Prefeito ACM Neto: demora sem justificativa para escolher candidato ao governo
Pode-se dizer que ACM Neto (DEM) conquistou a Prefeitura de Salvador em
2012 e sagrou-se líder das oposições na Bahia desde aquele momento por
méritos absolutamente próprios. O processo que resultou em sua escolha
para candidato foi conduzido por ele mesmo vencendo diversas
adversidades, além de adversários no campo da situação e da própria
oposição, onde em alguns setores sua candidatura era vista negativamente
como resultante de uma vontade de poder excessiva que desconsiderava um
elemento extremamente favorável a ele no presente e no futuro: a pouca
idade, capaz de fazer com que esperasse “tempo melhor” para enfrentar
uma eleição majoritária.
Não era assim que o democrata interpretava o momento. Daí que forçou a
barra, lançou-se candidato pelo seu partido e viabilizou-se
eleitoralmente com a ajuda apenas do PSDB e do PV, logo no primeiro
turno e, depois, no segundo, quando juntou-se à sua campanha uma parte
do PMDB, já que o partido o apoiou naquele momento sem o seu
ex-candidato Mário Kertész, que optou por marchar na direção do
candidato do PT. Desta forma, Neto forjava a primeira imagem, de
liderança visionária e hábil, além de vencedora, à qual tem agora, no
curso da sua primeira experiência no executivo, anexado outra, de
gestor-revelação.
O sucesso, primeiro na eleição e, depois, na administração, que nem
sempre andam de mãos dadas, como a política da Bahia lamentavelmente
está sendo pródiga em mostrar, foi sem dúvida a razão porque os partidos
que acompanham a até aqui incomparável trajetória do prefeito decidiram
delegar-lhe a tarefa de conduzir o processo de escolha do candidato das
oposições ao governo. Ocorre que não se pode ser bom em tudo,
principalmente ao mesmo tempo. Sem motivo que se consiga justificar, o
prefeito resolveu postergar tanto a escolha que agora, a menos que
consiga emergir do processo com o trunfo da unidade nas mãos, poderá ter
sua imagem arranhada.
Afinal, a demora só fez aprofundar a rivalidade entre os grupos de Paulo
Souto (DEM) e Geddel Vieira Lima (PMDB), acirrando a condição de
adversários de ambos e
conduzindo o processo de disputa a um nível do qual é difícil achar que os dois sairão, pelo menos, unidos, participando um da chapa do outro. Como assinalou um
importante político oposicionista recentemente, em privado, a este colunista, amigos de Souto e Geddel passaram a devotar uma raiva tão grande uns aos outros, nos últimos meses, que deixaram de ver que o inimigo está na outra margem, representado pelo candidato do PT ao governo.
conduzindo o processo de disputa a um nível do qual é difícil achar que os dois sairão, pelo menos, unidos, participando um da chapa do outro. Como assinalou um
importante político oposicionista recentemente, em privado, a este colunista, amigos de Souto e Geddel passaram a devotar uma raiva tão grande uns aos outros, nos últimos meses, que deixaram de ver que o inimigo está na outra margem, representado pelo candidato do PT ao governo.
É verdade que a unidade deixou há muito tempo de ser encarada como
essencial para os oposicionistas, especialmente para os partidários da
candidatura de Souto, o que significa que os democratas não vêem como
condição sine qua non para a vitória em outubro o apoio a ele de Geddel
nem sua participação na chapa soutista na condição de candidato ao
Senado, um dos cenários desenhados no início das conversas que
empreenderam ainda no ano passado. Não há como negar, entretanto, que
juntos, eles integrariam uma chapa verdadeiramente competitiva.
Boas idéias
Secretário de Turismo de ACM Neto, Guilherme Bellintani prometeu
contratar uma funcionária da secretaria estadual de Turismo com fama de
competente trocada por Jaques Wagner pelo filho de um deputado
governista cujo currículo fora, exclusivamente, o sobrenome. Mas quem
deveria contratar Bellintani era Wagner. Assim, pouparia seus assessores
de o levarem a criticar para depois copiar as boas idéias do jovem
secretário de ACM Neto relativas a captação de recursos privados para
ajudar a financiar a combalida máquina pública.
* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.
BLOG ARI RODRIGUES
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