Piso foi instalado na Avenida Monsenhor Tabosa, recém-inaugurada.
Arquiteta diz que o piso leva o deficiente para ''outra guia'', a das fachadas.
Trecho do piso tátil acaba em lixeira (Foto: Thiago Conrado/G1)
A TV Verdes Mares caminhou pela via com o sócio fundador da Associação dos Cegos Cearenses, Airton Falcão. Para ele, a acessibilidade não está garantida. Deficiente visual, ele explica que na calçada existe somente um piso de alerta, ou seja, que indica obstáculos no caminho e não há piso de direcionamento. "O deficiente visual não anda em linha reta. Com o piso direcional a gente pode andar e saber que não tem nenhum obstáculo pela frente", disse ele. "Como vou chegar até o piso de alerta se não tem nada que me leve até ele?", diz Falcão.
Ao caminhar pela avenida cuja obra durou oito meses e custou R$ 5,9 milhões, Falcão teve dificuldade de passar perto de jarros de plantas, lixeiras e paredes, entre outros objetos. Uma dificuldade compartilhada por outros deficientes visuais. Segundo a vendedora Francisca Célia, que trabalha no local, é comum ver deficientes visuais com problemas na via. ''Há poucos dias eu presenciei uma pessoa com deficiência visual tendo dificuldades aqui, uma pessoa teve que orientar para ela não bater na lixeira'', diz.
O mototaxista Francisco Maciel trabalha há 10 anos na Avenida Monsenhor Tabosa disse acreditar que o piso tátil precisa de correção. "Vi um deficiente visual que quase se chocou com um objeto aqui na calçada. Se não fosse a ajuda que ele recebeu, poderia ter se machucado'', afirmou. "Como é que eu vou chegar até o piso de alerta se não tem nada que me leve até ele?", explica Falcão. "não tem acessibilidade".
Redes Sociais
Acreditando se tratar de um erro e que eles poderiam ocasionar acidentes entre os deficientes visuais, pois conduziam para postes e árvores, muitas pessoas fotografaram e denunciaram o caso nas redes sociais.
Imagem
com críticas ao piso tátil da Av. Monsenhor Tabosa foi compartilhada
mais de 1000 vezes no Facebook (Foto: Ihvna Chacon/Arquivo pessoal)
A arquiteta da Secretaria de Turismo de Fortaleza, Mariana Gomes,
afirma que "o piso foi instalado na norma 9050 de acessibilidade que
está em constante revisão e interpretação". No que se refere aos
deficientes visuais, a arquiteta afirma que a lei pede para garantir um
"caminho seguro" e, segundo ela, na Monsenhor Tabosa, o que foi feito
foi encaminhar o deficiente para uma outra guia. "No caso, são as
fachadas das edificações", explicou, acrescentando, "você ver o pisó
tátil levando as edificações e isso pode ser um pouco confuso, mas é que
a fachada serve como um balizamento". "É uma questão de
reinterpretação", afirmou.
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