Contraponto Edição 2010 de 12 a 18 de janeiro de 2014 Irapuan Costa Junior O petismo contribuiu para o marxismo com outra experiência fracassada: o capitalismo na vanguarda do proletariado. Se a ideologia é torta, erra sempre. A cúpula petista, com sua visão estatizante, e que confunde Estado e partido, resistiu o quando pôde à privatização dos serviços de infraestrutura. Diante da verdade inegável de que os “companheiros” encarregados dos portos, aeroportos e rodovias não davam conta do recado, e estavam prestes a dar vexame internacional na Copa do Mundo, capitulou e privatizou, embora envergonhada. Aplacou a consciência, chamando de concessões as privatizações. Menos mal, embora exista a dúvida de que a providência tenha sido tomada a tempo. Joseph Blatter, o cartola maior, presidente da Fifa, declarou, na semana passada, que o Brasil, embora tivesse mais folga, desde o início, que os demais países que abrigaram a Copa do Mundo, era o mais atrasado com suas obras. Só mesmo ao final dos jogos poderemos saber se o nosso desempenho, no acolher esses jogos, foi razoável, do ponto de vista da organização. Do ponto de vista financeiro, a ideia imposta por Lula, de trazer Copa e Olimpíada, trará um dispêndio ao país que é, no mínimo, discutível. Educação, saúde, segurança e a própria infraestrutura pedem cada tostão disponível, e construir estádios de luxo e obras de apoio para eventos internacionais já foi entendido, pela sociedade, como algo supérfluo e impróprio. E há a questão moral das obras superfaturadas, sempre tocadas pelas empresas ligadas ao petismo (a Lula, principalmente) e da corrupção dos cartolas, já conhecedores dos canais por onde boa parte das verbas sai para destinos ocultos. Outra medida petista, ideológica, errada e desastrada, foi a de misturar Estado e capitalismo privado. O BNDES, de maneira prepotente, resolveu bancar quem deveria ser grande capitalista no Brasil. Seguia o ditame esquerdista, de que tudo compete ao Estado, e quem guia o Estado é o Partido, e criava uma esdrúxula mistura de estatismo de esquerda e capitalismo. Nas transferências de grandes quantias para ditaduras e semi-ditaduras fazerem obras, indicaram-se as empreiteiras mais ligadas a Lula e ao PT para executarem essas obras. O resultado é que as ditaduras não pagarão os empréstimos, mas ficarão com as obras. E as empreiteiras, de quem Lula é lobista, ganham seu quinhão. Não admira que paguem a ele fortuna por palestras mundo afora, palestras sem substância, mas com muita jactância, embora sejam até divertidas. Mas isso não é o pior. As empreiteiras, ao menos, são já grandes empresas, crescidas pela competência. Não são invenções petistas. O pior são os empresários que o partido resolveu tornar grandes, já que eram “companheiros”. O BNDES foi com eles de uma prodigalidade inimaginável. O diálogo era em termos não de milhões, mas de bilhões. Um deles, Eike Batista, identificado naturalmente com Lula, pois ambos vivem de vender ilusões, desintegrou-se, e desintegrou também as verbas que recebeu do BNDES. Prejuízo nosso. O frigorífico Marfrig, dizem, segue na mesmíssima trilha. Não deve durar muito. E dará também um grande calote no BNDES. Mais prejuízo para nós. E não é preciso muita perspicácia para ver que a coisa não para aí, e que há outros “empresários companheiros” esperando a vez. E faltam recursos para educação, saúde, segurança. O petismo contribuiu para o marxismo com outra experiência fracassada: o capitalismo na vanguarda do proletariado. VERDADE SUFOCADA |
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Petismo cria capitalismo na vanguarda do proletariado
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário