MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Calma dos sapateiros contrasta com a correria no Centro de Aracaju


Profissionais adotaram travessa como ponto de serviço há anos.
Amizades, horários flexíveis e dinheiro são atrativos para a atividade.

Marina Fontenele Do G1 SE

Adão já trabalhou em vários setores do mesmo ramo, mas pretende se aposentar como sapateiro (Foto: Marina Fontenele/G1)Adão já trabalhou em vários setores do ramo, mas pretende se aposentar como sapateiro
(Foto: Marina Fontenele/G1)
Na correria do dia a dia muitas pessoas que passam pelo Centro de Aracaju, em Sergipe, sequer notam a presença dos sapateiros que com suas bancas trabalharam sob o sol ou a chuva principalmente na calçada lateral ao Edifício Governo de Sergipe, popularmente conhecido como o prédio Maria Feliciana. Cerca de 15 profissionais tornaram o local seu ponto para ganhar o sustento da família, alguns estão lá há tanto tempo que se confundem na contagem de anos.

Antes de se tornar sapateiro, Manoel Alex Souza, 32 anos, trabalhava como servente e pedreiro. Ele começou no novo ofício como ajudante dos profissionais mais experientes. Para ele, fazer amizades, criar a própria rotina de trabalho e poder levar um pouco de dinheiro para casa todos os dias são as principais vantagens da atividade que ele aprendeu há dez anos.
Para Manoel, fazer amizades e levar um dinheiro para casa todos os dias são vantagens (Foto: Marina Fontenele/G1)Para Manoel, fazer amizades e levar dinheiro para casa todos os dias são vantagens
(Foto: Marina Fontenele/G1)
“Eu fiquei desempregado e precisava arrumar algum trabalho porque estava com uma filha pequena em casa. O pessoal daqui me ajudou muito e quando eu aprendi o serviço uma cliente me emprestou dinheiro para eu comprar a minha própria banca. Essa pessoa me ajudou tanto e ainda hoje eu não pude pagar. Até o presente de Natal essa senhora, que me ajudou há anos, continua trazendo”, relata Manoel.
Concentrados, os sapateiros manuseiam agulhas, alicates e máquinas de costura que mais parecem objetos de antiquários. Elas são semelhantes as que Adão Rocha Santana, 52 anos, utilizava quando se tornou sapateiro há 25 anos.
“Sempre trabalhei nesse setor, já tive uma sapataria em Maceió e quando era mais jovem trabalhei em uma fábrica. É daqui que tiro cerca de R$ 2 mil por mês para sustentar sete filhos e onde pretendo me aposentar daqui a oito anos, pois contribuo com a previdência privada”, afirma Adão.
Calma e precisão são necessários para o reparo ficar imperceptível (Foto: Marina Fontenele/G1)Calma e precisão são necessários para o reparo ficar imperceptível (Foto: Marina Fontenele/G1)
Novo de novo
Trocar salto de sandálias femininas e colar tênis são os mais solicitados, mas entre os cerca de 20 reparos feitos por cada profissional diariamente ainda estão a substituição da sola, de zíper, pintura, costura de arreio para cavalos, furo extra em cintos e até melhorias em cadeiras de praia. Os preços variam entre R$ 8 e R$ 50.
A estudante Amanda Cristine Silva Santos, 17 anos, aproveitou o dia de folga para trocar o zíper da mochila que ainda com pouco uso já apresentou problemas. Com um investimento de R$ 10 e menos de dez minutos ela pode voltar com o material pronto para ser usado novamente.
O melhor mês para o setor é julho, após os festejos juninos quando muita gente literalmente ‘arrasta o pé’ no forró. “Apesar disso, tenho notado a diminuição da procura pelos consertos ao longo dos anos porque hoje em dia é muito fácil comprar um calçado novo, dá para dividir no cartão. Muita gente prefere comprar a mandar fazer o reparo, que nós fazemos da melhor forma, sem deixá-lo aparente”, destaca Adão.
Arali levou a sandália nova para fazer um ajuste no sapateiro (Foto: Marina Fontenele/G1)Arali levou a sandália nova para fazer um ajuste no sapateiro (Foto: Marina Fontenele/G1)
A servidora pública Arali Fontes comprou uma sandália por R$ 140 e saiu direto da loja para o sapateiro para apertar as tiras da sandália. “Tenho o hábito de trazer meus calçados para o sapateiro para ele consertar e desta vez trouxe um novo para ele ‘dar um jeitinho’ e ficar melhor na perna”, afirma. Em Aracaju, cerca de 200 sapateiros desempenham a função na região central e também em diversos bairros da capital.

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