Uma semana depois de prometer
maior austeridade neste ano eleitoral, o governo Dilma Rousseff divulgou ontem
uma disparada de gastos em janeiro. Impulsionadas por pagamentos
atrasados de 2013, as despesas federais com pessoal, programas sociais, custeio
administrativo e investimentos tiveram alta de 19,5% e chegaram a R$ 90,1
bilhões.
Em consequência, o saldo das
contas do Tesouro Nacional --a diferença entre as receitas e os gastos --caiu
pela metade, de R$ 26,3 bilhões em janeiro de 2013 para R$ 13 bilhões no mês
retrasado. Considerados os resultados de
Estados, municípios e estatais, a poupança do setor público caiu, na mesma base
de comparação, de R$ 30,3 bilhões para R$ 19,9 bilhões.
Os dados desagradaram aos
investidores e contribuíram para a queda da Bolsa de Valores e a alta do
dólar. O mercado financeiro acompanha mais de perto o impacto
dos gastos do governo na inflação e no crescimento da dívida pública.
Conforme as metas anunciadas na
semana passada, o Tesouro Nacional deverá fazer uma poupança de R$ 80,8
bilhões
até o final do ano, acima dos R$ 75,3 bilhões do ano passado --só
obtidos,
aliás, com o adiamento de gastos de dezembro para janeiro.
O objetivo é manter o saldo das
contas do governo --que influencia a expansão da dívida pública e a inflação--
estável como proporção do Produto Interno Bruto, ou seja, proporcional às
dimensões da economia nacional. O resultado de janeiro mostra
como será difícil atingir os resultados prometidos. Normalmente, trata-se do
mês de maior superavit no ano, em razão do calendário da arrecadação de
tributos.
Em 2013, o saldo de janeiro
representou um terço do total obtido no ano; já o do mês retrasado equivale a
um quinto da meta a ser cumprida até dezembro. O secretário do Tesouro Nacional,
Arno Augustin, minimizou a importância da piora dos números de janeiro, que
atribuiu a fatores atípicos, sem caracterizar uma tendência. Segundo ele, o
saldo de fevereiro será positivo, enquanto o do mesmo período de 2013 foi
negativo.
CETICISMO
Mesmo com ressalvas semelhantes,
analistas consideraram os resultados ruins e mostraram ceticismo quanto ao
cumprimento da meta fiscal para o setor público, equivalente a 1,9% do PIB
(Produto Interno Bruto), mesmo percentual obtido em 2013. Para a consultoria Rosenberg
Associados, a "esbórnia" nas contas públicas de 2013 ainda causa
significativo impacto em 2014. A empresa manteve sua projeção de superavit em 1,5%
do PIB. O Itaú Unibanco trabalha com uma projeção ainda mais modesta, de 1,3%
do produto(Folha de São Paulo)
BLOG DO CORONEL
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