentina e de Israel se destacam. Enquanto os argentinos são 12,6% dos turistas entrevistados, os israelenses respondem por 11,9%. Logo depois vêm os franceses (10,4%), chilenos (6,9%) e espanhóis (6%).
Ainda segundo a pesquisa, as cidades do interior do estado que mais enviam turistas à festa são Feira de Santana (12,6%), Cruz das Almas (7,5%), Alagoinhas (4,7%), Castro Alves (4,4%) e Jequié (4,1%). Os brasileiros de outros estados vieram, em sua maioria, de São Paulo (16,3%), Sergipe (13,4%), Rio de Janeiro (12,8%), Minas Gerais (11,2%) e Pernambuco (9,3%).
Caiu na rede
Solteiros aparecem para curtir o Carnaval, mas não vão só a Salvador. O grupo Match.com, desenvolvedor de aplicativos como o Tinder e o Par Perfeito, criou o aplicativo Beija Eu, voltado especificamente para a folia e com configurações especiais em sete cidades brasileiras: Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Florianópolis e Fortaleza.
O objetivo de ir para a festa de Salvador é voltar casado de lá. Vou voltar no ano que vem para casar
Jonas Diego, turista de Minas Gerais
Para a gerente de produtos para celular do Match.com na América Latina, Rochane Garcia, a ideia do aplicativo surgiu justamente para ajudar solteiros curtidores no Carnaval e no pré-Carnaval. Mesmo antes da festa, o aplicativo já contava com 10 mil usuários.
“A gente atua no mercado de dates (encontros) há muito tempo, então a gente pensou por que não criar um aplicativo para eventos específicos, para atender a esse público solteiro, que busca conhecer gente no Carnaval”, diz Rochane. “Pessoas que vão para o Carnaval vão estar também (no aplicativo), enquanto o Tinder e o Par Perfeito são para a vida toda”, explica.
Até o último dia 16, o aplicativo teve 25 mil downloads em todo o Brasil. Pessoas de todo o país poderiam baixar o aplicativo, mas somente pessoas nas sete capitais citadas poderiam buscar paqueras por bloco ou camarote, por exemplo. “O período maior de downloads foi de sexta a segunda-feira (de Carnaval)”, diz Rochane.
Ocupação de hotéis na folia alcança 92% em Salvador
O vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Salvador e Litoral Norte, Silvio Pessoa, afirma que, este ano, a ocupação hoteleira na capital chegou a ter um pico de 92% durante alguns dias do Carnaval. O índice é quatro pontos percentuais maior que o de 2014: 88%.
Pessoa diz ainda que uma pesquisa interna do setor também apontou que os 2 milhões de foliões — incluindo soteropolitanos e turistas — que curtiram a festa em Salvador gastaram, em média, R$ 2 mil na folia. “Isso dá R$ 4 bilhões que entraram na economia da cidade, sem contar hotel e passagem aérea. Ou seja, o baiano faz festa, trabalha e ganha dinheiro com isso”, avalia Pessoa.
Ele diz aprovar os novos formatos da festa, com trios menores, fanfarras e espaço para o folião pipoca. “Está aparecendo um novo formato, mas bloco de corda, trio e camarote não vão acabar. Mas vai ter minitrio, fanfarras, bandas de sopro. Temos que ter Carnaval em vários pontos da cidade”, diz Pessoa.

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