por
Noemi Flores
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Idosos lamentam que não tenham nada a festejar no dia internacional
deles, hoje, apesar do Estatuto do Idoso ser sancionado em 2003, após
11 anos muitas cláusulas não são cumpridas nem obedecidas pela
sociedade.
E dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), 2013, apontam que a população idosa
no Brasil já alcança 26,2 milhões e a estimativa é de que nos próximos
20 anos esse número mais que triplique.
Na Bahia, no último censo de 2013, o Instituto de Estatística apontou um total de 1.885 milhão
e em Salvador e Região Metropolitana 408 mil pessoas entre 60 a 70 anos
ou mais, sendo que deste total 776 mil no estado não são alfabetizados e
na capital e RMS 63 mil .
Para a presidente da Federação das Associações de Aposentados Pensionistas e Idosos do Estado
da Bahia (Feasapeb), Marise Costa Sansão, “não adianta se ter uma longa
vida, mas sem dignidade porque a situação da maioria dos idosos baianos
não é boa, pois 75% recebem aposentadorias de um salário mínimo e a
maioria está em situação difícil devido ao acúmulo de empréstimos
consignados.”
Também o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria
e Gerontologia (SBGG), João Bastos Freire Neto, chama a atenção de
princípios básicos para que o cidadão viva com dignidade, através de um
preparo para o envelhecimento populacional em suas diversas esfera:
saúde, social, educação, econômica. “Os números mostram que esta nova
realidade do perfil populacional não só bate à porta, mas a escancara. É
preciso estabelecer novas diretrizes para atender às demandas da
velhice”, afirma o presidente.
Apesar de todos os problemas enfrentados e lamentar que a
categoria não tem o que festejar, Marise Sansão convida todos para um
grande evento hoje às 9 horas na Casa do Aposentado, na Mouraria, e
cita:
“A ONU vem lutando por nossos direitos, em outros
países até que ocorre, onde idosos são tratados com dignidade, mas aqui
no Brasil a repercussão é mínima, não temos apoio dos governos para
nossos direitos. Por isto neste dia queremos homenagear a todos os
idosos e incentivá-los para que continuem lutando por seus direitos”.
A SBGG destaca e pede reflexão para a forma como a
população vê o idoso e, também, quanto às fragilidades que ainda existem
no que cabe a assistência à saúde do idoso. Segundo a entidade,
existem apenas 1000 geriatras no Brasil, uma média de apenas um geriatra
para cada 20 mil idosos, conforme dados recentes do Conselho Federal de
Medicina (CFM).
“Os direitos e necessidades dos idosos ainda não são
plenamente atendidos. No que diz respeito à saúde do idoso, o Sistema
Único de Saúde (SUS) ainda não está adequado para amparar esta
população”, afirma o geriatra.
Ele acrescenta que os mais velhos acabam sendo levados
para as emergências/urgências (Unidades de Pronto Atendimento) e,
consequentemente, em situação mais grave e já com indicação de
internação hospitalar. “Quadro que poderia ser evitado, caso houvesse o
atendimento adequado no momento correto”, assegurou Freire Neto.
A presidente da Feasapeb enfatiza que o idoso ainda sofre muita
discriminação por parte da sociedade, principalmente na reinserção no
mercado de trabalho. “A grande maioria se aposenta, mas ainda está apta
para trabalhar, pois os rendimentos da aposentadoria não dão para
sobreviver. E, muitas vezes, não encontra oportunidade no mercado de
trabalho devido à idade”, lamentou.
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