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Profissionais alertam sobre a importância de acompanhar o nascimento dos primeiros dentes
Após uma década de Brasil Sorridente, programa do Ministério da Saúde
com investimentos em serviços públicos de odontologia, a saúde bucal
brasileira melhorou. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal de 2010,
que concentra as informações mais recentes sobre o tema, mostram que o
país deixou de ter incidência média de cáries e agora tem baixa
incidência do problema.
Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que 18% das crianças de 12 anos nunca
foram a um dentista. Essa idade é usada como referência porque
representa o começo da dentição permanente. Além disso, a última
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE que abordou o tema, a
de 2008, aponta que 52% das crianças de 0 a 9 anos (17,2 milhões) não
conhecem um consultório dentário."Não há
dúvidas de que o programa trouxe um avanço considerável para a saúde
bucal brasileira, mas há pontos que temos muito para avançar", afirma
Silvio Cecchetto, presidente da ABCD (Associação Brasileira de
Cirurgiões-Dentistas).
Segundo ele, o cuidado com os dentes de leite é muito importante nesse
trabalho. "Eles orientam o crescimento dos permanentes. Por isso, é
fundamental o acompanhamento com um dentista na infância", explica.
Mais dentes
O Brasil Sorridente foi lançado em 2004 e, segundo o governo federal,
fez saltar o investimento em saúde bucal de R$ 56 milhões, em 2003, para
R$ 1 bilhão em 2013, concentrados nos Centros de Especialidade
Odontológica, nos Laboratórios de Próteses Dentárias e nas equipes de
saúde bucal.
O ministério também diz que multiplicou por cinco o número dessas
equipes --que trabalham integradas às equipes do Programa Saúde da
Família-- de 4,2 mil em 2003 para mais de 23 mil em 2014. Agora, elas
estão em 85% dos municípios brasileiros (eram 41% antes do programa).
O governo credita a essas ações os avanços identificados na pesquisa de
saúde bucal. Em 2010, 44% das crianças de 12 anos estavam livres das
cáries, sendo que esse percentual chegava a 31% em 2003.
Outro ponto positivo é que o índice CPO (que calcula o número de dentes
cariados, perdidos ou obturados por cada habitante do país) caiu de 2,8
para 2,1 no mesmo período, também para crianças de 12 anos. Isso
posiciona o Brasil no grupo de países com baixa incidência de cáries,
segundo a Organização Mundial da Saúde.
"Estamos em uma evolução crescente, mas devemos reconhecer que ainda
temos muita carência de atendimento em nosso país", diz Helvécio
Magalhães, secretário de Atenção à Saúde do ministério, referindo-se ao
grande número de crianças sem acesso a dentistas.
Ele afirma que, para o país continuar esse avanço, é preciso investir
em duas frentes: usar o espaço da escola na educação e prevenção
dentária e aumentar o acesso.
Para isso, o ministério lançou uma portaria no fim do ano passado para
que todas as clínicas odontológicas das faculdades públicas de
odontologia sejam credenciadas ao SUS (Sistema Único de Saúde). Isso,
segundo Magalhães, vai aumentar o número de dentistas atendendo na saúde
pública.
"A criança que tem oportunidade de ir a um dentista tem acesso a
informações sobre equilíbrio na alimentação e escovação. A prevenção
assegura a dentição saudável durante toda a vida", pontua Silvio
Cecchetto.
Terra de dentistas
Como mostrou matéria da Folha de S.Paulo de 2013 , o Brasil concentra
20% de todos os dentistas do mundo, segundo o estudo "Demografia Médica
no Brasil", produzido em 2013 pelo Conselho Federal de Medicina. Mas
a distribuição dos dentistas pelo país é desigual. Três Estados (SP, MG
e RJ) concentram quase 60% de todos os profissionais.
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