Ah, essa maldita “imprensa de oposição”, não é mesmo? Ou: Eles querem é censura
Delinquentes
intelectuais e morais — alguns deles disfarçados de jornalistas,
financiados com dinheiro público — resolveram censurar a Folha e a
VEJA.com por terem divulgado, respectivamente, os vídeos com os
decapitados de Pedrinhas e o incêndio do ônibus em São Luís, em que a
menina Ana Clara aparece com o corpo em chamas.
A
divulgação seria, sustentam esses delinquentes, coisa típica de
jornalismo sensacionalista, de uma “mídia” (como eles dizem)
comprometida com a agenda da oposição.
Que bando!
Se essa gente chegar a ter o poder que almeja, o DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda) do ditador Getúlio Vargas será fichinha; a
censura havida durante o regime militar será brincadeira de criança.
O PT que
sempre contou com a liberdade de imprensa, quando era oposição, para
veicular mesmo as suas denúncias infundadas acha que, agora, os fatos
atrapalham a história, entendem?
Sim, é
verdade. Não fosse a divulgação dos dois vídeos, é bem possível que o
Brasil não tivesse se dado conta da gravidade do problema. Até porque,
em 2011, 14 foram decapitados no mesmo complexo de Pedrinhas. E ninguém
deu bola.
Os vídeos
têm de ser exibidos simplesmente porque aquelas coisas aconteceram. De
fato, há similaridade entre a imagem do corpo da menina Ana Clara em
chamas e a foto (no alto) da então garota vietnamita Kim Phuc (de
autoria de Huynh Cong “Nick” Ut), que corre nua depois de sua aldeia ter
sido atacada com napalm pelas forças americanas, em 1972.
Todos
sabiam dos horrores da Guerra do Vietnã. Faltava um emblema. Todos
sabiam da tragédia do Maranhão. Faltava conferir ao ocorrido a sua
trágica humanidade.
Se os
petistas pudessem impedir, no entanto, nada disso viria a público — não
enquanto o partido estivesse no poder ao menos. A realidade atrapalha a
mística e a mistificação petistas. Os valentes acham que o compromisso
com os fatos transforma a “mídia” em força de oposição.
Eles
gostam é do subjornalismo de situação, financiado por estatais — o que,
parece-me, caracteriza uma variante do peculato, já que se trata de se
apropriar de dinheiro público a serviço dos interesses particulares de
um grupo. Não passarão!
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