Lívia Assad estuda sociabilidade no mestrado de Cultura e Territorialidades.
Jovem também estuda versões móveis do Facebook Messenger e Skype.
Lívia
Assad passou em segundo lugar em mestrado na Universidade Federal
Fluminense (UFF) com projeto sobre WhatsApp (Foto: Arquivo pessoal/
Lívia Assad)
Em julho de 2013, 250 milhões de pessoas utilizavam o WhatsApp,
aplicativo que permite trocar mensagens pelo celular incluindo fotos,
vídeos e áudios sem pagar por SMS. Sete meses depois, o número de
usuários já tinha aumentado para 450 milhões.
A rapidez com que o aplicativo se difundiu superou o crescimento do
Facebook, fazendo com que Mark Zuckerberg, presidente e co-fundador da
rede social, comprasse o WhatsApp por US$ 16 bilhões.
Atenta à propagação do software e de todas as mudanças sociais que ele
tem provocado desde a sua criação em 2009, a jornalista Lívia Assad de
Moraes decidiu estudar o programa.
Número de usuários do WhatsApp quase duplicou
de julho de 2013 para fevereiro de 2014
(Foto: TV Globo)
Com o projeto "Identidades móveis: sociabilidade e mediações
tecnológicas na era da comunicação instantânea", ela passou em segundo
lugar na turma de pós-graduação em Cultura e Territorialidades da
Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, Região Metropolitana
do Rio — em turma anterior no mesmo mestrado, a aluna Mariana Gomes
passou em segundo lugar com o projeto baseado na cantora Valesca Popozuda.de julho de 2013 para fevereiro de 2014
(Foto: TV Globo)
Em seu trabalho de pesquisa, Lívia Assad utiliza, além do WhatsApp, outros dois programas: o Facebook Messenger - versão para celulares - e o Skype móvel - também na versão mobile.
Aplicativo WhatsApp tem versões para iPhone,
Android, BlackBerry, Windows Phone e
dispositivos Nokia (Foto: Divulgação/WhatsApp)
"A popularização muito rápida desses aplicativos gerou uma necessidade
de estudar o que eles modificam na vida dos usuários. Parto do
pressuposto de que servem para mudar as formas de sociabilidade,
convívio, trocas de experiência e de comunicação. São softwares que se
diferem de formas tradicionais, até mesmo do MSN, que usávamos no
computador, do SMS, das ligações, porque essas novas mídias têm a
velocidade como diferença. As pessoas estão conectadas o tempo inteiro
independente de sua localização física", explicou Lívia, acrescentando
que encontrou uma pesquisa cujo resultado aponta que 72% dos usuários do
WhatsApp acessam o programa ao menos uma vez ao dia.Android, BlackBerry, Windows Phone e
dispositivos Nokia (Foto: Divulgação/WhatsApp)
Lívia observa a questão da sociabilidade a partir da "forma ultra veloz desta tecnologia que altera o lazer, os hábitos culturais, os costumes e a vida escolar dos usuários". A estudante também investiga o conceito de territorialidade sob a perspectiva da utilização do software, analisando a possibilidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo - o espaço real e o espaço virtual. "Observo a relação desses usuários com o espaço físico e o que é estar presente. As pessoas podem estar em um lugar conectadas a outra realidade [simultaneamente]", detalhou.
Aplicativo WhatsApp (Foto: Divulgação/WhatsApp)
É o caso do corretor de seguros Carlos Eduardo da Veiga Cabral, de 29
anos. Ele, que se diz um "viciado em WhatsApp", utiliza a ferramenta
desde 2011 e garante que às vezes fica em "dois lugares ao mesmo tempo".
"Dá para dividir a atenção na maioria das vezes. Quando o assunto fica
interessante no WhatsApp, me concentro ali", disse ele que diminuiu o
número de ligações telefônicas desde que baixou o aplicativo, por conta
da gratuidade e porque pode selecionar com quem falar em determinado
momento.
José Guilherme Fuks utiliza o aplicativo na reforma
do seu apartamento (Foto: Isabela Marinho/G1)
José Guilherme Fuks acabou de reformar o seu apartamento. Ele utilizou o WhatsApp
para entrar em contato com prestadores de serviços. O agendamento da
instalação da persiana, o diálogo com a empresa do ar condicionado e até
o contato com o porteiro do edifício - que o avisa quando as
correspondências chegam - estão no aplicativo do corretor de imóveis.do seu apartamento (Foto: Isabela Marinho/G1)
"É muito bom, me ajuda muito. Mando as fotos da reforma para quem tem interesse no apartamento. Compartilho os links com os móveis - como o sofá que comprei pela internet - com amigos. Uso com cuidado para não ser invasivo, mas é ótimo", disse.
Para a pesquisadora, os aplicativos de mensagem instantânea para celulares contribuem para diminuir a importância da localização física e geográfica fazendo com que o estar presente deixa de se limitar ao estar presente fisicamente.
Outro ponto levantado pela pesquisa é a reconfiguração dos laços entre as pessoas. "Você passa a ter um contato, às vezes, mais frequente com alguém. Pode falar com a pessoa todos os dias e vê-la raramente. Mas o que vou investigar é se a profundidade é a mesma do contato face a face", contou Lívia ao G1.
Vivian Velloso disse que aplicativo ajudou a se
reaproximar de amigos antigos
(Foto: Arquivo Pessoal/ Vivian Velloso)
A estudante de biologia Vivian Velloso, de 27 anos, utiliza o programa
há aproximadamente um ano e relatou que ele serviu para reaproximá-la de
amigos antigos e manter os novos. "Abriu um leque de pessoas. Depois
que comecei a usar, ficou mais fácil combinar, conversar com meus
amigos. Deu uma proximidade dos que estavam muito longe, fora que ficou
muito mais barato falar com qualquer um via WhatsApp".reaproximar de amigos antigos
(Foto: Arquivo Pessoal/ Vivian Velloso)
A autora do projeto disse ainda que desde quando o escreveu - há nove meses - até ingressar no mestrado - em março deste ano, muita coisa mudou. “A gente está falando de coisas que se modificam o tempo inteiro. O quadro está muito complexo desde que comecei. É um avanço muito rápido que a academia precisa estar atenta, porque isso com certeza traz interferências no modo de se relacionar”, concluiu Lívia Assad.
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